O primeiro projeto de globalismo humano registrado na Bíblia ocorreu em Babel. Embora originalmente o homem tenha sido criado por Deus para viver em unidade cumprindo a ordem de povoar o planeta e glorificar o Criador globalmente, o pecado corrompeu a criação e trouxe uma visão de globalismo motivada por desejos pecaminosos.
Tão logo depois da Queda do homem a Bíblia relata o surgimento das primeiras cidades – curiosamente entre a linhagem de Caim. Com o tempo, a linhagem piedosa de Sete que guardava o culto a Deus também acabou se misturando com a linhagem perversa de Caim, resultando numa degeneração global e insustentável da raça humana que resultou no juízo de Deus por meio do dilúvio. E foi depois do dilúvio que o primeiro projeto de globalismo da história humana mais específico teve início.
O primeiro projeto de globalismo depois do dilúvio
O dilúvio enviando por Deus provocou um reinício da sociedade humana. Somente Noé e sua família foram poupados da inundação global. Depois, o Senhor ordenou à família de Noé que fosse fértil e se multiplicasse e povoasse a terra. Essa bênção do Senhor era também uma ordem para que os descendentes de Noé se espalhassem por toda a terra desenvolvendo a sociedade humana (Gênesis 9:7).
Noé teve três filhos: Sem, Jafé e Cam. Eles foram os precursores de todos os povos e nações que na sequência da história acabaram povoando toda a terra. Mas antes, novamente foi preciso uma intervenção direta de Deus. Isso porque novamente os homens resolveram desobedecerem ao Senhor.
A Bíblia diz que saindo os homens do Oriente, eles encontraram uma planície em Sinear e se fixaram ali. Esse foi o início da cidade de Babel que ficou famosa por ter sido o primeiro projeto de globalismo. Em Babel os descendentes de Noé desobedeceram a ordem de Deus para se espalharem pela terra, e procuraram se aglomerar sob a ilusão de uma cidade fortificada. Então os primeiros habitantes daquela cidade começaram um empreendimento ambicioso: a Torre de Babel.
Uma torre como símbolo do globalismo pecaminoso do homem
Naquele tempo havia uma só língua global. Com todas as pessoas falando o mesmo idioma, o início da construção da Torre de Babel foi facilitado. Então a raça humana unida em Babel é um símbolo claro da perversão global motivada pelo pecado. Os homens trabalharam em equipe e formaram uma unidade. Mas eles não tinham um propósito correto.
Podemos notar três características claras do projeto de globalismo daquela sociedade (Gênesis 11:4). Em primeiro lugar, eles queriam construir uma torre cujo topo alcançasse os céus. Aqui mais uma vez vemos o orgulho do homem lavando-o a desejar a estar, no mínimo, no mesmo nível de Deus. Aqui nos lembramos do primeiro casal que comeu do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal porque queria ser “como Deus” (Gênesis 3:5).
Em segundo lugar, o objetivo da construção daquela torre era fazer famoso o nome de seus construtores. Isso significa que aquela construção era um monumento ao orgulho humano. Consequentemente, em terceiro lugar, ao querer que seus nomes fossem perpetuados pelo sucesso daquele empreendimento, aquelas pessoas também estavam desejando ser celebradas por desobedecer a ordem de Deus. Poderosos e reconhecidos, eles pensavam que não seriam espalhados pela terra.
O primeiro projeto de globalismo e a providência divina
A Bíblia mostra que o primeiro projeto de globalismo humano em Babel fracassou. Deus quebrou a unidade da comunicação linguística da humanidade, resultando na divisão da raça humana em diferentes povos e nações (Gênesis 11:9).
Dentre os povos que surgiram depois daquele projeto de globalismo frustrado, Deus escolheu um para ser aquele que receberia Sua revelação especial e através do qual o Messias haveria de vir ao mundo. Deus preservou e conduziu esse povo escolhido de forma maravilhosa ao longo dos tempos.
Contudo, a humanidade continuou buscando o globalismo. Assim surgiram os grandes impérios da história que tentaram impor à força um projeto de globalização. Mas enquanto esses grandes impérios tentavam se estabelecer da forma mais globalizada possível, Deus estava providencialmente conduzindo a história e, inclusive, usando esses impérios para a realização de Seu plano.
Quando o Império Romano surgiu do que tinha sobrado dos antigos impérios Grego, Persa e Babilônico, houve um nível de globalização da humanidade sem precedente. Naquele tempo o idioma grego já havia se tornado o principal idioma do mundo; as rotas comerciais também estavam bem estabelecidas e havia grande diversidade e comunicação entre os povos.
Tudo isso convergia no plano de Deus para enviar o Seu Filho ao mundo. Nesse sentido, vemos como cada detalhe daquele contexto havia sido preparado por Deus para conduzir o Sua Igreja para além dos limites de uma nação e se tornar uma Igreja globalizada, ou seja, formada por pessoas de todos os povos, línguas, tribos e nações (cf. Mateus 28:18-20; cf. Apocalipse 5:9).
Um projeto de globalismo perfeito
Uma das principais características do pecado é pegar algo bom e corrompê-lo a ponto de se tornar contrário ao mandamento do Senhor. O pecado faz isso em várias áreas da vida humana. A questão do globalismo também se enquadra nessa realidade.
A ideia de haver uma sociedade globalizada não deveria ser essencialmente má, visto que Deus criou o homem para viver em sociedade e na unidade da criação glorificá-lo em todas as coisas. Mas por causa do pecado, as motivações que nutrem as ideias humanas de globalismo são pecaminosas. No geral, os homens costumam se unir não para reconhecer a grandeza e a providência de Deus, mas para alimentar sua própria ganância e cobiça e afrontar o Senhor.
A globalização econômica, por exemplo, não visa em primeiro lugar o estabelecimento de uma economia global sólida, equilibrada e justa a todos os povos, de modo a glorificar a Deus ao suprir a carência dos mais necessitados. Antes, seu principal objetivo é trazer lucro a qualquer custo – mesmo que isso resulte na miséria de famílias de diversas partes do mundo e mergulhe nações inteiras em resseções profundas.
O primeiro projeto de globalismo humano falhou; bem como todos os outros posteriores a ele de algum modo também falharam ou ainda falharão. Mas o Deus Todo-Poderoso que governa todas as coisas conduz a história para o seu desfecho final que resultará numa visão correta e perfeita de globalismo.
Então haverá o dia em que o propósito de Deus para um mundo globalizado será plenamente cumprido. Assim, todo joelho terá de se dobrar e toda língua terá de confessar que Jesus Cristo é o Senhor, para a glória de Deus Pai (Filipenses 2:11; cf. Romanos 14:11).
No novo céu e nova terra, crentes de todos os povos, línguas e nações viverão unidos na presença de Deus. A Nova Jerusalém, em toda sua plenitude, será o lar da humanidade redimida em toda sua diversidade cultural, mas unida, num globalismo perfeito diante do Cordeiro (Apocalipse 21:24).