O Que é a Chuva Serôdia e a Chuva Temporã?
Chuva serôdia e chuva temporã são expressões bíblicas que designam os períodos chuvosos na Palestina. A chuva temporã significa o período chuvoso que ocorre no outono. Já a chuva serôdia significa o período chuvoso que ocorre na primavera.
A expressão “chuva temporã” traduz o hebraico moreh yoreh, indicando as chuvas precoces. Já a expressão “chuva serôdia” traduz o hebraico malqosh e transmite o significado de “chuva da primavera” ou “últimas chuvas”.
Algumas traduções bíblicas também usam as expressões “chuva temporã” e “chuva serôdia” para traduzir os termos gregos proimos e opsimos em Tiago 5:7. Outras simplesmente traduzem esses termos como “as primeiras e as últimas chuvas”.
A chuva serôdia e a chuva temporã, bem como qualquer outra condição climática e atmosférica, são controladas por Deus. A Bíblia diz que Ele é quem envia ou retém a chuva (Levítico 26:4; Salmo 147:8).
A importância das chuvas temporã e serôdia
A chuva temporã e a chuva serôdia aparecem em repetidas referências bíblicas. Essas referências enfatizam o caráter crucial de cada uma delas para a agricultura. Através de Moisés, Deus disse aos israelitas: “Então darei a chuva da vossa terra a seu tempo, a temporã e a serôdia, para que recolhais o vosso grão, e o vosso mosto e o vosso azeite” (Deuteronômio 11:14).
Mais tarde, o profeta Jeremias repreendeu o povo por não dizer em seu coração: “Temamos agora ao Senhor nosso Deus, que dá chuva, a temporã e a serôdia, ao seu tempo; e nos conserva as semanas determinadas da sega” (Jeremias 5:24).
A chuva temporã que cai no outono, especialmente no final de outubro, prepara o terreno para ser lavrado e semeado. Ela também é responsável por irrigar os campos recém-semeados. Já a chuva serôdia que cai na primavera, principalmente entre março e maio, é fundamental para fazer com que o grão cresça e produza uma boa colheita (Oseias 6:3; Zacarias 10:1).
Se na ausência da chuva temporã o solo fica muito prejudicado, sem a chuva serôdia todo o cultivo fica seriamente ameaçado. Além disso, na região da Palestina a chuva serôdia e a chuva temporã são tão importantes porque entre elas há um verão quente e muito seco.
O uso simbólico da chuva serôdia e da chuva temporã
Algumas passagens bíblicas falam da chuva temporã e da chuva serôdia de forma figurada e simbólica. O escritor de Provérbios, por exemplo, compara a benevolência do rei à nuvem da chuva serôdia que é responsável por prover a umidade necessária para fazer desenvolver as espigas de cereal ao amadurecer (Provérbios 16:15).
Em certos versículos a chuva serôdia e a chuva temporã são lembradas em conexão com as promessas de Deus. Antes de profetizar sobre o derramamento do Espírito Santo nos últimos dias, o profeta Joel diz que Deus haveria de enviar a chuva temporã e a chuva serôdia, como antes (Joel 2:23). Nessa profecia Joel fala sobre a promessa de Deus de renovar a terra e seu povo em resposta ao arrependimento genuíno.
O profeta Oseias também aplicou o conceito da chuva serôdia de forma figurada em sua profecia para falar da confiabilidade de Deus. Ele diz: “Conheçamos e prossigamos em conhecer o Senhor; como a alva, será a sua saída; e Ele a nós virá como a chuva, como a chuva serôdia que rega a terra” (Oseias 6:3).
Já Tiago faz um paralelo entre a espera pelas chuvas temporã e serôdia e a espera pela vinda de Jesus. Ele diz que assim como o agricultor aguarda pacientemente que seus campos recebam a chuva temporã e a chuva serôdia, assim também os crentes verdadeiros devem aguardar com paciência a vinda do Senhor (Tiago 5:1-11).
Interpretação errada sobre a chuva serôdia e a chuva temporã
Também vale saber que a expressão “chuva serôdia” foi usada como identificação de um movimento que surgiu nas primeiras décadas do pentecostalismo. Esse movimento era liderado pelo que dizia ser uma renovação apostólica, e fazia uma interpretação completamente equivocada dos textos bíblicos; especialmente da profecia do capítulo 2 de Joel.
Um dos ensinos principais desse movimento dizia que a “chuva serôdia” seria um futuro derramamento do Espírito sem precedentes, superando, inclusive, o Pentecostes; que para alguns supostamente teria sido a chuva temporã. As denominações pentecostais mais históricas declararam oficialmente esse movimento como herege; apesar disso ainda hoje suas doutrinas influenciam fortemente as práticas presentes no neo-pentecostalismo.