Festas Judaicas e Dias Sagrados do Antigo Testamento
As festas judaicas e os dias sagrados eram períodos de festividades e observância religiosa que representavam importante significado na religião hebraica, isso porque no Antigo Testamento, estes dias e períodos sagrados, foram decretados por Deus ao povo de Israel. A maioria desses períodos sagrados eram baseados em algum evento histórico significativo de Israel.
Essas festas, do hebraico hag (Lv 23:6; Dt 16:16), também eram chamadas de “festas do Senhor” ou “solenidades do Senhor“, em hebraico mo’ade Yahweh (Lv 23:2,4; Nm 15:3). Sabemos que algumas dessas festas judaicas coincidiam com as estações do ano, porém eram completamente diferentes das festas pagãs do Antigo Oriente celebradas nas estações. Enquanto os rituais pagãos eram fundamentados na ideia de que os deuses do panteão se banqueteavam com os homens, as festas bíblicas enfatizavam que as estações eram obra do Criador, como manifestação de sua benignidade para com o homem. Portanto, em tais festas judaicas do Antigo Testamento, o intuito era reconhecer os benefícios concedidos por Deus como o grande provedor de seu povo, além de relembrar o grande favor do Senhor nos atos que Ele mesmo realizou em prol da libertação de seu povo escolhido. Isso fica claro quando entendemos o significado que cada festividade possuía.
Quais são as festas judaicas da Bíblia?
É importante conhecermos as festas judaicas citadas na Bíblia para que possamos compreender da melhor maneira muitas passagens bíblicas que fazem referência a elas. Abaixo, apresentaremos as principais festas judaicas e dias sagrados citados na Bíblia.
Festas judaicas e dias sagrados
Páscoa: celebrada em 14 de Nisã (entre Março e Abril), com o propósito de lembrar a libertação do povo de Israel do Egito. Na ocasião um cordeiro era morto e comido e servido com ervas amargas e pães sem fermento (Êx 12:1-14; Lv 23:5; Jo 2:13).
No mês primeiro, aos catorze do mês, pela tarde, é a páscoa do Senhor.
(Levítico 23:5)
Festa dos Pães Asmos: celebrada entre 15 e 21 de Nisã (entre Março e Abril), com o propósito de lembrar como os israelitas foram tirados por Deus às pressas do Egito. Eram preparados pães sem fermento e reuniões de adoração eram realizadas (Êx 12:15-20; 13:3-10; Lv 23:6-8; Mc 14:1,12).
E aos quinze dias deste mês é a festa dos pães ázimos do Senhor; sete dias comereis pães ázimos.
(Levítico 23:6)
Primícias (ou Primeira Colheita): celebrada em 16 de Nisã (entre Março e Abril), com o propósito de reconhecer que os frutos da terra vinham de Deus e a colheita era fruto de sua benignidade. Na ocasião os primeiros frutos das colheitas eram ofertados (Lv 23:9-14).
Fala aos filhos de Israel, e dize-lhes: Quando houverdes entrado na terra, que vos hei de dar, e fizerdes a sua colheita, então trareis um molho das primícias da vossa sega ao sacerdote.
(Levítico 23:10)
Festa das Semanas (ou Petencostes): celebrada em 6 de Sivã (entre Maio e Junho), com o propósito de mostrar alegria e gratidão a Deus pela colheita obtida. Era realizada cinquenta dias depois da oferta das primícias, e celebrava a colheita do trigo (Êx 23:16; Lv 23:15-21; At 2:1).
Até ao dia seguinte ao sétimo sábado, contareis cinquenta dias; então oferecereis nova oferta de alimentos ao Senhor.
(Levítico 23:16)
Trombetas (Rosh Hashaná ou Ano Novo): celebrado em 1 de Tisri (entre Setembro e Outubro), com o propósito de comemorar o início do ano civil. Esse era um dia de descanso e de fazer ofertas, onde as trombetas e os chifres eram tocados o dia inteiro (Lv 23:23-25; Nm 29:1-6).
Fala aos filhos de Israel, dizendo: No mês sétimo, ao primeiro do mês, tereis descanso, memorial com sonido de trombetas, santa convocação.
(Levítico 23:24)
Dia da Expiação (Yom Kippur): celebrado em 10 Tisri (entre Setembro e Outubro), com o propósito de oferecer sacrifícios pelos pecados dos sacerdotes e do povo e purificar o santuário. Era um dia de descanso e jejum, onde sacrifícios eram oferecidos (Lv 16; 23:26-32; Hb 9:7).
Mas aos dez dias desse sétimo mês será o dia da expiação; tereis santa convocação, e afligireis as vossas almas; e oferecereis oferta queimada ao Senhor.
(Levítico 23:27)
Festa dos Tabernáculos (ou Cabanas): celebrado entre 15 e 21 de Tisri (entre Setembro e Outubro), com o propósito de lembrar a peregrinação do povo de Israel pelo deserto. Consistia numa semana de festa por causa da colheita dos frutos, o povo habitava em cabanas e oferecia sacrifícios (Lv 23:33-36,39-43; Jo 7:2,37).
Fala aos filhos de Israel, dizendo: Aos quinze dias deste mês sétimo será a festa dos tabernáculos ao Senhor por sete dias.
(Levítico 23:34)
Santa Convocação: celebrado em 22 de Tisri (entre Setembro e Outubro), com o propósito de comemorar o encerramento do ciclo de festividades. Era um dia de convocação, descanso e oferta de sacrifícios (Lv 23:36; Nm 29:35-38).
Sete dias oferecereis ofertas queimadas ao Senhor; ao oitavo dia tereis santa convocação, e oferecereis ofertas queimadas ao Senhor; dia de proibição é, nenhum trabalho servil fareis.
(Levítico 23:36)
Festa de Purim: celebrada em 14 e 15 de Adar (entre Fevereiro e Março), com o propósito de comemorar a libertação dos judeus no Tempo de Ester. Era um momento de grande alegria e festividades, e o livro de Ester era lido (Et 9:18-32).
Também os judeus, que se achavam em Susã se ajuntaram nos dias treze e catorze do mesmo; e descansaram no dia quinze, e fizeram, daquele dia, dia de banquetes e de alegria.
(Ester 9:18)
Sábado: celebrado a cada sete dias com o propósito de dar descanso para as pessoas e os animais, afim de que o homem fosse renovado tanto física quanto espiritualmente. Era um dia de descanso a qual ninguém poderia trabalhar (Êx 20:8-11; Lv 23:3; Mt 12:1-14; Hb 4:1-11).
Seis dias trabalho se fará, mas o sétimo dia será o sábado do descanso, santa convocação; nenhum trabalho fareis; sábado do Senhor é em todas as vossas habitações.
(Levítico 23:3)
Lua Nova: celebrado no primeiro dia do mês lunar com o propósito de celebrar o início do mês lunar com festas religiosas. As atividades comerciais também eram suspensas (Nm 10:10; 28:11-15; 1Sm 20:5-20; 2Rs 4:23; Am 8:5).
Semelhantemente, no dia da vossa alegria e nas vossas solenidades, e nos princípios de vossos meses, também tocareis as trombetas sobre os vossos holocaustos, sobre os vossos sacrifícios pacíficos, e vos serão por memorial perante vosso Deus: Eu sou o Senhor vosso Deus.
(Números 10:10)
Ano de Descanso (ou Ano Sabático): celebrado a cada sete anos com o propósito de dar descanso para a terra. Durante o Ano Sabático as terras não eram cultivadas (Êx 23:10-11; Lv 25:1-22; Dt 15:1-18).
Também seis anos semearás tua terra, e recolherás os seus frutos;
Mas ao sétimo a dispensarás e deixarás descansar, para que possam comer os pobres do teu povo, e da sobra comam os animais do campo. Assim farás com a tua vinha e com o teu olival.
(Êxodo 23:10,11)
Ano do Jubileu: celebrado a cada cinquenta anos com o propósito de ajudar os pobres e preservar a ordem social. Ocorria a libertação dos escravos e a devolução das terras aos donos originais (Lv 25:8-11; 27:17-24; Nm 36:4).
E santificareis o ano quinquagésimo, e apregoareis liberdade na terra a todos os seus moradores; ano de jubileu vos será, e tornareis, cada um à sua possessão, e cada um à sua família.
(Levítico 25:10)
Além dessas festividades judaicas citadas no Antigo Testamento, vale lembrar que também havia a festa extrabíblica de Hanukah, conhecida como “Festa das Luzes” ou “Festa da Dedicação” (gr. enkainia) conforme João 10:22. Essa é uma celebração em referência a recuperação e purificação do Templo de Jerusalém por Judas Macabeu, em 164 a.C., após a profanação efetuada por Antíoco IV Epifânio.
E em Jerusalém havia a festa da dedicação, e era inverno.
(João 10:22)
Para melhor compreensão sobre o assunto, é importante também a leitura do nosso texto sobre o calendário judaico.