Estudo Bíblico de Gênesis 15
Gênesis 15 fala sobre a promessa de Deus feita a Abraão de que ele seria o pai de uma grande descendência. O estudo bíblico de Gênesis 15 ainda mostra a aliança Deus com Abraão acerca da possessão da Terra Prometida.
Um esboço bíblico de Gênesis 15 pode ser organizado em duas grandes partes principais. São elas:
- Deus fala com Abraão e lhe promete um filho (Gênesis 15:1-11).
- Deus faz uma aliança com Abraão e promete a posse da Terra Prometida à sua descendência (Gênesis 15:12-21).
O capítulo 15 de Gênesis possui uma importância muito grande para o restante da narrativa bíblica. É em Gênesis 15 que encontramos a mais antiga base bíblica acerca da doutrina da justificação pela fé (Gênesis 15:6).
Além disso, esse capítulo teve um papel fundamental para o povo de Israel. Através de sua narrativa eles puderam aprender sobre a garantia que tinham no que diz respeito à posse da Terra Prometida. Inclusive, Gênesis 15 informa que Deus já havia avisado a Abraão sobre o período de escravidão de seus descendentes no Egito séculos antes de isto acontecer.
Deus fala com Abraão (Gênesis 15:1-4)
Gênesis 15 inicia registrando uma ocasião em que o Senhor falou com Abraão. Conforme o texto bíblico, isto aconteceu pouco depois dos acontecimentos registrados em Gênesis 14; quando Abraão saiu vitorioso da batalha contra a confederação de quatro reis e libertou seu sobrinho Ló do cativeiro inimigo. Ainda em Gênesis 14 Abraão foi abençoado por Melquisedeque e também recusou ficar com os bens de Sodoma recuperados como espólio da batalha que venceu.
No primeiro versículo de Gênesis 15 o escritor bíblico usa a frase “veio a palavra do Senhor a Abraão”. Essa é uma descrição típica nas Escrituras para fazer referência a uma revelação divina a um profeta (ex.: Jeremias 18:1; Ezequiel 6:1; etc.). O mesmo versículo esclarece que Deus falou com Abraão através de uma visão. Nos tempos bíblicos, enquanto as Escrituras estavam sendo produzidas, as visões eram um importante modo de revelação da vontade de Deus.
O que Deus disse a Abraão foi: “Não temas, Abrão, eu sou o teu escudo, e teu galardão será sobremodo grande” (Gênesis 15:1). Essa declaração divina confirma a bênção de Melquisedeque e indica claramente que Abraão contava com a presença, a provisão e a aprovação de Deus. Abraão se recusou em ficar com os bens recuperados de Sodoma, e agora que estava recebendo da parte do Senhor a promessa de um grandioso galardão.
Em resposta à palavra do Senhor, Abraão fez um questionamento acerca de sua descendência. Ele alegou que por não ter filhos, Eliézer, um servo de sua casa, seria seu herdeiro (Gênesis 15:2,3). Naquele tempo um homem rico sem filhos poderia adotar um de seus servos para ser o guardião de seus bens e depois herdá-los após sua morte.
Deus promete um filho a Abraão (Gênesis 15:5-11)
Diante do questionamento de Abraão, o Senhor logo deixou claro que o Eliézer não seria seu herdeiro. Na verdade o herdeiro de Abraão seria um filho de sangue. Foi nesse contexto que Deus disse a Abraão as conhecidas palavras: “Olha para os céus e conta as estrelas, se é que podes”. Deus prometeu que tão incontáveis como as estrelas seriam os descendentes de Abraão (Gênesis 15:5).
O escritor de Gênesis diz que Abraão creu no Senhor, e isso lhe foi imputado para justiça (Gênesis 15:6). Como foi dito, esse versículo serve como a primeira revelação de que a justificação é pela fé e não pelas obras. Abraão creu na promessa do Senhor de que ele teria um filho que seria seu herdeiro e Deus o considerou como justo. Em outras palavras, pela fé Abraão satisfez os termos da aliança que Deus firmou com ele.
No Novo Testamento o apóstolo Paulo usa o exemplo de Abraão para defender a doutrina da justificação. Nesse sentido, a justificação pela fé de Abraão serve de modelo para a justificação pela fé do crente em Cristo (cf. Romanos 4:3-25; Gálatas 3:6-14). O escritor de Hebreus também usa o texto de Gênesis 15 para falar do exemplo de fé de Abraão na galeria dos heróis da fé (Hebreus 11:11,12).
Na sequência Deus também reafirmou a Abraão que havia lhe tirado de Ur dos Caldeus para lhe dar aquela terra por herança (Gênesis 15:7). Motivado pela fé, Abraão pediu um sinal de que ele haveria de possuir aquelas terras.
Então Deus firmou sua aliança com Abraão numa cerimônia formal. Ele ordenou que Abraão pegasse alguns animais com três anos de vida, e também duas aves (Gênesis 15:9). Abraão fez conforme o Senhor lhe ordenará e cortou os animais ao meio, com exceção das aves. Ele também colocou cada metade em frente à outra e protegeu aqueles cadáveres de animais dos ataques das aves de rapina (Gênesis 15:10,11). O significado disso fica revelado na sequência do texto.
Deus firma uma aliança com Abraão (Gênesis 15:12-16)
Após preparar a cerimônia da aliança, o texto bíblico diz que ao pôr do sol Abraão caiu num sono profundo (Gênesis 15:12). Então mais uma vez Deus falou com Abraão; dessa vez dando detalhes acerca do futuro de sua descendência.
Deus avisou Abraão que sua descendência haveria de ser peregrina em terra alheia; bem como seria reduzida à escravidão, afligida por quatrocentos anos (Gênesis 15:13; cf. Êxodo 12:40). Obviamente Deus estava falando sobre o tempo de escravidão dos hebreus no Egito. Mas Deus também revelou a Abraão que Ele mesmo julgaria os opressores de sua descendência, e depois libertaria o seu povo com grandes riquezas (Gênesis 15:14).
Então Deus explicou a Abraão que somente na quarta geração sua descendência voltaria àquela terra. O motivo disto era que a iniquidade dos amorreus ainda não havia alcançado um determinado nível (Gênesis 15:16). Os amorreus eram os povos de Canaã. Esta passagem explica claramente que o ataque posterior dos israelitas contra os cananeus não foi sem fundamento.
Ao mesmo tempo em que a tomada de Canaã significava a realização da promessa de Deus para com a descendência de Abraão, também significava o seu santo juízo contra os cananeus. Além das Escrituras, textos históricos também registram a perversidade dos cananeus. Em seus rituais pagãos, por exemplo, eles praticavam violentas atrocidades e todo tipo de imoralidade.
Deus confirma sua aliança com Abraão (Gênesis 15:17-21)
Ainda em Gênesis 15, Moisés, o escritor do livro, registra que houve densas trevas. Então um fogareiro fumegante e uma tocha de fogo passaram entre os pedaços dos animais que tinham sido partidos ao meio (Gênesis 15:17). Isto explica o significado do cerimonial envolvendo os animais partidos ao meio.
Textos do antigo Oriente Próximo registram que naquela época muitas vezes o estabelecimento de alianças envolvia o costume de partir animais ao meio num tipo de ato simbólico. As partes que faziam a aliança tinham que andar entre as metades separadas dos animais. Isto servia como uma afirmação de que o mesmo deveria acontecer com a parte que quebrasse a aliança. O profeta Jeremias também fala sobre esse costume (Jeremias 34:18).
Quando o fogo, que simbolizava naquele contexto a presença de Deus, passou por entre as partes dos animais, isso significou um juramento divino de que as promessas feitas a Abraão seriam cumpridas. Essa solenidade apontava diretamente para a inabalável fidelidade de Deus.
Significativamente Deus passou sozinho por entre as metades dos animais. Isso significa que Deus estava impetrando a maldição sobre si mesmo, caso Ele não honrasse sua aliança. Também por isso o escritor de Hebreus diz que quando Deus fez a promessa a Abraão, Ele jurou por si mesmo, já que não havia outro maior por quem jurar (Hebreus 6:13-17).
Gênesis 15 termina com Deus uma declaração bem especifica por parte de Deus acerca dos limites geográficos e étnicos da terra que Ele prometeu dar aos herdeiros da promessa feita a Abraão (Gênesis 15: 18-21).