Estudo Bíblico de Gênesis 16
Gênesis 16 fala sobre a história do nascimento de Ismael. O estudo bíblico de Gênesis 16 revela a os detalhes da ocasião em que Sara ofereceu a Abraão sua serva egípcia, Agar, para que ela pudesse lhe dar um filho.
O capítulo 16 do livro de Gênesis é muito importante na compreensão da sequência de eventos que se seguem após ele. Além disso, Gênesis 16 é um dos textos bases utilizados pelo apóstolo Paulo no Novo Testamento em sua Carta aos Gálatas para explicar que os crentes não estão mais sobre a servidão do pecado e debaixo da maldição da Lei (Gálatas 4:21-31).
Paulo enxergou uma importante alegoria no drama familiar de Abraão que começa a ser narrado em Gênesis 16; ou seja, os eventos históricos registrados nesse capítulo tiveram também um significado mais profundo.
Um esboço de Gênesis 16 pode ser organizado da seguinte forma:
- Sara oferece Agar a Abraão para que ele pudesse gerar filhos (Gênesis 16:1-3).
- A intriga entre Agar e Sara (Gênesis 16:4-6).
- O Anjo do Senhor fala com Agar no deserto (Gênesis 16:7-14).
- O nascimento de Ismael (Gênesis 16:15,16).
O plano de Sara (Gênesis 16:1-3)
Em Gênesis 15 lemos sobre como Abraão estava preocupado, pois ele pensava que teria de fazer de um de seus servos o herdeiro de sua casa. Mas Deus firmou uma aliança com ele e lhe prometeu uma descendência. A questão é que Abraão já era de idade avançada, e sua esposa era estéril (Gênesis 16:1).
Foi então que Sara demonstrou toda sua impaciência. Diante de sua impossibilidade de gerar filhos, ela ofereceu a Abraão sua própria serva. Essa serva era Agar, uma mulher egípcia. Ela não era uma escrava comum, mas uma serva pessoal da esposa do chefe da casa. É possível dizer que Agar estava para Sara como Eliézer estava para Abraão.
Apesar de ser uma prática completamente estranha aos nossos dias, à época naquela região um homem garantir sua descendência através de uma serva era um costume comum. Inclusive esse costume é atestado no Código de Hamurábi. Mas o filho gerado da escrava era considerado pertencente à esposa legítima (Gênesis 16:2).
Então no entendimento de Sara ela pensava que poderia resolver a situação de sua família recorrendo a esse antigo costume. Mas Deus já havia prometido a Abraão uma grande descendência. Isso significa que Sara agiu de forma inconsequente, como se Deus precisasse de sua ajuda para cumprir Sua promessa. Ela tentou cumprir a aliança de Deus com Abraão através de seu próprio plano.
A intriga entre Agar e Sara (Gênesis 16:4-6)
Definitivamente o plano de Sara teve sérias consequências. De fato Agar conseguiu conceber do esposo de Sara, mas imediatamente também teve origem uma rivalidade dentro da casa de Abraão que se estendeu ao longo da História.
Gênesis 16 diz que assim que Agar percebeu que havia concebido de Abraão, ela desprezou Sara. A gravidade da atitude de Agar é enfatizada pelo escritor de Gênesis. A palavra hebraica aplicada por ele e traduzida como “desprezou” também pode significar “amaldiçoou”.
Ao ser desprezada por Agar, Sara recorreu a Abraão e lhe contou o que estava aconteceu. Então Abraão lhe respondeu que ela tinha total autoridade sobre Agar, e poderia fazer o que melhor lhe parecesse. Daí o texto bíblico diz que Sara humilhou Agar e ela fugiu para o deserto.
De acordo com as normas que regulamentavam o costume o qual Sara recorreu, a esposa legítima não podia negociar ou expulsar a serva grávida de seu marido. Mas ela poderia igualá-la aos outros escravos comuns caso houvesse alguma situação problemática. Talvez seja exatamente isto que tenha ocorrido, e por este motivo escritor bíblico diz que Sara humilhou Agar e ela fugiu (Gênesis 16:6).
O Anjo do Senhor fala com Agar no deserto (Gênesis 16:7-14)
A sequência do texto de Gênesis 16 diz que quando Agar fugiu de Sara, o Anjo do Senhor lhe encontrou junto a uma fonte de água no deserto, junto à fonte no caminho de Sur. Essa localização indica que Agar provavelmente estava tentando retornar à sua própria terra, pois Sur era a região de fronteira do Egito.
O Anjo do Senhor questionou Agar acerca do que ela estava fazendo; e lhe aconselhou a retornar à casa de Abraão e se humilhar sob a autoridade de Sara. Mas o Anjo do Senhor também lhe prometeu: “Multiplicarei sobremodo a tua descendência, de maneira que, por numerosa, não será contada” (Gênesis 16:10).
Isso significa que Agar se tornaria mãe de um grande povo; assim como Abraão não seria apenas o pai de uma descendência eleita, mas também de uma numerosa descendência não eleita; isto é, que não pertenceria à família da promessa. Depois, o Novo Testamento revela que pela Nova Aliança em Cristo a verdadeira descendência de Abraão herdeira da promessa não é carnal, mas espiritual (Romanos 9:8).
O Anjo do Senhor ainda disse que Agar daria à luz a um filho que seria chamado de Ismael, “porque o Senhor te acudiu na tua aflição” (Gênesis 16:11). Agar também foi avisada sobre a natureza desafiadora de Ismael e sua descendência.
O texto bíblico diz: “Ele será, entre os homens, como um jumento selvagem; a sua mão será contra todos, e a mão de todos, contra ele; e habitará fronteiro a todos os seus irmãos” (Gênesis 16:12). Esta declaração resume muito bem o comportamento demonstrado pelos ismaelitas e seus descendentes arábicos ao povo de Israel na sequência dos acontecimentos do Antigo Testamento. A relação entre esses povos foi sempre marcada por conflitos.
Depois disso a Bíblia diz que Agar invocou o nome do Senhor dizendo: “Tu és Deus que vê […] Não olhei eu neste lugar para aquele que me vê?” (Gênesis 16:13). Agar reconheceu que Deus havia se revelado graciosamente a ela, encontrando-a no deserto.
O nascimento de Ismael (Gênesis 16:15,16)
Gênesis 16 termina indicando que Agar retornou à casa de Abraão e deu à luz um filho. Conforme o Anjo do Senhor havia dito, o menino foi chamado Ismael (Gênesis 16:15).
O texto bíblico ainda informa que Abraão tinha oitenta e seis anos quando Ismael nasceu (Gênesis 16:16). Isso significa que já havia se passado onze anos desde que Abraão tinha saído de Harã (Gênesis 12:4).