Estudo Bíblico de Gênesis 40
Gênesis 40 fala sobre o tempo em que José esteve na prisão no Egito. O estudo bíblico de Gênesis 40 registra como José interpretou os sonhos de dois oficiais de Faraó. Os eventos narrados nesse capítulo são importantes para a compreensão da ascensão posterior de José no Egito.
O esboço de Gênesis 40 pode ser organizado em três partes:
- A prisão dos dois oficiais de Faraó (Gênesis 40:1-8).
- O sonho do copeiro-chefe (Gênesis 40:9-15).
- O sonho do padeiro-chefe (Gênesis 40:16-23).
A prisão dos dois servos de Faraó (Gênesis 40:1-8)
Gênesis 40 começa dizendo que o mordomo-chefe e o padeiro-chefe da corte egípcia ofenderam a Faraó. O rei do Egito ficou indignado e mandou prendê-los na casa do comandante da guarda. Então enquanto esperavam a sentença de Faraó, providencialmente eles foram parar no cárcere onde José estava preso (Gênesis 40:1-3). O copeiro e o padeiro da corte eram posições de extrema confiança. Um servia a bebida do rei; o outro assava o seu pão.
Como José havia ganhado a confiança do comandante da guarda, este colocou os dois presos a cargo de José durante o tempo em que permaneceram presos (Gênesis 40:4). O texto bíblico diz que os dois oficiais sonharam cada qual um sonho na mesma noite. Cada sonho tinha seu próprio significado (Gênesis 40:5).
Quando José viu os dois oficiais pela manhã, percebeu que eles estavam turbados – ou literalmente tristes. Então José questionou os dois sobre o motivo pelo qual eles estavam com o semblante triste. Os dois oficiais responderam que eles sonharam durante a noite e não havia ninguém que pudesse interpretar os sonhos que tiveram. Diante disso, José disse aos dois homens: “Porventura, não pertencem a Deus as interpretações? Contai-me o sonho” (Gênesis 40:8).
No antigo Oriente Próximo, as pessoas davam grande significância aos sonhos, pois elas acreditavam que um sonho poderia servir como um meio de discernir o futuro. Por isso praticamente em todas as cortes reais havia sábios que eram tidos como intérpretes profissionais de sonhos. Isso explica a tristeza dos dois oficiais, pois naquela prisão eles julgavam não ter ninguém habilitado para interpretar os sonhos que tiveram.
Porém, José corrigiu a crença pagã daqueles homens apontando para a soberania divina. Ele disse que somente de Deus pode vir as verdadeiras interpretações. Ao pedir que aqueles homens lhe contassem seus sonhos, José estava considerando que a fonte do dom de interpretação está em Deus, e Ele comunica esse dom a quem lhe convém.
Na história bíblica, apenas José e o profeta Daniel foram usados por Deus para interpretar sonhos enquanto estavam em terra estranha e serviam monarcas pagãos (cf. Daniel 2:28).
O sonho do copeiro-chefe (Gênesis 40:9-15)
O copeiro-chefe foi o primeiro a contar o seu sonho a José. Ele disse que em seu sonho havia uma videira, e na videira havia três ramos. Quando a videira brotou, havia três flores e seus cachos produziram uvas maduras. O copeiro-chefe disse que no sonho ele também estava segurando o copo de Faraó. Então ele pegou as uvas e as espremeu no copo e entregou a Faraó (Gênesis 40:9-11).
José interpretou o sonho do copeiro-chefe dizendo que os três ramos representavam três dias. Isso significava que dentro de três dias ele seria perdoado por Faraó e reabilitado em seu cargo. Então como seu copeiro, novamente ele poderia servir a Faraó dando-lhe seu copo em sua mão (Gênesis 40:12,13).
O texto hebraico usa uma expressão que indica que Faraó ergueria a cabeça do copeiro e o colocaria novamente em sua posição original, isto é, ele restauraria a honra daquele homem.
Depois José pediu que quando o copeiro-chefe estivesse bem, que fosse bondoso e se lembrasse dele, falando a seu respeito a Faraó. Ele queria sair daquela prisão, pois havia sido injustiçado. Ele tinha sido tirado da casa de seu pai e levado para o Egito, e mesmo sem ter feito nada para merecer, foi lançado naquela masmorra (Gênesis 40:14,15).
No apelo de José é possível perceber toda sua frustração. Embora o local de seu aprisionamento não fosse o pior lugar, de forma dramática ele designou o local como uma “masmorra”. Apalavra hebraica usada significa literalmente “cova”, “poço” ou “cisterna”.
Também é interessante a forma como José se refere à terra de Canaã. Ele disse que havia sido “roubado da terra dos hebreus” (Gênesis 40:15). Aqui vale lembrar que naquele tempo a casa de Jacó ainda era peregrina naquela terra. Então provavelmente José havia compreendido a promessa feita por Deus na aliança estabelecida com Abraão que garantia a posse definitiva daquela terra. Isso está de acordo com o pedido de José para que os israelitas levassem junto deles seus ossos quando o Senhor os visitasse e lhes tirassem do Egito (cf. Êxodo 13:19).
O sonho do padeiro-chefe (Gênesis 40:16-23)
Gênesis 40 diz que o padeiro-chefe viu que a interpretação do sonho dada por José era boa, e também lhe contou o seu sonho. Ele disse que em seu sonho havia três cestos de pão branco sobre sua cabeça. No cesto mais alto havia todo tipo de comida que um padeiro costumava fazer para Faraó. Mas no sonho as aves comiam do cesto que estava sobre sua cabeça (Gênesis 40:16,17).
O cenário do sonho do padeiro de Faraó está em harmonia com materiais já encontrados da cultura egípcia antiga. Há gravuras que retratam padeiros carregando cestos na cabeça.
A interpretação do sonho do padeiro-chefe não lhe era favorável. José disse a ele que os três cestos também representavam três dias. Mas diferentemente do que haveria de suceder ao copeiro-chefe, dentro de três dias Faraó mandaria cortar a cabeça do copeiro e o penduraria num madeiro. Então as aves do céu comeriam sua carne (Gênesis 40:18,19).
Curiosamente há uma pequena variação no hebraico que difere essa expressão daquela usada para falar da posição exaltada do copeiro. Na primeira, a expressão significa literalmente “levantará tua cabeça”. Já na segunda, a expressão significa “tirará fora a cabeça”.
Gênesis 40 ainda mostra que as interpretações dos sonhos realmente se cumpriram. Em três dias aconteceu o aniversário de Faraó e ele ofereceu um grande banquete a todos os seus servos.
Então naquela ocasião ele reabilitou o copeiro-chefe e condenou o padeiro-chefe, ou seja, ele reintegrou o copeiro-chefe no seu cargo, no qual servia diretamente a Faraó, mas mandou enforcar o padeiro-chefe, tal como José havia falado (Gênesis 40:20-22). Materiais descobertos do Egito antigo registram o costume dos Faraós libertarem prisioneiros em ocasiões especiais.
A palavra que informa que o padeiro-chefe foi enforcado, não indica um método de execução, mas tem mais a ver com a exibição pública do corpo pendurado do condenado após a morte. O capítulo termina dizendo que apesar de ter ficado bem, o copeiro-chefe se esqueceu de José (Gênesis 40:23).