Lição 2: A Necessidade Universal da Salvação em Cristo
A Necessidade Universal da Salvação em Cristo é o tema da lição 2 das Lições Bíblicas CPAD do 2º trimestre de 2016 para a Escola Bíblica Dominical. Nesta lição abordaremos a necessidade de salvação da humanidade.
A Necessidade Universal da Salvação em Cristo
Texto Áureo:
Como está escrito:Não há um justo, nem um sequer.
(Romanos 3:10)
Leitura Bíblica em Classe:
Porque do céu se manifesta a ira de Deus sobre toda a impiedade e injustiça dos homens, que detêm a verdade em injustiça.
Porquanto o que de Deus se pode conhecer neles se manifesta, porque Deus lho manifestou.
Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder, como a sua divindade, se entendem, e claramente se vêem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis;
(Romanos 1:18-20)Pois mudaram a verdade de Deus em mentira, e honraram e serviram mais a criatura do que o Criador, que é bendito eternamente. Amém.
Por isso Deus os abandonou às paixões infames. Porque até as suas mulheres mudaram o uso natural, no contrário à natureza.
E, semelhantemente, também os homens, deixando o uso natural da mulher, se inflamaram em sua sensualidade uns para com os outros, homens com homens, cometendo torpeza e recebendo em si mesmos a recompensa que convinha ao seu erro.
(Romanos 1:25-27)Portanto, és inescusável quando julgas, ó homem, quem quer que sejas, porque te condenas a ti mesmo naquilo em que julgas a outro; pois tu, que julgas, fazes o mesmo.
(Romanos 2:1)Eis que tu que tens por sobrenome judeu, e repousas na lei, e te glorias em Deus;
E sabes a sua vontade e aprovas as coisas excelentes, sendo instruído por lei;
E confias que és guia dos cegos, luz dos que estão em trevas,
Instruidor dos néscios, mestre de crianças, que tens a forma da ciência e da verdade na lei;
Tu, pois, que ensinas a outro, não te ensinas a ti mesmo? Tu, que pregas que não se deve furtar, furtas?
(Romanos 2:17-21)
Introdução – Lição 2: A Necessidade Universal da Salvação em Cristo
Após a Queda, a raça humana foi duramente atingida pelo pecado, se tornando escravo dele, de modo que, devido a nossa total depravação, somos incapazes de fazer qualquer bem em relação a Deus. O homem natural ama mais as trevas do que a luz e, por si mesmo, não é capaz de obter a salvação. Esse efeito atingiu a todos nós, tanto judeus quanto gentios, ou seja, todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus (Rm 3:23). A boa notícia é que, pela sua infinita e incompreensível graça, Deus enviou Seu próprio Filho, Jesus Cristo, para que fosse justificado, liberto da culpa do pecado, todo aquele que n’Ele crer.
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A Necessidade da Salvação dos Gentios – Lição 2: A Necessidade Universal da Salvação em Cristo
No primeiro capítulo de Romanos, o apóstolo Paulo já inicia sua grande exposição sobre a justificação pela graça mediante a fé, que permeia toda a Epístola aos Romanos. Logo nos versículo 1 e 2 já podemos observar qual será a base da exposição de Paulo:
Paulo, servo de Jesus Cristo, chamado para apóstolo, separado para o evangelho de Deus.
O qual antes prometeu pelos seus profetas nas santas escrituras,
(Romanos 1:1,2)
Aqui há uma lição muito importante para nós. Paulo, inspirado pelo Espírito Santo, nos mostra como devemos considerar o Antigo Testamento. Infelizmente alguns pregadores tentam ensinar uma suposta inferioridade do Antigo em relação ao Novo testamento, porém essa ideia não é sustentada à luz das Escrituras.
Paulo claramente considera como sendo uma unidade o Antigo Testamento e as boas novas de salvação proclamadas por Jesus e Seus apóstolos. Na expressão “seus profetas”, Paulo se refere a todos os homens que foram divinamente inspirados por Deus para escreverem os livros que compõe o Antigo Testamento. Em outras palavras, o que Paulo deixa bem claro na Epístola aos Romanos é que o Novo Testamento está oculto no Antigo, ou seja, o Antigo Testamento é explicado e revelado no Novo.
É importante considerar esse princípio pelo fato da grande quantidade de citações que o Apóstolo faz de passagens do Antigo Testamento. Entendendo então essa característica fundamental, podemos avançar no entendimento dos ensinos do Apóstolo nas páginas dessa epístola.
Ainda no capítulo 1, a partir do versículo 16, Paulo introduz o tema principal da Carta aos Romanos: a Justificação pela fé. Nos versículos 16 e 17, Paulo mostra como essa justificação é real e necessária, e entre os versículos 18 e 32, o Apóstolo foca o fato de que os gentios necessitam dessa justificação.
Mais precisamente no versículo 16, Paulo mostra que o Evangelho de Cristo é o poder de Deus para a salvação tanto do judeu quanto do gentio. O Apóstolo também observa a ordem histórica divinamente planejada para a revelação desse Evangelho, ao utilizar a expressão “primeiro do judeu, e também do grego”. O que Paulo quis dizer com essa expressão, é que o Evangelho da salvação foi revelado, primeiramente, aos judeus, ou seja, durante a antiga dispensação, eles constituíam a nação mais altamente privilegiada, embora no capítulo 4 ele demonstre que esse Evangelho é essencialmente o mesmo em ambas as dispensações. Isso fica evidente quando entendemos que, mesmo durante a antiga dispensação, Deus deixou bem claro que a salvação não se limitaria a uma só nação (Gn 13:3; 22:18; Sl 72; 87; Is 60:1-3 |à luz de Lucas 4|; Ml 1:11). O próprio Jesus falou amplamente sobre isso (Mt 8:10-12; 28:19,20; Lc 14:23; 17:11-19; 20:9-16; 24:45-47; Jo 3:16; 4:35-42; 10:16). Logo, Paulo, divinamente inspirado, ensina que o muro de separação entre judeu e gentio foi completamente derrubado, e que não há mais distinção alguma (Ef 2:11-22; Rm 10:11-12).
No versículo 18, Paulo dá ênfase à descrição dos gentios em relação à necessidade da justificação, permanecendo esse padrão até o versículo 32. Alguns intérpretes sugerem que Paulo também estava falando de judeus nessa seção, ou seja, basicamente o foco do Apóstolo são os homens não regenerados, tanto judeus quanto gentios. Reconheço que existe alguma verdade nesse raciocínio, porém a descrição dessa seção não deixa dúvida alguma que o foco aqui são os gentios. Os versículos 19 e 20 expressam bem essa condição ao relatar que tais pessoas descritas nessa seção derivam seu conhecimento de Deus de uma revelação geral, e não de uma revelação especial como os judeus. Por fim, o capítulo 2 encerra essa discussão ao estabelecer claramente uma transição de grupos de pessoas, a saber, os judeus (Rm 2:17). O que podemos concluir sobre isso é que entre os versículos 18 e 32 a referencia feita é principalmente aos gentios.
Nessa descrição, Paulo trata da rejeição dos homens aos princípios e a revelação de Deus, de forma que eles distorcem tal revelação mergulhando na corrupção generalizada do pecado, mudando a glória do Deus imortal em imagem à semelhança do homem mortal, trocando a verdade pela mentira, porém serão punidos por isso (Rm 1:22-32). O ensinamento contido nesses poucos versículos é muito importante, pois esclarece definitivamente que não existem inocentes perante Deus. Aqui, uma das perguntas que causam mais dúvidas entre os cristãos é respondida pelo Apóstolo Paulo: o que acontece com quem nunca ouviu o Evangelho? Para saber mais sobre esse assunto leia nosso texto “Quem Nunca Ouviu o Evangelho Será Salvo?“.
A Necessidade da Salvação de Judeus – Lição 2: A Necessidade Universal da Salvação em Cristo
Como já dissemos no tópico anterior, o capítulo 2 da Epístola aos Romanos claramente nos mostra uma transição de grupos de pessoas na exposição do Apóstolo Paulo. Se no capítulo 1 o foco são os gentios, no capítulo 2 o foco são os judeus.
Os judeus sempre se orgulharam por terem sido o povo a qual Deus se revelou de forma especial na antiga dispensação. Comparando os capítulos 1 e 2, podemos notar que Paulo enfatiza a diferença da revelação sobre Deus que os judeus receberam em relação aos gentios. Os judeus receberam os mandamentos de Deus, a Lei, outorgada no Sinai. O Apóstolo também demonstra o privilégio histórico que os judeus tiveram por terem sido a nação da qual o Messias veio ao mundo.
Entre os capítulos 2 e 3:8, Paulo mostra a situação dos judeus, e como eles também necessitam dessa justificação. Ao terminar a exposição focada nos gentios no capítulo 1, Paulo agora explica claramente que os judeus, tal como os gentios, são igualmente condenáveis:
Assim, quando você, um simples homem, os julga, mas pratica as mesmas coisas, pensa que escapará do juízo de Deus?
(Romanos 2:3)
Quanto a um possível privilégio no julgamento de Deus por alguém ter nascido judeu, Paulo logo trata de deixar claro que diante de Deus esse privilégio não conta:
Pois em Deus não há parcialidade.
Todo aquele que pecar sem a lei, sem a lei também perecerá, e todo aquele que pecar sob a lei, pela lei será julgado.
(Romanos 2:11,12)
Na verdade, tanto para o castigo, quanto para o galardão, será considerado o nível de revelação do Evangelho de Deus que alguém recebeu. Isso automaticamente atribui muito mais responsabilidade àqueles que, em algum momento, foram privilegiados com tal revelação. Entendendo esse ponto, percebemos que Deus não tratará mais generosamente os judeus em relação aos gentios. Esse princípio foi ensinado pelo próprio Jesus:
E o servo que soube a vontade do seu senhor, e não se aprontou, nem fez conforme a sua vontade, será castigado com muitos açoites;
Mas o que a não soube, e fez coisas dignas de açoites, com poucos açoites será castigado. E, a qualquer que muito for dado, muito se lhe pedirá, e ao que muito se lhe confiou, muito mais se lhe pedirá.
(Lucas 12:47,48)
O versículo 13 merece uma atenção especial para evitarmos qualquer tipo de interpretação errada sobre ele:
Porque não são os que ouvem a Lei que são justos aos olhos de Deus; mas os que obedecem à lei, estes serão declarados justos.
(Romanos 2:13)
Ao contrário do que alguns tentam supor, Paulo não está ensinando aqui uma possível justificação pelas obras da lei. Na verdade interpretar dessa forma é distorcer o texto. O Apóstolo não está delineando um contraste entre justificação pela fé e justificação pelas obras, ao contrário, a antítese que ele está discutindo nos versículos 12 e 13 é aquela entre dois grupos de pessoas: os que ouvem e obedecem, e os que meramente ouvem. Certamente somente são declarados justos por Deus os que ouvem e praticam (Mt 7:24-29; Tg 1:22).
Interpretar essa passagem de forma errada é contradizer a Bíblia. O próprio Apóstolo Paulo quando discute a antítese justificação pela fé ou pelas obras, ele deixa claro que não é pelas obras, mas totalmente pela fé, que uma pessoa é justificada (Rm 3:20-28; 4:2; Gl 2:16; 3:11,12). Também devemos nos lembrar de que o propósito principal da Carta aos Romanos é provar que uma pessoa não é justificada pelas obras da lei, mas pela fé em Cristo. No capítulo 5 e versículo 20, Paulo mostra a finalidade da promulgação da lei, quando diz que “a lei foi introduzida para que a transgressão fosse ressaltada”. Porém ele completa que “onde aumentou o pecado, transbordou a graça”, e no versículo 21 ele conclui dizendo que a graça reina pela justiça “para conceder vida eterna, mediante Jesus Cristo, nosso Senhor”. À luz desse entendimento, podemos compreender a real interpretação do versículo 13 do capítulo 2. Os que são regenerados recebem do próprio Deus a condição de serem justos aos olhos dEle, já que uma vez libertos da maldição da lei e da culpa do pecado, agora, obrigatoriamente, seu novo padrão de vida fazem com que não só ouçam, mas também obedeçam aos mandamentos de Deus. Por meio de suas obras, resultante da gratidão, aqueles que foram feitos novas criaturas, revelam que, pela soberana graça e poder de Deus, deram-lhe o coração.
No versículo 24, Paulo faz uma grave acusação para mostrar a situação complicada do povo judeu:
Como está escrito: “O nome de Deus é blasfemado entre os gentios por causa de vocês”.
(Romanos 2:24)
Essa é uma citação baseada em Isaías 52:5. Embora aqui em Romanos o contexto seja diferente da passagem em Isaías, a citação se adéqua perfeitamente, já que em ambos os casos há um aspecto semelhante. Israel fracassou em ser o que pretendia ser, ou seja, luz para os que estão em trevas (Rm 2:19). Por essa razão, Israel foi deportado e seu Deus ridicularizado. Nos dias de Paulo, pela mesma razão, o nome de Deus era blasfemado entre os gentios.
No capítulo 3, de forma bem resumida, podemos dizer que Paulo deixa claro que a despeito da infidelidade demonstrada pelos judeus infiéis, de maneira alguma Deus lhes outorgará um futuro glorioso só porque são judeus, visto que Deus é fiel, e aqueles que lhe são fiéis guardando diligentemente àquilo que lhes fora confiado, certamente receberão a concretização de suas promessas.
Os judeus, na antiga dispensação, foram privilegiados por ter sido, inicialmente confiado a eles, a Palavra de Deus, porém o Apóstolo deixa claro que o verdadeiro sinal de pertencer a Deus não é uma marca externa no corpo físico, como a circuncisão, que era o sinal da aliança que Deus estabeleceu com Israel, mas o poder regenerador do Espírito Santo vindo habitar a alma do cristão verdadeiro, o que Paulo denomina como “circuncisão operada no coração”, que é o ato de arrependimento do pecador e a entrega incondicional de sua vida a Jesus.
A Necessidade da Salvação da Humanidade – Lição 2: A Necessidade Universal da Salvação em Cristo
O Apóstolo Paulo no versículo 9 do capítulo 3 mostra claramente, numa espécie de conclusão da exposição que se estende desde o capítulo 1, que toda a humanidade está debaixo do julgo do pecado:
Que concluiremos então? Estamos em posição de vantagem? Não! Já demonstramos que tanto judeus quanto gentios estão debaixo do pecado.
(Romanos 3:9)
Entre os versículos 10 e 12, Paulo introduz uma cadeia de passagens veterotestamentárias, a fim de avançar para um clímax em sua demonstração da universalidade do pecado. As citações do Apóstolo não são de forma alguma ad verbum (literais), mas são toas ad sensum (segundo significado), e, a maior parte do material citado provém de Salmos, Isaías e Eclesiastes.
Como está escrito: “Não há nenhum justo, nem um sequer;
não há ninguém que entenda, ninguém que busque a Deus.
Todos se desviaram, tornaram-se juntamente inúteis; não há ninguém que faça o bem, não há nem um sequer”.
(Romanos 3:10-12)
Essas poucas linhas nos revelam uma terrível para muita gente: não há exceções. Paulo repete três vezes a expressão “ninguém” para enfatizar que todos, absolutamente todos se desviaram e tornaram-se inúteis. Não há um sequer que consiga salvar-se a si mesmo e justificar-se pelas suas próprias obras. Apenas os méritos de Cristo é que podem justificar alguém pertencente a essa raça caída.
Conclusão – Lição 2: A Necessidade Universal da Salvação em Cristo
Para concluir quero voltar ao versículo 20 do capítulo 1:
Pois desde a criação do mundo os atributos invisíveis de Deus, seu eterno poder e sua natureza divina, têm sido vistos claramente, sendo compreendidos por meio das coisas criadas, de forma que tais homens são indesculpáveis;
(Romanos 1:20)
A expressão “os atributos invisíveis de Deus… têm sido vistos claramente” pode parecer até mesmo um paradoxo. Sobre isso, termino citando o comentário desse versículo feito na Confissão Belga de 1561:
[…] pela criação, manutenção e governo do mundo inteiro, visto que o mundo, perante nossos olhos, é como um livro formoso, em que todas as criaturas, grandes e pequenas, servem de letras que nos fazem contemplar os atributos invisíveis de Deus, isto é, o seu eterno poder e a sua divindade, como diz o apóstolo Paulo: “todos estes atributos são suficientes para convencer os homens e torná-los indesculpáveis”.
Apoio Teológico:
Quem Nunca Ouviu o Evangelho Será Salvo?
Escola Dominical – Lições Bíblicas 2º Trimestre 2016: Maravilhosa Graça – O Evangelho de Jesus Cristo Revelado na Carta aos Romanos EBD CPAD – Lição 2: A Necessidade Universal da Salvação em Cristo.