Lição 6: A Lei, a Carne e o Espírito
A Lei, a Carne e o Espírito é o tema da lição 6 das Lições Bíblicas CPAD do 2º trimestre de 2016 para a Escola Bíblica Dominical. Nesta lição abordaremos o capítulo 7 da Epístola aos Romanos.
Texto Áureo:
Dou graças a Deus por Jesus Cristo nosso Senhor. Assim que eu mesmo com o entendimento sirvo à lei de Deus, mas com a carne à lei do pecado.
(Romanos 7:25)
Leitura Bíblica em Classe:
Não sabeis vós, irmãos (pois que falo aos que sabem a lei), que a lei tem domínio sobre o homem por todo o tempo que vive?
Porque a mulher que está sujeita ao marido, enquanto ele viver, está-lhe ligada pela lei; mas, morto o marido, está livre da lei do marido.
De sorte que, vivendo o marido, será chamada adúltera se for de outro marido; mas, morto o marido, livre está da lei, e assim não será adúltera, se for de outro marido.
Assim, meus irmãos, também vós estais mortos para a lei pelo corpo de Cristo, para que sejais de outro, daquele que ressuscitou dentre os mortos, a fim de que demos fruto para Deus.
Porque, quando estávamos na carne, as paixões dos pecados, que são pela lei, operavam em nossos membros para darem fruto para a morte.
Mas agora temos sido libertados da lei, tendo morrido para aquilo em que estávamos retidos; para que sirvamos em novidade de espírito, e não na velhice da letra.
Que diremos pois? É a lei pecado? De modo nenhum. Mas eu não conheci o pecado senão pela lei; porque eu não conheceria a concupiscência, se a lei não dissesse: Não cobiçarás.
Mas o pecado, tomando ocasião pelo mandamento, operou em mim toda a concupiscência; porquanto sem a lei estava morto o pecado.
E eu, nalgum tempo, vivia sem lei, mas, vindo o mandamento, reviveu o pecado, e eu morri.
E o mandamento que era para vida, achei eu que me era para morte.
Porque o pecado, tomando ocasião pelo mandamento, me enganou, e por ele me matou.
E assim a lei é santa, e o mandamento santo, justo e bom.
Logo tornou-se-me o bom em morte? De modo nenhum; mas o pecado, para que se mostrasse pecado, operou em mim a morte pelo bem; a fim de que pelo mandamento o pecado se fizesse excessivamente maligno.
Porque bem sabemos que a lei é espiritual; mas eu sou carnal, vendido sob o pecado.
Porque o que faço não o aprovo; pois o que quero isso não faço, mas o que aborreço isso faço.
(Romanos 7:1-15)
Introdução
Após o apóstolo Paulo ter, no capítulo 6 da Epístola aos Romanos, tratado sobre a destruição do domínio do pecado, agora, no capítulo 7, Paulo fará uma exposição sobre a luta contra o pecado, aprofundando-se mais sobre o relacionamento do crente com Lei.
- Veja também: Quer melhorar o aproveitamento de suas aulas da EBD? Conheça um curso completo de formação para professores e líderes da Escola Bíblica Dominical.Conheça aqui! (Vagas Limitadas)
A Lei Ilustrada na Analogia do Casamento (Rm 7:1-6)
Entre os versículos 1 e 6, do capítulo 7 da Epístola aos Romanos, Paulo se concentrou no tema do relacionamento do crente com Lei. Para isto, ele utilizou a analogia do casamento como ilustração desse processo.
Quando um cônjuge morre, o contrato de casamento perde a autoridade, ou seja, a lei que regulamenta tal relacionamento se extingue em decorrência da morte de um dos cônjuges, e um novo casamento passa a ser legal e permitido, sem implicar em pecado ao cônjuge vivo. Logo, assim como a morte física altera os relacionamentos segundo a Lei, a morte em Cristo também altera as obrigações legais do crente.
Basicamente, a morte dos salvos em Cristo quebra as cadeias do pecado e da morte, pelos quais a Lei os prendia na carne à condenação em Adão. Os salvos, que foram ressuscitados para uma nova vida por meio da união com Cristo em sua ressurreição, estão livres para pertencerem a Cristo. Diferente do antigo casamento em Adão, a qual o fruto dessa união era a morte, o novo casamento em Cristo, ou seja, a união do salvo com Cristo, resulta em uma nova vida dominada pelo Espírito Santo, concedendo ao crente poder para cumprir os mandamentos de Deus.
Adão Ilustrado na Analogia da Solidariedade da Raça (Rm 7:6-13)
Paulo inicia o versículo fazendo a seguinte pergunta: É a Lei pecado? A resposta é enfática: De modo nenhum! Embora a Lei tenha representado uma função negativa na vida do homem, não implica que ela seja ruim, ao contrário, no versículo 12 ele mesmo deixa claro que o mandamento que expõe a realidade do pecado na humanidade é “santo, e justo, e bom”.
No versículo 9, Paulo mostra como o processo do pecado o fez “morrer”. Aqui, alguns comentaristas defendem que Paulo está falando de Adão, e os versículos 7, 8 e 9 só fazem sentido se aplicados na vida de Adão. Porém, discordo dessa interpretação.
É claro que a todo o momento ele tem em mente a queda de Adão, mas Paulo estava usando seu próprio exemplo, e penso que o texto deixa isso suficientemente claro. A expressão “vivia”, não significa “possuir vida espiritual”, mas representa um “viver” segundo o juízo formado por ele próprio sobre viver. Em outras palavras ele estava dizendo que houve um tempo onde ele se sentia seguro, onde ele pensava que, moral e espiritualmente, ele estava fazendo tudo corretamente bem. Ele conhecia a Lei, e sabia que a guarda de suas ordens era exigida, pois a Lei prometia vida mediante a obediência. Porém, Paulo percebeu que na tentativa de obedecer a Lei, ele já havia quebrado os mandamentos de modo contínuo, antes mesmo de perceber que fazia isso. Ao ver o que fazia, e não conseguir parar esse ciclo vicioso, a Lei se tornou um fardo insuportável em seu coração, expondo que grande pecador ele era. Sob esse contexto, então ele escreve que o pecado, que o impulsiona de forma contrária a Lei e ao próprio Deus, o enganou e o matou, ou seja, ele compreendeu que estava espiritualmente sem vida e perdido, de modo que havia chegado ao fim seu entendimento como uma pessoa satisfeita consigo mesma e segura de si. Neste texto Paulo está usando sua própria experiência como o pecado e a Lei se relacionam em cada pessoa.
Alguns intérpretes sugerem que essa experiência que Paulo descreve talvez seja quando ele se tornou um “Filho da Lei” aos 13 anos (Bar Mitzvah), assumindo a responsabilidade de guardar a Lei. Particularmente penso que o exemplo utilizado por Paulo reflete uma experiência ainda mais radical, talvez o que está registrado em Atos (9:1-22; 22:3-21; 26:1-23) e Gálatas 1:13-18. Saiba o que é a Lei de Deus.
O Cristão Ilustrado na Analogia entre Carne e Espírito
Entre os versículos 7 e 25, temos um texto que é alvo de muitas discussões teológicas. Toda polêmica tem o objetivo se responder a seguinte pergunta: Quem é a pessoa aqui mencionada? Algumas hipóteses são levantadas, sendo as principais:
- Paulo estava falando de incrédulos, pessoas não regeneradas.
- Paulo estava falando de um cristão imaturo, numa condição espiritual enfraquecida.
- Paulo estava falando de cristãos em geral, incluindo ele mesmo.
A última hipótese é certamente a melhor interpretação. A pessoa descrita nestes versículos odeia o pecado (7:15), deseja fazer o que é bom (7:19-21), em seu mais intimo ser deleita-se na Lei de Deus (7:22), sente repugnância de seus pecados (7:15-24), e rende graças a Deus por sua libertação (7:25). Essa é a luta experimentada pelo verdadeiro cristão que, mesmo regenerado, ainda enfrenta um tipo de dualismo dentro de si. Essa luta só terá fim quando, finalmente, chegarmos ao céu. Lutero, Melanchthon, Calvino, Hendriksen e muitos outros concordam com esta interpretação.
Entre os versículos 21 e 23 esse princípio fica ainda mais claro, quando o Apóstolo mostra a carne e o Espírito como duas leis ou forças impulsoras que operam dentro do crente. Através da capacitação concedida pelo Espírito Santo, o “eu” regenerado ama a lei de Deus e tem prazer nela, porém, na sua atual existência, a força do pecado que ainda habita dentro do verdadeiro cristão muitas vezes enfraquece o desejo de obediência que ele possui. Diante disto, a conclusão nos versículos 24 e 25 é inevitável:
Miserável homem que eu sou! quem me livrará do corpo desta morte?
Dou graças a Deus por Jesus Cristo nosso Senhor. Assim que eu mesmo com o entendimento sirvo à lei de Deus, mas com a carne à lei do pecado.
(Romanos 7:24,25)
Conclusão
Nós fomos justificados, libertos da culpa do pecado, mas ainda há em nós uma constante batalha, pois, essa nova natureza, pelo Espírito Santo que habita em nós, estabelece um novo padrão de vida que confronta duramente a natureza pecaminosa que ainda está presente em nossa vida. Através da santificação, Deus nos liberta do poder do pecado, porém esse processo nos acompanha durante toda nossa vida, até chegar o momento em que, definitivamente, estaremos livres, pois, o que é corruptível, se revestirá de incorruptibilidade (1Co 15:54) e, finalmente, estaremos completamente livres da presença do pecado em nós. Saiba como entender a relação entre Lei e graça.
Escola Dominical – Lições Bíblicas 2º Trimestre 2016: Maravilhosa Graça – O Evangelho de Jesus Cristo Revelado na Carta aos Romanos EBD CPAD.