Como Foi a Instituição da Monarquia em Israel?

A instituição da monarquia em Israel marcou o fim do período dos juízes. Isso aconteceu nos dias do profeta Samuel, o último juiz de Israel. Embora seja muito difícil estabelecer uma cronologia exata daquele tempo, os estudiosos sugerem que a monarquia em Israel foi instituída aproximadamente na segunda metade do século 11 a.C.

Sem dúvida a instituição da monarquia em Israel significou um novo estágio da história israelita, não apenas no âmbito político, mas também religioso. O estabelecimento da monarquia não somente resultou na transformação de um povo que outrora estava organizado numa confederação tribal em um reino unido; mas também trouxe implicações no próprio relacionamento do povo com o Senhor.

Antes da instituição da monarquia em Israel

Na história primitiva de Israel, o povo era governado por líderes tribais. No tempo do êxodo do Egito, o governo foi exercido por Moisés e, posteriormente, por Josué. Mas jamais Moisés e Josué assumiram qualquer título de rei sobre o povo.

O que havia em Israel era um modelo de governo teocrático. Moisés, por exemplo, apresentou as Leis de Deus ao povo e liderou e aconselhou os israelitas de forma completamente alinhada à vontade divina. Inclusive, nitidamente Moisés e Josué foram líderes eleitos exclusivamente pela chamada divina.

Depois, finalmente Israel conseguiu se estabelecer na Palestina. Então com a morte de Josué, as tribos israelitas eram regidas principalmente por anciãos locais (Juízes 11:5). Naquele tempo Deus também levantou libertadores para livrar o povo de certas opressões que, em última análise, eram resultantes de seus próprios pecados. Esses homens exerceram liderança local nas tribos de Israel, e por isso foram chamados de juízes.

Ainda no período dos juízes houve pelo menos duas tentativas ocasionais de estabelecer um tipo de rei em Israel. A primeira tentativa ocorreu na família de Gideão. O próprio Gideão foi aclamado para governar como um rei e estabelecer uma dinastia em Israel, mas ele declinou desse pedido. Ele entendia que Deus era quem deveria dominar sobre o povo (Juízes 8:22,23).

Seu filho, porém, não teve esse mesmo entendimento. Abimeleque quis se apoderar da liderança de Israel após um massacre contra seus próprios irmãos. Ele conseguiu exercer certa soberania local durante três anos, até que foi abatido pelo Senhor (Juízes 9).

O período dos juízes foi chegando ao fim num contexto de verdadeiro caos social (Juízes 19-21). O último versículo do livro de Juízes mostra claramente essa condição. O texto bíblico diz que não havia rei sobre Israel e cada um fazia o que queria (Juízes 21:25). Obviamente à luz do contexto de todo o livro, o grande problema do povo não era a ausência de um rei humano, mas a falta de lealdade ao seu Rei Divino.

O pedido por um rei em Israel

A confusão em Israel se intensificou ainda mais na parte final da liderança do sumo sacerdote Eli. Os filhos de Eli eram homens incrédulos que desprezavam a Lei de Deus e profanavam o culto ao Senhor. O auge do caos ocorreu quando os dois filhos de Eli perderam a Arca da Aliança durante uma batalha contra os filisteus. Naquela ocasião eles foram mortos e o exército israelita, massacrado. Ao receber as más notícias da morte dos filhos, da derrota de Israel e da perda da Arca, o velho sumo sacerdote e juiz também morreu.

Mas foi a partir daí que começou a liderança do jovem profeta Samuel. Além de sacerdote e profeta, Samuel também serviu como juiz de Israel. Ele estabeleceu um circuito que possibilitava que ele julgasse Israel em diferentes centros locais. Samuel também liderou os israelitas na vitória contra os filisteus em Mispa (1 Samuel 7:2-17).

Embora a vitória contra os filisteus tenha sido uma clara demonstração do poder de Deus, mesmo assim os israelitas insistiram em ter um rei (1 Samuel 8). O problema não estava em Israel desejar ter um monarca humano, mas na verdadeira motivação por trás desse desejo. A Bíblia diz que o povo queria ter um rei “como o têm todas as nações” (1 Samuel 8:5).

Eles não estavam preocupados em ter governando sobre eles um homem comprometido com a vontade de Deus, mas sim em ser como todas as outras nações (1 Samuel 8:20). Isso significa que eles estavam tomando como modelo as nações pagãs vizinhas.

Esse comportamento do povo de Israel foi identificado como uma espécie de apostasia, visto que em última análise os israelitas estavam rejeitando o próprio Deus e seu modelo de governo teocrático (1 Samuel 8:7). Além disso, Deus, o Soberano de Israel, não apenas era o grande Rei do povo da aliança, como também seu guerreiro. Mas o povo queria um rei que lutasse suas guerras (1 Samuel 8:20). Assim, eles desprezaram o domínio e a proteção de Deus.

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O início da monarquia em Israel

Apesar de a motivação israelita pela monarquia humana fosse errada, pois demonstrava falta de fé no Senhor, estava dentro do propósito de Deus permitir que um dia o povo de Israel tivesse um rei (cf. Gênesis 17:6,16; 35:11; 49:10; Números 24:7-19). Inclusive, através de Moisés o povo recebeu instruções que regulamentavam a monarquia que seria instituída após a entrada na Terra Prometida (Deuteronômio 17:14-20).

Deus atendeu ao pedido dos israelitas, mas sem que antes advertisse o povo sobre os potenciais abusos da monarquia terrena (1 Samuel 8:10-18). O Senhor também alertou que o rei deveria estar em completa submissão ao governo d’Ele.

Foi nesse contexto que Samuel foi instruído pelo Senhor a ungir o primeiro rei de Israel. O ato significativo de o rei ter que ser ungido publicamente pelo profeta do Senhor, também era uma indicação de que a instituição da monarquia em Israel estava debaixo da autoridade de Deus. Os reis israelitas só teriam sucesso se agissem conforme a orientação especial de Deus.

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Os dois primeiros monarcas de Israel

Saul foi dado ao povo israelita como seu primeiro rei. Sua aparência e porte de guerreiro atendiam muito bem as aspirações do povo, mas na verdade ele foi exatamente um exemplo de tudo aquilo que um rei não deveria ser. O rei Saul fracassou, e seu reinado foi uma verdadeira decepção. Ele transgrediu as ordenanças divinas e foi rejeitado pelo Senhor (1 Samuel 13-15).

Já tendo rejeitado Saul, Deus ordenou que o profeta Samuel ungisse aquele que seria o segundo rei de Israel, um homem segundo o seu coração. Esse homem era Davi; talvez uma das pessoas mais improváveis a subir ao trono de Israel. Davi não era perfeito, longe disso; mas ele foi um exemplo notável de rei que buscou a vontade do Senhor, reconheceu suas falhas, demonstrou verdadeiro arrependimento por seus erros e governou o povo de Israel com sabedoria e graça do Senhor.

A queda de Saul deu lugar ascensão de Davi. Durante toda a monarquia em Israel, o rei Davi foi o monarca mais importante. O Senhor prometeu a Davi uma dinastia eterna. Seus herdeiros permaneceram diretamente no trono de Judá por mais de 400 anos.

Mas mesmo com a perda da liberdade nacional no tempo do exílio e na posterior submissão ao Império Romano, a promessa de Deus a Davi acerca da preservação de sua dinastia para sempre não caiu por terra. A aliança de Deus com Davi encontra seu cumprimento pleno e final na pessoa de Jesus, o verdadeiro, perfeito e eterno Rei Messiânico do qual Davi e sua casa prefiguraram.

O desenvolvimento posterior da monarquia em Israel

Em resumo, a monarquia em Israel tinha a responsabilidade de preservar a justiça com base na proclamação da Lei de Deus. Para tanto, os reis também contavam com a orientação do sacerdócio e dos profetas do Senhor.

Israel teve uma monarquia unida até o reinado de Salomão. Após a morte do rei Salomão, o reino foi dividido em duas partes: o Reino do Norte (Israel) e o Reino do Sul (Judá). Saiba mais sobre o reino dividido.

A descendência de Davi continuou ativa no trono do Reino do Sul até a queda de Judá diante da Babilônia de Nabucodonosor em 587 a.C. Já o trono do Reino do Norte foi ocupado por várias dinastias. No geral, os reis do Reino do Norte foram homens maus que frequentemente estavam envolvidos com práticas que desagradaram ao Senhor. A monarquia no Reino do Norte chegou ao fim quando Israel foi dominado pela Assíria em 722 a.C.

Mas os monarcas do Reino do Sul também não estavam livres de erros, muito pelo contrário. As reformas promovidas no tempo do rei Josias servem de exemplo sobre como o povo e a própria monarquia de Judá havia de distanciado dos preceitos de Deus (2 Reis 22-23).

Depois do domínio babilônico, o povo judeu ainda ficou submisso aos persas e posteriormente aos selêucidas. Com a Revolta dos Macabeus, os judeus desfrutaram de alguma liberdade e tranquilidade.

Durante aquele tempo alguns sumos sacerdotes macabeus fizeram uso do título de rei, mas de um modo muito distante daquele dos tempos áureos da monarquia em Israel. Embora alguns desses governantes fossem vistos como sendo supostamente cumprimentos da esperança messiânica, o Novo Testamento não deixa dúvida de que tal esperança só foi cumprida em Jesus Cristo.

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