Calvário: O Que é e o Que Significa?
A palavra “calvário” aparece apenas uma vez na Bíblia, porém já é o suficiente para despertar a curiosidade de muita gente sobre o que é o calvário, e qual o seu significado. O texto onde essa palavra é citada na Bíblia encontra-se no Evangelho de Lucas:
E, quando chegaram ao lugar chamado Calvário, ali o crucificaram, e aos malfeitores, um à direita e outro à esquerda.
(Lucas 23:33)
O que significa calvário?
A palavra calvário significa “crânio” ou “caveira”, e deriva do termo latino calvaria usado na Vulgata, que, por sua vez, traduz o termo grego kranion. Ambas as palavras traduzem o aramaico golgota, que aparece no Evangelho de Mateus:
E, chegando ao lugar chamado Gólgota, que se diz: Lugar da Caveira,
Deram-lhe a tomar vinagre misturado com fel; mas ele, provando-o, não quis tomar.
(Mateus 27:33,34)
O que é o calvário e onde ele ficava?
Como a própria Bíblia esclarece (Mt 27:33; Mc 15:22; Lc 23:33; Jo 19:17), o calvário é o lugar em que Cristo foi crucificado. Não se sabe ao certo o porquê esse lugar era chamado de “crânio”, mas pelo menos três hipóteses são sugeridas pelos intérpretes:
- O calvário possui esse nome porque ali podiam ser encontrados crânios;
- O calvário possui esse nome porque se tratava de um local de execuções;
- O calvário possui esse nome porque o local de alguma forma se assemelhava com um crânio.
A última hipótese é a mais conhecida, entretanto, para os estudiosos, qualquer uma, ou até mesmo todas, podem ter contribuído para que o local recebesse esse nome.
Uma discussão ainda mais complicada ocorre devido à tentativa de determinar com exatidão onde ficava o calvário. Biblicamente tudo o que sabemos sobre esse local é que ele ficava fora de Jerusalém, porém bastante visível, de modo que provavelmente não estava longe de uma das rotas para a cidade, próximo a um dos portões. Em suas proximidades havia um jardim a qual possuía um túmulo.
Ao longo dos anos, basicamente dois locais em Jerusalém foram apontados como sendo a localidade original do calvário. O primeiro deles, e também o mais antigo, é o local onde está localizada a Igreja do Santo Sepulcro. Antes, nesse mesmo lugar ficava um templo pagão dedicado a Vênus, mas que foi removido pelo imperador Constantino, por este compreender que tratava-se de um local sagrado. Diante disso, podemos perceber que a tradição identifica esse como sendo o local do calvário pelo menos desde o século 4 d.C. Entretanto, muitos estudiosos contestam essa identificação devido às atividades de Tito e de Adriano nos séculos 1 e 2 d.C., que provavelmente alteraram as características originais da região nos tempos de Jesus. Na verdade, existe uma dúvida se nos tempos de Jesus esse local sugerido ficava cercado ou não pelos muros de Jerusalém. Caso ficasse cercado, então esse não é o local, já que sabemos que Cristo foi crucificado do lado de fora da cidade (Hb 13:12). Atualmente, esse local está dentro do atual muro norte de Jerusalém. As diversas alterações em Jerusalém no decorrer dos séculos, tornam essa tarefa de identificação praticamente impossível para os arqueólogos. Nem mesmo a obra do historiador judeu Flávio Josefo possui informações significativas para contribuir na resolução desse dilema.
O segundo local sugerido é o Calvário de Gordon, também conhecido como Túmulo do Jardim, que fica situado a aproximadamente 230 metros a nordeste da Porta de Damasco. Esse local foi sugerido como sendo o lugar onde ocorreu a crucificação de Cristo apenas em meados de 1849. A seu favor, conta-se o fato de que ali existe uma formação rochosa que lembra um crânio humano. Outro ponto que não deve ser desprezado é que esse local se enquadra com as informações descritas na Bíblia. Por outro lado, não existe qualquer tradição na História da Igreja que aponte esse como sendo o local do calvário. Atualmente, a primeira sugestão ainda é a mais aceita como provável, mas tudo ainda se resume apenas a hipóteses.