Por Que Deus Não Permitiu Que Todos Ouvissem o Evangelho?
Diante da realidade de que muitas pessoas nunca ouviram o Evangelho durante a História da humanidade, muita gente não entende por que Deus não permitiu que todos ouvissem o Evangelho quando passaram por este mundo.
Esse texto é a continuação do assunto tratado no texto anterior “Quem Nunca Ouviu o Evangelho Será Salvo?“, onde falamos sobre a situação, em relação a salvação, de quem nunca ouviu o Evangelho, e se há alguma injustiça da parte de Deus na condenação dessas pessoas.
Por que Deus não permitiu que todos ouvissem o Evangelho?
De alguma forma, Deus é revelado a todos os homens. Isso é chamado de Revelação Natural. Um texto bíblico que expressa esse princípio está no livro de Salmos:
Os céus declaram a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra das suas mãos.
(Salmos 19:1)
Basicamente o que essa referência em Salmos (como outras que também podem ser encontradas na Bíblia) está dizendo, é que o homem pode ter uma consciência geral sobre Deus percebendo as obras da criação. Porém, essa revelação não é suficiente para que alguém seja salvo, mas ela escancara a condição de que todos os humanos são indesculpáveis, ou seja, ninguém poderá chegar diante de Deus e dizer que não sabia da existência de um Deus. Os ateus não creem na existência de Deus, mas isso é diferente de não saber da existência dEle.
Na Epístola aos Romanos, aprendemos que os homens rejeitaram essa revelação de Deus na própria natureza e por isso constituíram para si mesmos outros deuses. Isso demonstra que não existe o conceito defendido por muitos de que se alguém que está em uma determinada religião, mas pratica o bem, e sua religião prega o amor, então isso é o que importa e Deus aceitará esse tipo de conduta.
Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder, como a sua divindade, se entendem, e claramente se vêem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis;
Porquanto, tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças, antes em seus discursos se desvaneceram, e o seu coração insensato se obscureceu.
Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos.
E mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível, e de aves, e de quadrúpedes, e de répteis.
(Romanos 1:20-23)
Existe também a chamada Revelação Especial, em que Deus se revela através de Sua Palavra, ou seja, é onde temos conhecimento dos mandamentos de Deus, do plano de Salvação em Cristo e da promessa de Seu retorno e juízo que consumará a História desse mundo.
Não temos as respostas para todas as perguntas referentes aos eternos propósitos de Deus, o que sabemos é que tudo acontece conforme a justa, perfeita e infalível vontade dEle e unicamente para a manifestação de Sua glória.
Entre obedecer a Deus e praticar a iniquidade, o homem sempre escolherá o mal, pois isso faz parte de sua natureza corrompida. Isso significa que mesmo se todas as pessoas ouvissem o evangelho não implicaria que mais pessoas seriam salvas, pois ao homem é impossível escolher o bem em relação a Deus, e muito menos salvar-se a si mesmo.
É por isso que se o Evangelho é anunciado a alguém, isto é graça, e não direito do homem. O pecado colocou o homem em divida com Deus e não o contrário. Esta questão seria um problema se a salvação fosse resultante da escolha do homem, pois no dia do juízo todos os que não ouviram o Evangelho teriam o direito de protestar, alegando que se tivessem ouvido teriam crido, ou seja, nesse caso seria uma condenação injusta.
Porém, quando entendemo que a salvação é simplesmente pela graça de Deus, e que nosso Deus é soberano e escolheu os Seus unicamente pela Sua vontade, sem ser influenciado por qualquer escolha ou mérito do homem, então esse problema sobre os que nunca ouviram o Evangelho fica totalmente resolvido.
Antes de tudo existir, maravilhosamente Ele escolheu os que são Seus e os “chamou com uma santa vocação; não segundo as nossas obras, mas segundo o seu próprio propósito e graça que nos foi dada em Cristo Jesus antes dos tempos dos séculos” (2Tm 1:9).
Na Bíblia temos vários exemplos de pessoas que nos ajudam a compreender esse tema. Jó, Melquisedeque, Abraão e tantos outros, tinham em comum o fato de viverem em uma época onde o paganismo dominava a humanidade, onde a sociedade era corrompida pelo politeísmo, e o culto ao verdadeiro Deus havia sido esquecido.
Eu não sei como Jó conheceu a Deus, mas sei que ele O conheceu. Eu não sei quem evangelizou Melquisedeque, mas sei que ele foi sacerdote do Deus Altíssimo. Quanto a Abraão, bem, todos nós conhecemos a sua história, e como Deus o chamou dentre sua parentela pagã. Todos estes homens serviram o verdadeiro Deus, conheceram Seus mandamentos e creram verdadeiramente em Suas promessas, confiando em Sua infalível fidelidade.
Diante disso, seguramente podemos dizer que ninguém que poderia ser salvo será condenado porque não teve oportunidade. No livro de Atos, temos noticias do resultado de uma evangelização, e como o Evangelho transformou exatamente aqueles que deveriam ser transformados. Note que os que creram foram aqueles que haviam sido designados para a vida eterna:
Ouvindo isso, os gentios alegraram-se e bendisseram a palavra do Senhor; e creram todos os que haviam sido designados para a vida eterna.
(Atos 13:48)
Para finalizar, se os que nunca ouviram o Evangelho fossem salvos, então a missão de evangelizar teria sido um fracasso, pois seria muito melhor que ninguém tivesse sido evangelizado, pois assim, o número de salvos teria sido maior.
Porém, a ordenança que recebemos do nosso Senhor é que devemos anunciar o Evangelho a toda criatura, sendo que esse trabalho não será em vão, pois dentre essa humanidade caída Ele tem os Seus eleitos, os quais convêm agregar, e de uma forma incompreensível a nós, por um plano concebido ainda na eternidade, essas ovelhas não passarão por este mundo sem ouvir a voz do Seu Pastor.
Ainda tenho outras ovelhas que não são deste aprisco; também me convém agregar estas, e elas ouvirão a minha voz, e haverá um rebanho e um Pastor.
(João 10:16)