Quem Eram os Saduceus na Bíblia?
Os saduceus eram um partido religioso e aristocrático que emergiu no período entre o Antigo e o Novo Testamento. O partido dos saduceus era formado principalmente por famílias sacerdotais. Por isto geralmente o sumo sacerdote pertencia a este grupo.
Os saduceus são mencionados diversas vezes no Novo Testamento, sobretudo em oposição a Jesus Cristo (Mateus 3:7; 16:1-12; 22:23,24; Marcos 12:18-27; Lucas 20:27-38; Atos 4:1,2; 5:17; 23:6-8). Além do texto bíblico, os saduceus são também mencionados em fontes históricas do período em que estiveram em atuação.
A origem dos saduceus
Não é possível determinar com exatidão como o partido dos saduceus se originou. Por conta disto, também não se conhece a raiz e o significado exato de seu nome. Muitas teorias já foram levantadas na tentativa de responder a estes questionamentos.
O problema é que a maioria dos registros sobre quem eram os saduceus, não traz um relato detalhado e imparcial sobre o eles. Flávio Josefo, por exemplo, foi um dos que mais escreveu sobre os saduceus em suas obras. Porém, de certa forma ele assim o fez com um tom hostil, visto que ele próprio era um fariseu, um partido oposto aos saduceus em muitos aspectos.
Dentre todas as teorias que falam da origem dos saduceus, a mais plausível conecta o nome desse partido a Zadoque, o sumo sacerdote. Zadoque compartilhou o sumo sacerdócio com Abiatar enquanto Davi foi rei de Israel (2 Samuel 8:17; 15:24; 1 Reis 1:35). Depois, durante o reinado do rei Salomão, Zadoque foi escolhido como o único sumo sacerdote (1 Reis 2:35).
Então os descendentes de Zadoque mantiveram o oficio de sumo sacerdote durante muito tempo. Acredita-se que no período interbíblico, quando os saduceus surgiram, o sumo sacerdócio ainda pertencia à casa de Zadoque.
Ainda dentro desta linha de pensamento, existe muita discussão acerca da forma original que o partido dos saduceus surgiu. Alguns acreditam que eles surgiram originalmente como um partido político. Outros pensam que o grupo dos saduceus nasceu com um propósito especialmente religioso. Há ainda aqueles que defendem que em sua origem, os saduceus eram um partido puramente aristocrático.
Seja como for, entre os saduceus dos dias do Novo Testamento estavam os sacerdotes e a elite de Jerusalém. Isto significa que muitas das pessoas mais ricas e influentes do eixo político-religioso dos judeus, pertenciam a este grupo.
A doutrina dos saduceus
De forma geral, os saduceus reconheciam apenas o Pentateuco como Escritura com autoridade suprema. Para eles, a Lei escrita por Moisés era superior aos escritos dos profetas e as demais obras. Diferentemente dos fariseus, eles rejeitavam terminantemente as tradições orais.
Pode-se dizer que o centro da doutrina dos saduceus era marcado por uma ênfase humanista. Isto obviamente afetava sua visão acerca do próprio Deus e suas obras. Eles negavam a providência divina, e rejeitavam qualquer ensino acerca dos decretos de Deus. Os saduceus acreditavam que Deus nunca interferia na história de modo a afetar a vida dos homens.
Então os saduceus acreditavam que o homem tinha total livre arbítrio, e que tudo o que acontecia, bem ou mal, era resultante do próprio curso da ação e autodeterminação humana. Ao contrário dos fariseus, os saduceus negavam a imortalidade da alma e consequentemente não acreditavam na ressurreição e no juízo final (Mateus 22:23-32). Além disso, eles não aceitavam a existência de anjos e espíritos (Atos 23:6-8).
Os saduceus na Bíblia
Durante o ministério de Jesus e depois no período apostólico, os saduceus estavam intimamente relacionados ao sacerdócio e as questões do Templo. Politicamente, eles apoiavam o estado atual. Eles não formavam um grupo tão numeroso e popular como os fariseus, mas tinham entre seus membros e apoiadores as pessoas mais poderosas.
Por causa de sua ênfase materialista e seu comodismo, para os saduceus as coisas deveriam permanecer como estavam. Eles desfrutavam de prestigio e influência, e não queria que nada disto mudasse.
Apesar das diferenças, em muitas ocasiões do ministério de Jesus os saduceus se aliaram aos fariseus em oposição a Ele. No entanto, a motivação para tal oposição era essencialmente diferente entre esses dois grupos. Os fariseus basicamente viram em Jesus uma ameaça a sua religiosidade hipócrita e ao seu sistema de salvação por obras. Os saduceus, por sua vez, viram em Jesus uma ameaça a sua posição de influência e as suas fontes de lucro e posses materiais.
Por isto em determinadas ocasiões Jesus condenava os ensinos de ambos os grupos de uma só vez (Mateus 16:6-11). O mesmo também o fez João Batista, ao dizer a fariseus e saduceus: “Raça de víboras, quem vos ensinou a fugir da ira futura?” (Mateus 3:7). Ao discutir com os saduceus, Jesus utilizou passagens do Pentateuco para apontar os erros da doutrina daquele grupo (Marcos 12:26,27; Lucas 20:37; cf. Êxodo 3:6).
Por fim, saduceus e fariseus cooperaram entre si no plano para matar o Senhor Jesus (Mateus 16:1-11; 22:15-23; 26; 27:20). Depois, saduceus e fariseus mais uma vez se reuniram diante de Pôncio Pilatos para tentar garantir que qualquer crença na ressurreição de Jesus fosse reprimida (Mateus 27:62-66).
Nos primeiros anos da Igreja Primitiva, o apóstolo Pedro e o apóstolo João foram presos pelos saduceus (Atos 4:1,2; 5:17,18). Quando o apóstolo Paulo compareceu diante do Sinédrio, os saduceus estavam presentes. Naquela ocasião o apóstolo fez questão de enfatizar as diferenças entre fariseus e saduceus, causando grande discussão entre os dois grupos (Atos 23:6-10).