Quem Foi Rispa na Bíblia?

Rispa foi uma concubina do rei Saul de Israel. A história de Rispa ficou conhecida na Bíblia por causa de sua dedicação em proteger os corpos de seus filhos mortos.

Rispa era uma hivita, descendente de Aiá. Isso significa que Rispa era estrangeira. O texto bíblico diz que Rispa foi mãe de pelo menos dois filhos: Armoni e Mefibosete. Aqui é importante ressaltar que esse filho de Rispa chamado Mefibosete não deve ser confundido com o Mefibosete que era filho de Jônatas.

Depois da morte de Saul, Abner – que era o comandante do exército de Saul – tomou Rispa por esposa. Isso acabou gerando uma discórdia entre Abner e Isbosete, o filho de Saul que foi seu sucessor no trono de Israel – embora por pouco tempo.

Isso aconteceu porque ao ver que Abner tinha tomado Rispa como esposa, Isbosete temeu que aquilo fosse um movimento de Abner para ocupar o trono de Israel. Na Antiguidade não são poucos os casos de comandantes de exércitos que acabaram se tornando rei de uma nação após alguma conspiração.

O desentendimento entre Abner e Isbosete acabou ajudando o rei Davi. Abner ficou ofendido com aquela situação e passou a apoiar Davi como rei, que naquele tempo já reinava sobre Judá. Como resultado, Isbosete acabou caindo e Davi finalmente ascendeu como rei de um reino unificado em Israel (2 Samuel 3:7-12).

A história trágica dos filhos de Rispa

Mais tarde, o reino de Israel foi castigado por uma grande seca que durou três anos. Essa seca ocasionou uma crise de fome que trouxe problemas para o reinado de Davi (2 Samuel 21:1-14).

Então o rei de Israel consultou ao Senhor a respeito do motivo de aquela seca estar castigando Israel. A resposta do Senhor para Davi foi a de que aquela seca era resultado da traição de Saul contra os gibeonitas (2 Samuel 21:1).

Israel havia prometido proteger os gibeonitas, mas Saul acabou promovendo uma ofensiva militar que perseguiu e matou muitos gibeonitas. Os gibeonitas não eram parte dos filhos de Israel, mas eram o restante dos amorreus que Israel tinha jurado poupar (2 Samuel 21:2; cf. Josué 9:14). Portanto, Davi chamou os gibeonitas e perguntou a eles o que poderia ser feito para que aquele mal fosse reparado.

Os gibeonitas, por sua vez, asseguraram que eles não queriam nenhum ouro ou prata de Israel, e muito menos matar qualquer israelita, mas queriam que a descendência de Saul pagasse por aquele crime. Então eles solicitaram que Davi entregasse a eles sete de entre a descendência de Saul para que eles pudessem enforca-los. Davi concordou com a proposta e prometeu entregar sete homens da casa de Saul aos gibeonitas.

Foi em meio a esse conflito étnico que o drama da história de Rispa começou. Isso porque entre esses homens que foram entregues por Davi aos gibeonitas estavam os dois filhos de Rispa, Armoni e Mefibosete; além dos cinco filhos de Merabe, filha de Saul (2 Samuel 21:8).

Como Davi havia prometido proteger a descendência de Jônatas, ele excluiu Mefibosete que era filho de Jônatas e neto de Saul, e entregou os dois filhos de Rispa ­– que havia sido concubina de Saul – para morrerem juntamente com os netos de Saul através de sua filha Merabe.

O texto bíblico diz que os gibeonitas tomaram esses homens e os “enforcaram no monte, perante o Senhor” (2 Samuel 21:9). Isso aconteceu no princípio da ceifa da cevada, ou seja, no período do ano equivalente ao mês de abril.

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A dedicação de Rispa como mãe

A Bíblia diz que quando seus filhos foram enforcados, Rispa pegou um pano grosseiro e fez um abrigo sobre uma rocha próximo ao local onde estavam os corpos que ficaram expostos. Então ela montou guarda diante dos corpos de seus filhos e impediu que eles fossem devorados pelas aves de rapina durante o dia e pelos animais do campo durante a noite.

Naquele tempo era considerado uma desonra muito grande quando os corpos dos mortos eram transformados em alimento para as aves do céu e os animais do campo (cf. Deuteronômio 28:26). Expor o corpo morto de uma pessoa impedindo o seu sepultamento era uma forma de desgraçar a pessoa.

Então Rispa protegeu os corpos de seus filhos de dia e de noite, até que eles pudessem ser sepultados. Rispa foi uma protetora incansável dos corpos dos seus filhos desde o início da colheita até o começo das chuvas de outono no hemisfério Norte, um período de quase seis meses. É provável que Davi tenha deixado os corpos expostos durante todo esse tempo esperando alguma evidência de que o crime contra os gibeonitas havia sido reparado e que a benção do Senhor estava novamente sobre Israel.

O rei Davi ficou sabendo da dedicação de Rispa em proteger os corpos de seus filhos. Nesse ponto o texto bíblico dá a entender que Davi mandou recolher os restos mortais daqueles homens, e tal como os ossos de Saul e de Jônatas foram recuperados dos moradores de Jabes-Gileade, os ossos daqueles homens foram sepultados de forma digna no túmulo da família de Saul (2 Samuel 21:11-14).

É interessante notar que até aquele momento a Bíblia diz que o Senhor não tinha mudado sua atitude com relação à terra de Israel, ou seja, a fome ainda persistia. Mas depois de os corpos serem sepultados, o escritor bíblico registra que “Deus se tornou favorável para com a terra” (2 Samuel 22:14). Isso significa que a crise havia chegado ao fim.

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