Quem Foram Sambalate, Tobias e Gesém?
Sambalate, Tobias e Gesém, foram pessoas que se levantaram em oposição à obra de reconstrução dos muros de Jerusalém no tempo de Neemias. Essa oposição ocorreu durante um período em que o Império Persa dominava todo o antigo Oriente Próximo. Nesse contexto, Sambalate, Tobias e Gesém ocupavam posições políticas dentro desse império.
Quem foi Sambalate
O nome Sambalate significa “Sin dá a vida”. Esse nome é de origem babilônica, e “Sin” era o deus da lua do panteão desse povo. Em algumas versões esse nome também pode aparecer traduzido como “Sambalá”.
Sambalate era o governante de Samaria, a área ao norte de Judá. No livro de Neemias ele é chamado de “o horonita”. Provavelmente essa designação significa que ele era proveniente de Bete-Horom. Esse lugar ficava aproximadamente 29 quilômetros de Jerusalém.
Sambalate e seus descendentes serviram como governadores de Samaria por mais de um século. Seus dois filhos se chamavam Delias e Selemias, dois nomes que terminavam com uma forma contraída de “Javé”, o nome de Deus. Isso parece indicar que de alguma forma Sambalate pode ter sido adorador do Deus de Israel. Saiba mais sobre o significado de Javé.
Talvez Sambalate descendesse de uma família israelita, ou quem sabe descendia de um dos povos que foram levados pelos assírios à Palestina. De qualquer forma, provavelmente Sambalate era um sincrético. Isso significa que ele temia o Deus de Israel, mas também servia a deuses pagãos (cf. 2 Reis 17:24-41).
Essa hipótese obviamente se harmoniza com a informação de que a filha de Sambalate casou-se com o neto de um sumo sacerdote (Neemias 13:28). Um de seus descendentes, talvez seu neto, que também se chamava Sambalate, teria sido o governador que deu início a edificação do Templo samaritano no Monte Gerizim.
Quem foi Tobias
Existem vários personagens bíblicos citados com esse nome, mas o mais conhecido deles foi o opositor de Neemias. Tobias provavelmente era o governador de Amóm, a leste de Judá. O nome Tobias significa “o Senhor é bom”. Seu nome talvez seja um indicativo de que Tobias também tenha adorado o Deus de Israel.
Tobias é citado no livro de Neemias como “o servo amonita” (Neemias 2:10). Não é possível determinar com exatidão o que essa expressão realmente indica. Alguns estudiosos entendem que talvez ele tenha sido um escravo liberto que conseguiu alcançar uma posição de muita influência em Amom, talvez até a posição de governador da província.
Alguns intérpretes sugerem que Tobias é o mesmo Tabeel citado em Esdras 4:7. Para tanto, eles datam essa passagem em pouco antes da chegada de Neemias. Tabeel é a forma aramaica do hebraico Tobias.
Tobias recebeu um quarto na área do Templo que anteriormente era usado como depósito. Isso aconteceu porque ele tinha um parente entre os sacerdotes e desfrutava de boa relação com os principais religiosos e nobres de Jerusalém (cf. Neemias 6:17,18; 13:6). Depois, quando Neemias retornou, ele se desfez dos pertences de Tobias e mandou limpar o quarto, tornando-o a usá-lo como depósito (Neemias 13:6-9). Muitos estudiosos consideram Tobias como o antepassado dos Tobíades que governaram Amom até muitos anos depois de seu tempo.
Quem foi Gesém
Gesém foi o terceiro oponente de Neemias. Ele é designado como “o árabe”. Isso significa que provavelmente ele era um chefe árabe que dominava o sul de Judá. Que Gesém era um indivíduo influente não resta dúvida à luz do texto de Neemias (Neemias 2:19; 6:1,2).
Além disso, antigas inscrições também indicam a proeminência de Gésem. Ele é retratado como um tipo de líder principal das tribos e dos negociantes do norte da Arábia. Era característico dos reis persas manterem boas relações com os árabes.
A oposição de Sambalate, Tobias e Gesém
A oposição de Sambalate e Tobias contra Neemias e sua obra de reconstrução dos muros de Jerusalém, teve um aspecto político. Porém, em suas raízes, essa oposição era fundamentalmente religiosa. Saiba mais sobre quem foi Neemias.
Pouco depois de retornar a Jerusalém, Neemias liderou uma inspeção nos muros da cidade. Consciente da aprovação divina, Neemias aconselhou e incentivou os oficiais da cidade a reconstruírem esses muros. Essa era uma atitude muito significativa. A cidade já estava assolada por quase cento e cinquenta anos. Antes disso, uma tentativa de reconstrução já havia sido frustrada (cf. Esdras 4:7-23).
O Império Persa dominava toda aquela região, e fazia questão de monitorar de perto e reprimir qualquer sinal de perturbação da ordem ou revolta pública. Sob esse aspecto, a reconstrução dos muros de uma cidade conquistada representava uma ameaça à administração central do império. Mas Deus levantou Neemias, alguém que tinha a confiança do rei persa, para executar essa importante missão de reconstrução dos muros de Jerusalém.
Foi nesse pano de fundo que Sambalate, Tobias e Gesém fizeram oposição a Neemias. Eles queriam frustrar a todo custo a reedificação dos muros da cidade. Esses adversários espalharam certos boatos de que os judeus tinham se revoltado contra Pérsia.
Sambalate, Tobias e Gesém tinham motivos próprios específicos para empreenderem a oposição. Sambalate provavelmente desejava controlar a Judeia, assim como já controlava Samaria. Talvez algo semelhante possa ser dito de Tobias. Com relação à Gesém, é possível que ele temesse rivais no comércio que ele controlava.
Porém Sambalate, Tobias e Gesém, tinham em comum o objetivo de intimidar os judeus com a finalidade de atrasar a reconstrução dos muros. Eles zombaram, escarneceram e desprezaram o povo de Deus.
Sambalate, Tobias e Gesém são derrotados
Com a oposição de Sambalate, Tobias e Gesém, pode-se dizer que Neemias estava cercado por inimigos. Além disso, a narrativa bíblica ainda acrescenta mais a frente os asdoditas (Neemias 4:7,8). Assim, Sambalate estava ao norte, Tobias a leste, os asdoditas a oeste e Gesém ao sul.
Mas toda oposição caiu por terra diante da ação soberana de Deus. Sem dúvida Neemias desempenhou o papel de um grande estrategista, mas foi Deus quem realizou tudo por meio de sua providência.
Foi o Senhor que frustrou os desígnios de Sambalate, Tobias, Gesém e os demais opositores aliados. Os muros foram reconstruídos em impressionantes 52 dias, e o povo de Deus experimentou o reavivamento depois da leitura da Lei feita pelo sacerdote Esdras. Depois a Festa dos Tabernáculos também foi celebrada (Neemias 6:15; 8:1ss). As figuras de Sambalate, Tobias e Gesém são mais uma prova de que nenhuma oposição é capaz de frustrar os planos do Senhor Todo-Poderoso.