O Que São Boas Obras na Bíblia?
Praticar boas obras significa fazer todas aquelas coisas que estão de acordo com a vontade de Deus. Isso inclui as obras que tem lugar em nosso relacionamento com Deus e também com o próximo.
Os crentes são chamados à pratica das boas obras que deve ser uma característica distintiva da vida cristã. Isso quer dizer que não é possível ser um verdadeiro seguidor de Jesus Cristo e ao mesmo negligenciar a necessidade das boas obras.
Além disso, um dos aspectos mais importantes das boas obras é, justamente, seu caráter misericordioso. Quando os crentes se engajam com a mordomia das obras de misericórdia, eles acabam refletindo um dos atributos do ser de Deus: a misericórdia. A Bíblia diz que Deus é rico em misericórdia (Efésios 2:4); Ele é o pai de misericórdia (2 Coríntios 1:3). Então é naturalmente esperado que aqueles que são feitos filhos de Deus adotados em Cristo, também sejam misericordiosos (Lucas 6:36; cf. Mateus 18:21-35; Colossenses 3:12). A palavra misericórdia possui um significado amplo que expressa o conceito de compaixão piedosa para com outros.
O cristão e as boas obras
Há alguns princípios muito importantes que precisamos entender sobre a prática das boas obras. Em primeiro lugar, as verdadeiras boas obras diante de Deus só podem ser praticadas por aqueles que foram regenerados pelo Espírito Santo. Isso quer dizer que sem a fé genuína é impossível haver boas obras.
O homem natural pode realizar obras de misericórdia que são socialmente boas do ponto de vista humano. Apesar do pecado, por causa da graça comum de Deus nem todos os homens são tão maus quanto poderiam ser. Como portador da imagem de Deus – mesmo que esta esteja desfigurada pelo pecado – ainda há no homem certa consciência moral (Mateus 7:11; cf. Romanos 2:14). Isso explica porque há muitos ímpios que constantemente estão envolvidos com ações de caridade etc.
Porém, do ponto de vista de Deus, será que tudo o que parece ser bom aos nossos olhos pode ser considerado boas obras? O profeta Isaías responde esta questão dizendo que todas as boas ações dos homens são como trapos imundos por causa de sua impureza (Isaías 64:6).
É por isso que as nossas boas obras só podem ser agradáveis diante de Deus se forem frutos da verdadeira fé, pois sem fé é impossível agradar a Deus (Hebreus 11:6). Como a fé é apresentada na Bíblia como um dom de Deus, e Cristo é denominado o Autor e Consumador da fé, somente através dos méritos de Cristo é que Deus enxerga as nossas ações como boas obras. As verdadeiras boas obras não são aquelas que estão carregadas de boas intenções humanas, mas são aquelas que estão vestidas da justiça de Cristo.
Em segundo lugar, as boas obras não são a causa da nossa salvação, mas são o efeito dela. Os crentes não praticam boas obras para serem salvos, mas praticam boas obras porque são salvos.
Como foi dito, a fé não é fruto das boas obras, mas as boas obras são frutos da fé. Por isso que Tiago escreve que a fé sem obras é morta em si mesma (Tiago 2:17).
Em terceiro lugar, as boas obras são para a glória de Deus. Jamais devemos querer praticar boas obras buscando o reconhecimento próprio (Mateus 6:1). Praticar boas obras de misericórdia esperando o louvor dos homens é um comportamento hipócrita (Mateus 6:2).
A Bíblia diz que em tudo o que fizermos devemos buscar a glória de Deus (1 Coríntios 10:31). O Senhor Jesus nos ensina: “Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem o vosso Pai, que está nos céus” (Mateus 5:16).
Como praticar boas obras?
A Bíblia nos ensina que fomos criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas (Efésios 2:10). Portanto, a mordomia das obras de misericórdia faz parte do modelo de vida cristã que Deus nos preparou (cf. Tito 3:8). De modo geral, as boas obras servem de evidência da nossa salvação.
Existem vários tipos de boas obras que podemos citar. A nível pessoal, podemos falar das boas obras em conexão direta com a santificação. O exercício da oração, o estudo da Palavra de Deus e a busca pelo desenvolvimento dos dons espirituais em nossas vidas, são atividades fundamentais em nosso relacionamento com Deus, e refletem a nova inclinação do nosso coração regenerado que busca o bem espiritual.
Já a nível social e congregacional, há realmente muitas possibilidades de praticarmos boas obras. Do Antigo ao Novo Testamento somos exortados a amar o próximo e a se preocupar com a necessidade alheia. Na Parábola do Bom Samaritano, por exemplo, Jesus ensina claramente sobre a importância do cuidado com o próximo; mesmo se o próximo for o nosso inimigo (Lucas 10:25-37).
Sim, a mordomia das obras de misericórdia não faz distinção entre amigos e inimigos. Citando o Antigo Testamento, o apóstolo Paulo escreve: “Se o teu inimigo tiver fome, dá lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber; porque, fazendo isto, amontoarás brasas vivas sobre a sua cabeça” (Romanos 12:20; cf. Provérbios 25:21,22).
Ainda sobre a mordomia das obras de misericórdia, Tiago também ensina: “A religião pura e imaculada para com Deus, o Pai, é esta: visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações e guardar-se da corrupção do mundo” (Tiago 1:27).
As boas obras também devem se estender aos nossos irmãos na fé. Muita gente acaba se preocupando tanto com a assistência social com os de fora, que acaba negligenciando as necessidades dos de dentro da própria casa. Tudo o que fazemos em atenção às necessidades daqueles que fazem parte da família da fé, na verdade estamos fazendo ao próprio Senhor (Mateus 25:40; cf. Mateus 10:42).
Também faz parte da mordomia das boas obras a preocupação com as necessidades espirituais das pessoas. Somos ensinados a amparar uns aos outros na caminhada da fé; bem como se empenhar nos trabalhos de evangelização para que o Evangelho de Cristo alcance os perdidos.
Devemos nos lembrar que o Evangelho é o maior tesouro que podemos compartilhar com alguém. Além disso, por mais que os crentes devam se comprometer com causas sociais, jamais podemos esquecer que a missão principal da Igreja é levar o Evangelho. Distribuir pão ao faminto não substitui apresentar ao pecador o Pão da Vida que desceu do céu. Portanto, pratiquemos a mordomia das obras de misericórdia em todos os seus aspectos. Que através das nossas boas obras possamos refletir um caráter moldado à semelhança de Cristo; e que Deus seja glorificado em todas as coisas.