O Mistério da Unidade Revelado

Na Bíblia lemos sobre o mistério da unidade revelado. Esse mistério trata da união de judeus em gentios em só corpo em Cristo. Na Igreja de Cristo não há distinções raciais ou sociais, pois pessoas de todos os povos, raças línguas e nações formam um único povo diante de Deus.

Foi o apóstolo Paulo quem escreveu sobre o mistério da unidade revelado. O apóstolo dos gentios, em suas epístolas, escreveu e explicou sobre esse mistério que lhe fora revelado. Na Carta aos Efésios, por exemplo, ele esclarece: “Certamente vocês ouviram falar da responsabilidade imposta a mim em favor de vocês pela graça de Deus; isto é, o mistério que me foi dado a conhecer por revelação, como já lhes escrevi brevemente. Ao lerem isso vocês poderão entender a minha compreensão do mistério de Cristo” (Efésios 3:2-4).

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O significado de mistério na Bíblia

A palavra “mistério” na Bíblia traduz o termo grego mysterion que significa “algo escondido”, “secreto”. Essa palavra aparece pelo menos 27 vezes no Novo Testamento, principalmente nos escritos do apóstolo Paulo. No Antigo Testamento a palavra mais próxima do significado de “mistério” é a palavra “segredo” que geralmente se refere aos conselhos de Deus revelados ao seu povo (Daniel 2:47).

Na Antiguidade era comum a ocorrência das chamadas “religiões de mistérios” que traziam ensinos esotéricos secretos que só podiam ser apropriados por algumas poucas pessoas especiais que preenchiam certos requisitos de acordo com os parâmetros de tais religiões. Era assim que a palavra “mistério” era empregada na cultura grega para designar os rituais místicos das religiões gregas.

Então nesse sentido, os mistérios eram, sobretudo, coisas ocultas que não estavam à disposição de todos; era um conhecimento seleto que apenas alguns tinham acesso. Esse tipo de conceito pôde ser visto em alguns ramos místicos do Judaísmo e também em certos grupos que tentaram se introduzir no meio do Cristianismo.

Mas o sentido de “mistério” no Novo Testamento contrasta com esse tipo de abordagem. No Testamento, “mistério” geralmente é algo antes oculto, mas agora verdadeiramente revelado, e uma vez revelado, passa a ser conhecido e compreendido. A revelação desses mistérios aos homens parte do próprio Deus por meio de seu Espírito.

Conforme Donald Burdick explica, é assim que a palavra mistério é usada na Bíblia no Novo Testamento para se referir ao Evangelho, tanto em um sentido mais amplo tendo em vista todo o plano de redenção, bem como em um sentido mais restrito abordando aspectos específicos do Evangelho, tais como: o mistério da encarnação de Cristo; o mistério da unidade revelado onde a Igreja, como corpo de Cristo, inclui os judeus e os gentios; a transformação dos crentes na volta de Cristo; etc. (Wycliffe Bible Dictionary, 2000).

Como Paulo é o autor bíblico que mais aplica a palavra “mistério”, S. Smalley observa que o apóstolo faz uso dessa palavra em quatro aspectos principais: 1) o mistério é eterno em seu escopo, já que se relaciona com o plano divino da salvação; 2) o mistério é histórico em seu anúncio, pois foi anunciado historicamente e definitivamente por Deus na pessoa de Cristo; 3) é espiritual em sua percepção, pois só pode ser compreendido de forma correta espiritualmente; e 4) é escatológico em seu resultado, pois embora já revelado ainda aguarda seu cumprimento final (New Bible Dictionary, 1962).

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Qual é o mistério da unidade revelado?

Ao falar do mistério da unidade revelado, o apóstolo Paulo explica que “esse mistério não foi dado a conhecer aos homens doutras gerações, mas agora foi revelado pelo Espírito aos santos apóstolos e profetas de Deus, a saber, que mediante o evangelho os gentios são co-herdeiros com Israel, membros do mesmo corpo, e co-participantes da promessa em Cristo Jesus” (Efésios 3:5,6).

Muitas verdades do plano eterno de Deus não estavam claras nos tempos veterotestamentários, e foram reveladas ou esclarecidas de um modo compreensível somente nos tempos neotestamentários. Uma dessas verdades é justamente o mistério da unidade de judeus e gentios no corpo de Cristo.

Apesar de desde os tempos mais remotos Deus ter anunciado a extensão universal da bênção da salvação – no sentido de que pessoas de todos os povos seriam conduzidas ao conhecimento da verdade e se tornariam participantes da família de Deus – essa promessa tornou-se clara apenas no Novo Testamento. Isto fica evidente à luz da interpretação que o apóstolo Paulo faz na Carta aos Gálatas da promessa de Deus a Abraão registrada no livro de Gênesis (Gálatas 3:28; cf. Gênesis 12:3).

Então embora os profetas veterotestamentários tenham escrito sobre a bênção futura da qual pessoas de todos os povos participariam – e não apenas judeus – eles não puderam compreender plenamente o seu significado no exato estágio da história da redenção em que se encontravam. Eles testificaram que a bênção da redenção alcançaria os gentios; mas não explicaram que judeus e gentios estariam em perfeita igualdade na Igreja que se ergueria em lugar da antiga teocracia de Israel.

O teólogo do Novo Testamento William Hendriksen explica essa questão dizendo que o mistério da unidade revelado está relacionado não meramente com uma aliança de judeus e gentios; ou talvez um acordo amigável para viverem juntos e em paz; ou ainda uma combinação externa ou uma associação entre ambos os povos. Ao contrário! Esse mistério está relacionado a uma fusão completa e permanente, uma união perfeita e espiritual de elementos antagônicos em um único organismo, uma “nova humanidade”. Na casa de Deus não há inquilinos; são todos filhos (Comentário do Novo Testamento – Exposição de Efésios e Filipenses, 1968). Este é o mistério da unidade revelado.

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