O Que é Concupiscência?
Concupiscência é uma palavra que transmite a ideia de um forte desejo, uma cobiça exagerada por algo. O termo concupiscência aparece em diversas passagens bíblicas, e algumas pessoas acabam ficando em dúvida com relação ao seu significado. Neste estudo bíblico entenderemos o que é concupiscência na Bíblia.
O significado de concupiscência na Bíblia
O termo concupiscência é utilizado nas versões bíblicas em português para traduzir alguns termos bíblicos originais em hebraico e grego. O sentido moderno da palavra concupiscência, referindo-se a paixões sexuais, não pode ser aplicado como regra nos textos bíblicos, ou seja, a interpretação correta de concupiscência na Bíblia dependerá do contexto de cada passagem, sendo que na maioria das vezes tal termo simplesmente designa um forte desejo qualquer.
Concupiscência no Antigo Testamento
No Antigo Testamento a palavra concupiscência pode traduzir o hebraico nephesh, que significa “um desejo ardente”. Neste sentido o termo original é aplicado em Êxodo 15:9 para se referir a ambição do exército de faraó em alcançar e destruir o povo de Israel.
Em alguns casos a palavra concupiscência também traduz outro termo hebraico, ta’awa, que é aplicado no sentido de “luxúria”, “desejo excessivo”, como em Números 11:4,34 e Salmo 78:30.
Concupiscência no Novo Testamento
No Novo Testamento, concupiscência traduz com frequência o grego epithumia, que também é aplicado em diferentes contextos. No livro do Apocalipse, João utilizou esse termo para se referir a ânsia dos negociantes em contabilizar seus lucros (Ap 18:14).
Em Marcos 4:19 o termo designa um desejo ou ambição qualquer. Esse desejo não necessariamente está relacionado ao que é mau, mas também pode ser manifestado por aquilo é bom, no sentido de “zelo pelo que é correto”. É assim que esse termo é aplicado em Lucas 22:15, para se referir ao intenso desejo do Senhor em comer a Páscoa com os doze apóstolos; em Filipenses 1:23, para se referir ao desejo de Paulo em estar com Cristo, e em 1 Tessalonicenses 2:17, para expressar a vontade do apóstolo em estar com seus irmãos na fé.
Por outro lado, o apóstolo Paulo também emprega o mesmo termo grego para designar o desejo, ou cobiça, por aquilo que é proibido. É nesse sentido que na Carta aos Romanos ele escreve que Deus entregou o homem corrompido pelo pecado às suas próprias concupiscências (Rm 1:24).
Falando sobre as obras da carne em contraste com o fruto do Espírito, Paulo expôs a intensidade do conflito que há entre o desejo da carne e o desejo do Espírito (Gl 5:17). Paulo também adverte contra os profundos e exagerados desejos carnais que colocam o homem contra a vontade de Deus em Efésios 2:3; 4:22 e Colossenses 3:5.
Escrevendo a Timóteo, o apóstolo o exortou a fugir das paixões (ou desejos) da mocidade (2Tm 2:22), e falando a Tito ele demonstrou que a graça de Deus nos ensina a renunciar às concupiscências mundanas, de modo que essa renúncia também demonstra que tal pessoa realmente foi regenerada (Tt 2:16; cf. Tt 3:3).
A concupiscência aparece na lista de vícios reprováveis escrita pelo apóstolo Pedro em sua primeira epístola (1Pe 4:3), sendo que ele também aconselhou aos seus leitores que se abstenham das concupiscências carnais, que combatem contra a alma (1Pe 2:11).
O apóstolo João, em sua epístola, se referiu à concupiscência da carne e a concupiscência dos olhos, ao lado da soberba da vida, como coisas passageiras e sem valor que pertencem ao mundo (1Jo 2:16,17). Por outro lado, o apóstolo diz que aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre.
Também há outros termos cognatos em que a palavra concupiscência é uma possível tradução, como por exemplo, o termo hedone que significa “prazer” empregado por Tiago em sua epístola. Também em Lucas 8:14 o termo aparece traduzido como “deleites da vida”. Em 1 Tessalonicenses 4:5 o grego pathos, que significa “paixão”, é utilizado, e, por fim, em Romanos 1:27 encontramos o grego orexis, que significa “grande desejo” ou “desejo forte”.
Com tudo isso, o que podemos perceber é que o mesmo termo pode ser utilizado tanto no sentido de um desejo perverso e pecaminoso quanto no sentido de um desejo bom e legítimo, ou seja, o termo originalmente transmite o sentido de “desejo intenso”, porém é o objeto de desejo ou sua motivação que determinará se esse desejo é aprovado ou reprovado. Em linhas gerais, qualquer desejo que priorize exclusivamente a autogratificação torna-se concupiscência da carne e é contrário à Palavra de Deus.