Qual a Origem do Pecado? Quando o Pecado Surgiu?
A Bíblia não explica em detalhes a origem do pecado, mas nos informa como ele entrou na humanidade e nos fornece alguns detalhes importantes acerca de sua existência antes de atingir o homem. Quando Adão e Eva pecaram no Éden, o pecado já existia, ou seja, a Queda do homem não marcou o início da existência do pecado no Universo, mas apenas sua entrada no mundo físico com sua origem na humanidade.
Deus não é o autor do pecado
Obviamente que quando se fala na origem do pecado, naturalmente se está discutindo a própria origem do mal filosófico, isto é, o mal moral. Logo, a primeira coisa que precisamos considerar quando falamos sobre a origem do pecado é que Deus não é o seu autor. A Bíblia é muito clara ao afirmar que Deus não tenta a ninguém para fazer o mal (Tiago 1:13).
Deus é plenamente santo e justo (Deuteronômio 32:4; Salmo 92:16; Isaías 6:3), e com toda sua retidão Ele odeia o pecado (Deuteronômio 25:16; Salmos 5:4; 11:5; Zacarias 8:17; Lucas 16:15). No livro de Jó lemos a declaração: “Longe de Deus esteja o praticar a maldade e do Todo-Poderoso o cometer a perversidade!” (Jó 34:10).
É verdade que no Antigo Testamento encontramos passagens que parecem atribuir o mal a Deus, como por exemplo, quando o próprio Deus diz através da profecia do profeta Isaías: “Eu formo a luz, e crio as trevas; eu faço a paz, e crio o mal; eu, o Senhor, faço todas estas coisas” (Isaías 45:7).
No entanto, é preciso observar que tais passagens não se referem ao mal moral que implica no pecado, mas ao mal temporal, isto é, calamidades e desgraças físicas, como por exemplo, o castigo que Deus enviava contra o povo de Israel devido ao pecado que cometiam. O cativeiro na Babilônia é um exemplo disso.
Também é verdade que a origem do pecado não pegou Deus de surpresa. Ainda na eternidade, antes de criar todas as coisas, Ele já sabia que suas criaturas lhe desobedeceriam. Assim, sob esse aspecto, o decreto eterno de Deus evidentemente considerou a origem do pecado entre suas criaturas, mas é preciso sempre lembrar que a raiz do pecado é o orgulho e a rebelião contra o próprio Deus, o que torna completamente ilógica qualquer hipótese que atribua a Deus a autoria ou a responsabilidade pelo pecado.
Além disso, diante das afirmações explicitas das Escrituras acerca da perfeita santidade e justiça de Deus, afirmar que Deus é o autor do pecado evidentemente implica numa blasfêmia contra sua natureza e seu caráter.
A origem do pecado e os anjos
Diante da verdade bíblica de que o mal não pode proceder de Deus, naturalmente devemos concluir que tudo o que Ele criou era inicialmente bom (Gênesis 1:31). Assim, todos os anjos também foram criados bons, mas algo aconteceu entre eles que fez com que muitos se rebelassem contra o Criador.
A Bíblia não explica quando ocorreu essa queda entre os anjos, apenas nos informa que ela realmente ocorreu e que isso se deu antes da Queda do homem, visto que o pecado do primeiro casal foi motivado por um tentador (Gênesis 3).
Alguns estudiosos entendem que a profecia do profeta Isaías contra a Babilônia e a profecia do profeta Ezequiel contra o governante de Tiro, são indicativos da origem do pecado e da consequente queda angelical, mas isso é difícil saber, pois ambas as passagens não são tão claras nesse aspecto.
No entanto, o Novo Testamento lança luz sobre essa questão. O apóstolo Paulo, escrevendo a Timóteo, indica que o orgulho de Satanás o precipitou em condenação (1 Timóteo 3:6). Obviamente sua soberba foi em tentar ser como Deus, e com a mesma oferta ele seduziu o primeiro casal (Gênesis 3:5).
O próprio Jesus afirmou que Satanás “foi homicida desde o princípio, não se firmou na verdade, porque não há verdade nele” (João 8:44). Judas também escreve acerca dos anjos que “não guardaram o seu estado original, mas abandonaram o seu próprio domicilio” (Judas 6), e o apóstolo Pedro fala sobre o castigo de Deus sobre os anjos que pecaram (2 Pedro 2:4).
A origem do pecado na humanidade
A Bíblia é bastante clara com relação a origem do pecado na humanidade. O capítulo 3 do livro de Gênesis descreve em detalhes como se deu a Queda do homem. Adão e Eva sucumbiram à tentação, e se colocaram em oposição à Deus.
Eles cobiçaram ser como Deus, se rebelaram contra sua autoridade, desacreditaram de sua palavra, desobedeceram a sua ordem, transgrediram sua lei e tentaram furtar sua glória. Quando comeram do fruto da árvore do conhecimento eles concretizaram sua condição de inimigos de Deus e merecedores de sua ira.
Como Adão estava na posição de pai, representante e chefe da raça humana, seu pecado lançou toda a humanidade nesse estado de inimizade contra Deus, ou seja, o efeito e a culpa do pecado de Adão atingiram a todos os seus descendentes, isto é, todos pecam em Adão.
É por isso que o apóstolo Paulo escreve dizendo que “assim como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram” (Romanos 5:12).
Como resultado da origem do pecado na humanidade, o homem e toda criação terrena ficou debaixo do juízo de Deus. A terra foi amaldiçoada (Gênesis 3:17), e o homem foi condenado à morte (Gênesis 2:17). Essa morte implica tanto a morte física quanto, principalmente, a morte espiritual que resulta na morte eterna (Apocalipse 20:14).
O primeiro casal foi criado por Deus completamente bom, com toda sua capacidade moral na mais pura integridade, à imagem e semelhança deDeus, porém utilizou seu arbítrio para ceder a tentação, e sua concupiscência em querer usurpar para si os atributos divinos, deu origem ao pecado na humanidade.
A partir dali, o pecado deformou a imagem de Deus impressa no homem, corrompendo todas as suas faculdades, de modo que toda a humanidade está inclinada ao mal, ou seja, devido a sua completa depravação, por sua própria natureza, o homem é incapaz de fazer qualquer bem em relação a Deus (Romanos 3).
A boa notícia é que da mesma forma que a Bíblia afirma a origem do pecado na humanidade, ela também afirma que o próprio Deus planejou salvar o homem do pecado, mediante a obra redentora de Jesus Cristo, que mesmo sendo perfeito homem, assim como nós, não foi achado nele pecado algum, mas Ele ocupou o lugar de pecadores, levando sobre si todas as suas iniquidades, fazendo a propiciação dos pecados de seu povo, e provendo a reconciliação e o perdão dos redimidos diante de Deus (Hebreus 2:17).
Também vale lembrar que se as Escrituras não fornecem tantos detalhes sobre a origem do pecado antes de entrar na humanidade, elas nos informam de forma extremamente clara acerca do fim definitivo do pecado, quando Deus fará nova todas as coisas, e seu povo nunca mais estará sujeito a qualquer tipo de tentação (Apocalipse 21).