Quem Eram os Zelotes na Bíblia?
Os Zelotes formavam uma facção judaica nacionalista que lutava contra o domínio romano sobre Israel. O nome Zelote significa “zeloso” no sentido de “fanático”. Esse mesmo grupo também era conhecido como “nacionalistas” ou “cananeus”.
O significado de Zelotes na Bíblia
O termo “Zelotes” aparece na Bíblia em diferentes contextos. Na maioria das vezes parece manter simplesmente o significado original do grego zelotes, “zeloso”. É dessa forma que o apóstolo Paulo falou de si mesmo como um zelote religioso (Atos 22:3; Gálatas 1:14). É assim também que os membros de Jerusalém eram denominados como “zelosos da Lei” (Atos 21:20), indicando o zelo pela honra do Senhor.
No entanto, é possível que Simão, um dos doze discípulos de Jesus, havia pertencido ao grupo dos Zelotes, e talvez por isso seja identificado pelo evangelista Lucas como Simão, o Zelote (Lucas 6:15; Atos 1:13). Se isto estiver correto, então a designação “Zelote”, com referência a ele, não indica simplesmente o zelo religioso, mas sua ligação com o grupo radical judeu.
Esse grupo nacionalista provavelmente foi apelidado de “Zelotes” pelo fato de que talvez tenham se espelhado no exemplo de Finéias quando demonstrou grande zelo pela causa do Senhor num período de apostasia por parte de alguns israelitas no deserto (Números 25:11; Salmos 106:30), ou mesmo na conduta de Matatias e seus filhos quando Antíoco IV Epifânio tentou destruir a religião judaica.
O partido dos Zelotes
Provavelmente o partido dos Zelotes teve origem nas ideias revolucionárias de Judas, o Galileu. Judas organizou e liderou uma revolta no ano 6 d.C. contra anexação de Judá como uma província diretamente submissa a Roma.
Os Zelotes, sob a liderança de Judas, não aceitavam o pagamento de impostos a uma nação estrangeira, e nem o domínio de um imperador pagão sobre eles. Eles acreditavam que o governo de Israel era uma Teocracia, e sua terra deveria ser dedicada ao Senhor. Assim, se Israel se submetesse ao domínio romano seria caracterizado uma traição a Deus.
Por ter conseguido muitos simpatizantes à causa, o grupo dos Zelotes cresceu e causou certas dificuldades aos romanos. Muitos dos Zelotes faziam uso da força, incluindo assassinatos, pois acreditavam que desde que um bom resultado fosse alcançado, a violência era perfeitamente justificada. O bom resultado a que se referiam obviamente era a quebra da opressão estrangeira sobre Israel.
Nos anos seguintes, os membros da família de Judas continuaram liderando os Zelotes. Isto resultou na crucificação de dois de seus filhos por ordem do procurador romano Alexandre, em aproximadamente 46 d.C. Alguns comentaristas acreditam que o criminoso Barrabás que foi solto no lugar de Jesus, tenha pertencido ao grupo dos Zelotes. Então talvez o crime que o tenha levado a prisão foi justamente um atentado contra soldados romanos.
Os Zelotes tiveram uma participação muito ativa na revolta judaica dos anos 66 a 70 que culminou na queda de Jerusalém em 70 d.C. Já e em 73 d.C., a última fortaleza dos Zelotes, Massada, também caiu frente aos romanos. Por conta disto, para muitos os Zelotes ficaram marcados como sendo aqueles que levaram Jerusalém a destruição.
Isso explica por que Flávio Josefo, na obra Guerras Judaicas, não se referiu aos Zelotes como sendo homens realmente zelosos em relação a Deus. Ao invés disto, ele falou dos Zelotes como pessoas violentas que utilizavam punhais ou adagas, isto é, um grupo de assassinos.
O erro dos Zelotes
Ser zeloso de forma adequada é algo que certamente Deus se agrada. Na Bíblia os cristãos são advertidos a serem sempre zelosos no serviço ao Senhor (Romanos 12:11; Tito 2:14). Seu dever é contribuir especialmente para a edificação da Igreja (cf. 1 Coríntios 14:12).
No entanto, os Zelotes distorceram completamente essa visão do zelo pelo Senhor. Eles alegavam seguir o exemplo de grandes homens de Deus que realmente foram zelosos pela honra de Deus, mas diferentemente deles, os Zelotes não agiram corretamente e tinham motivações inadequadas. Além disso, eles pensavam que podiam justificar qualquer barbaridade em nome de Deus.