O Que é Amor Fraternal?
O amor fraternal é literalmente o amor experimentado por irmãos. Mas na Bíblia o amor fraternal significa um sentimento de bondade e afeição que vai além dos laços sanguíneos. O amor fraternal enfatizado nos textos bíblicos caracteriza o relacionamento dos verdadeiros cristãos que através de sua união com Cristo são recebidos por Deus em sua família.
No Novo Testamento o termo traduzido com o sentido de “amor fraternal” geralmente é a palavra grega philadelphia. Curiosamente na literatura grega esse termo e seus correlatos sempre são empregados para se referir ao sentimento de pessoas da mesma linhagem familiar.
Até mesmo no Antigo Testamento a ideia de fraternidade estava muito restrita à comunidade judaica. Palavras como “irmão” ou “próximo” normalmente significam algo como “compatriota israelita” (cf. Levítico 19:17).
Jesus ensinou o amor fraternal
O Senhor Jesus tratou muito claramente sobre o amor fraternal. Ele falou desse amor como sendo dispensado não apenas entre familiares, amigos ou compatriotas, mas para com desconhecidos e até inimigos.
Esse ensino fica claro, por exemplo, na Parábola do Bom Samaritano. O samaritano da parábola foi alguém que demonstrou amor fraternal a um desconhecido. Além disso, vale lembrar que judeus e samaritanos não se davam (Lucas 10:27-37).
No Sermão do Monte Jesus também tratou de corrigir uma interpretação comum dos escribas de seus dias que diziam: “Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo” (Mateus 5:43). Definitivamente esse ensinamento não está no Antigo Testamento.
Por isso Jesus esclareceu que o mandamento que diz: “amarás o teu próximo como a ti mesmo”, também inclui o: “amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem” (Mateus 5:44; cf. Levítico 19:18). Na continuação Jesus ainda questionou: “Porque, se amardes os que vos amam, que recompensa tendes? Não fazem os publicanos também o mesmo? E, se saudardes somente os vossos irmãos, que fazeis de mais? Não fazem os gentios também o mesmo?” (Mateus 5:46,47).
Jesus também declarou ser, Ele próprio, irmão de seus seguidores, e que esses seguidores igualmente são irmãos uns dos outros. Dessa forma Jesus apontou para a realidade da grande fraternidade da Fé Cristã, e ordenou que seus seguidores se amassem mutuamente (cf. João 13:34; 15:12,17). É esse tipo de amor fraternal que as epístolas do Novo Testamento designam através da palavra philadelphia.
A importância do amor fraternal
O Novo Testamento não deixa qualquer dúvida sobre a importância do amor fraternal. Os escritores neotestamentários entenderam a significância do ensino do Senhor Jesus a esse respeito e instruíram a Igreja no que diz respeito à aplicação do amor fraternal na vida prática cristã.
O apóstolo Paulo escreveu que aos cristãos de Roma: “Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal, preferindo-vos em honra uns aos outros” (Romanos 12:10). Aos crentes de Tessalônica, o mesmo apóstolo relembrou: “No tocante ao amor fraternal, não há necessidade de que eu vos escreva, porquanto vós mesmos estais por Deus instruídos que deveis amar-vos uns aos outros” (1 Tessalonicenses 4:9).
O escritor de Hebreus também exortou: “Seja constante o amor fraternal” (Hebreus 13:1). Já o apóstolo Pedro alertou que o amor fraternal jamais deve ser fingido. Na verdade os cristãos devem amar uns aos outros genuinamente, ardentemente e de todo coração (1 Pedro 1:22). Em outra ocasião Pedro conectou a fraternidade a outras virtudes essências ao aperfeiçoamento do crente no conhecimento do Senhor Jesus (2 Pedro 1:7).
De fato o amor fraternal tem tamanha importância que o apóstolo João o colocou como uma evidência do caráter genuíno da salvação (1 João 3:10-14; cf. 1 João 2:9-11; 4:7,11,20). Isso explica por que Tertuliano registrou que os pagãos testemunhavam dos cristãos dizendo: “Vejam como eles amam uns aos outros!” (Apologeticus). Sem dúvida a cada testemunho desse tipo se cumprem as palavras de Jesus: “Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se tiverdes amor uns aos outros” (João 13:35).
Aqui alguém pode perguntar: “Como o cristão pode ser capaz de demonstrar amor fraternal?”. Isso é possível porque o amor fraternal não tem sua fonte primária no próprio crente, mas em Deus, segundo Cristo Jesus (Romanos 15:5).