Carta de Paulo aos Romanos

A Carta de Paulo aos Romanos é um livro extremamente atual para a Igreja de todas as épocas, inclusive a nossa. Nessa carta encontramos profundas instruções no tocante à vida e à doutrina. De todas as epístolas que o apóstolo Paulo escreveu, a Epístola aos Romanos é a que contém a maior exposição de sua parte sobre o Evangelho.

Quem escreveu a Carta de Paulo aos Romanos?

A resposta para essa pergunta é facilmente encontrada logo no primeiro versículo da Carta aos Romanos:

Paulo, servo de Jesus Cristo, chamado para apóstolo, separado para o evangelho de Deus.
(Romanos 1:1)

Além dessa referência direta, detalhes biográficos presentes nos capítulos 1, 15 e 16 não deixam qualquer dúvida de que Paulo de Tarso foi realmente o autor da Carta aos Romanos. Os pais da Igreja nos primeiros séculos também já concordavam com a autoria de Paulo; entre eles: Policarpo (Bispo de Esmirna e discípulo de João); Irineu (cerca de 182 d.C.); Orígenes (210-250 d.C); Clemente de Alexandria (190-200 d.C.); e Tertuliano (193-216 d.C.).

O Fragmento Muratoriano de cerca de 180 d.C. também confirma a autoria de Paulo. Ainda assim, mesmo com tantas provas, alguns estudiosos contestam tal autoria. Porém, seus argumentos não são nada convincentes e nem merecem uma atenção maior.

Data e contexto histórico da Carta de Paulo aos Romanos

Muito provavelmente Paulo escreveu a Epístola aos Romanos pouco antes de sua visita a Jerusalém. As maiores evidências apontam para o período descrito em Atos 20:2, durante os meses que o apóstolo ficou na Grécia, mais precisamente em Corinto.

Em sua terceira viagem, Paulo, passou pelas “regiões mais altas” (Atos 18:23-21:16). Ali ele cumpriu sua promessa de permanecer na região por um longo período, onde foi muito bem-sucedido (Atos 19:1,8,10; 20:3).

É provável que a maioria, ou talvez todas as sete igrejas da Ásia, tenha sido fundada durante esse período (Apocalipse 1:4). Sendo assim, parece que antes de escrever a Primeira Epístola aos Coríntios, Paulo fez uma segunda visita à cidade de Corinto, voltando mais tarde a Éfeso (2 Coríntios 12:14; 13:1). Pouco tempo depois ele escreveu 1 Coríntios.

Quando deixou Éfeso, Paulo partiu para a Macedônia. Nesse período, talvez em Filipos, o apóstolo escreveu a Segunda Epístola aos Coríntios. Finalmente, quando Paulo chegou a Corinto, em sua terceira visita à essa cidade, pouco antes de partir novamente, ele escreveu a Carta aos Romanos (Romanos 15:22-25; cf. 20:3).

Considerando tudo isso, a data mais recuada possível estipulada para a produção da Carta aos Romanos é o final do ano de 54 d.C e início de 55 d.C. Porém, considerando as muitas atividades desenvolvidas por Paulo nesse período, a melhor data seria entre o fim de 55 d.C. e o primeiro semestre de 58 d.C.

Apesar da tradição dos primeiros séculos que retrocede até Irineu, é certo que a igreja de Roma não foi fundada nem pelo apóstolo Paulo nem pelo apóstolo Pedro. É evidente que Paulo nunca tinha visitado à igreja em Roma (Romanos 1:8-13). A fé que tinham os cristãos de Roma já era bem conhecida; tanto que Paulo desejava visitá-los há um bom tempo (Romanos 1:13).

A possibilidade mais provável é que a igreja de Roma foi iniciada por judeus e prosélitos que haviam testemunhado os milagres do Pentecostes. Ao retornarem aos seus lares em Roma, essas pessoas começaram a se reunir em como uma pequena comunidade local.

Quem foram os destinatários da Carta de Paulo aos Romanos?

A resposta para essa pergunta tem gerado um debate entre os teólogos ao longo dos anos. Sabe-se que a igreja de Roma era formada por judeus e gentios. Isso praticamente nenhum estudioso contesta. O ponto em debate fica por conta da definição sobre qual seria o grupo predominante, se judeus ou gentios.

Para responder essa pergunta de forma mais completa, seria necessário uma longa dissertação considerando todas as possibilidades e sugestões possíveis até agora levantadas. Isso seria inviável neste estudo.

De forma bem resumida, sobre essa discussão, a melhor posição é defender que o grupo predominante na igreja de Roma era os gentios, embora seja impossível determinar a proporção de judeus em relação aos gentios na composição do número completo de fiéis. Entre as referências que favorecem essa posição podemos citar: Romanos 1:5,6,13; 11:13; 15:9-18.

Algo importante que precisa ser considerado em qualquer discussão sobre as características da composição da igreja romana, é o fato de que na época, no início do cristianismo entre os séculos 1 e 2 d.C., não existia o conceito de edifícios eclesiásticos como conhecemos hoje. Logo, as famílias faziam cultos em seus próprios lares, geralmente com a participação do pai, mãe, filhos, servos e às vezes outros parentes próximos.

Dependendo do tamanho da casa, mais convidados eram agregados. Embora em Romanos 16:5 temos referência a uma dessas casas onde os cultos eram realizados, de fato não sabemos quantas dessas casas-igreja havia em Roma.

Por fim, a própria Carta aos Romanos nos mostra que essa discussão é completamente desnecessária, ao fazer a seguinte declaração:

Porquanto não há diferença entre judeu e grego; porque um mesmo é o Senhor de todos, rico para com todos os que o invocam.
(Romanos 10:12)

Propósito da Carta de Paulo aos Romanos

Falando sobre o propósito da Carta aos Romanos, muito tem sido debatido sobre as razões que levaram o apóstolo Paulo a escrever essa epístola. Esses debates resultaram nas mais variadas opiniões.

Quando Paulo escreveu essa carta, ele estava analisando o seu ministério e via que se encontrava em um ponto crucial. Paulo havia alcançado o fim da sua obra missionária na parte oriental do Império Romano. Ele tinha plantado o Evangelho nos grandes centros, e considerava ser o momento apropriado para uma empreitada a Oeste para a evangelização da Espanha (Romanos 15:17-24).

Entretanto, Paulo compreendia que não podia partir diretamente para Roma via Golfo de Corinto e Mar Jônico. Isso porque ele estava conduzindo uma campanha de arrecadação de donativos em benefício aos irmãos pobres de Jerusalém. Pessoalmente, querendo o Senhor, ele pretendia ir a Jerusalém. Após completar essa parte, então ele seguiria seu caminho a Roma.

Diante desse contexto, alguns acreditam que o apóstolo desejava visitar os cristãos romanos para ganhar a ajuda deles como uma igreja de apoio em sua próxima empreitada missionária, fazendo da igreja de Roma a sede missionária para a evangelização da Espanha (Romanos 15:24).

Outros defendem que a principal razão que levou Paulo a escrever a Carta aos Romanos foi questões pessoais, no sentido de que ele gostaria de se comunicar com seus amigos em Cristo. Ele queria visitá-los posteriormente a fim de ser uma benção a seus amigos e ser por eles reanimados (Romanos 1:8-12; 15:22).

Porém, Paulo deixa transparecer um certo temor de que não conseguiria chegar a Roma (Romanos 1:10; 15:31). Há também quem ressalte a ênfase posta na motivação teológica, no sentido de que Paulo desejava corrigir os erros dos antinomianos.

É possível que todas as alternativas levantadas estejam corretas. Então não há necessidade de eleger apenas uma delas, já que todas estão intimamente ligadas. Juntas elas compõem uma característica marcante que evidencia o propósito maior na vida do apóstolo. Veja:

Fiz-me como fraco para os fracos, para ganhar os fracos. Fiz-me tudo para todos, para por todos os meios chegar a salvar alguns.
(1 Coríntios 9:22)

Resumo, características e temas da Carta aos Romanos

Na Epístola aos Romanos, Paulo apresenta suas credenciais apostólicas (Romanos 2:16; 16:25). Ele fez isso para que a autenticidade de seu ministério não fosse contestada; para defendê-lo das falsas acusações dos boateiros (Romanos 3:8).

Ao escrever a Carta aos Romanos, Paulo estava profundamente atento ao fato de que a Igreja deveria ser uma comunhão entre judeus e gentios. Isso significa que deveria haver plena igualdade, com judeus e gentios juntos na unidade do corpo de Cristo.

Paulo deixa clara a unificação do judeu e do gentio no pecado, por causa da Queda; e também na graça, por meio de Jesus, ressaltando que a justiça salvadora do Evangelho é uma necessidade de ambos. Essa justificação, que vem pela graça por meio da fé, expõe que judeus e gentios, unidos no corpo de Cristo, constituem um único povo. Esse é o povo de Deus, o verdadeiro Israel espiritual.

Na Carta aos Romanos, Paulo une os principais temas das Escrituras. Ele fala sobre: pecado, lei, julgamento, destino humano, fé, obras, graça, justificação, santificação, eleição, o plano de salvação, a obra de Cristo e do Espírito, a esperança cristã, a natureza e vida da Igreja, o lugar de judeus e gentios nos propósitos de Deus, a filosofia da Igreja e a história do mundo, o significado e a mensagem do Antigo Testamento, os deveres da cidadania cristã e os princípios de retidão e moralidade pessoal.

Embora seja nítida essa grande variedade de temas, podemos dizer que um tema está sempre presente na mente do apóstolo na construção dessa epístola: a justificação pela graça mediante a fé. Certamente esse é o tema central da Carta aos Romanos.

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Atualidade e importância da Carta de Paulo aos Romanos

João Crisóstomo, considerado um dos maiores pregadores do século 5 d.C., pedia que a Epístola aos Romanos lhe fosse lida em voz alta pelo menos uma vez por semana. Agostinho, Lutero e John Wesley, declararam abertamente que vieram à firmeza da fé através do impacto de Romanos em suas vidas. Todos os reformadores consideravam Romanos como sendo a chave divina para o entendimento de toda a Escritura.

Certamente o estudo da Epístola aos Romanos é algo vital e necessário para a nossa saúde, entendimento e crescimento espiritual. A Carta aos Romanos é tão atual nos dias de hoje, quanto nos dias em que foi escrita para aqueles irmãos de Roma no século 1 d.C.

Esboço da Carta de Paulo aos Romanos

  1. Saudações de Paulo e introdução pessoal (1:1-15).
  2. A justiça de Deus para judeus e gentios (1:16-17).
  3. A pecaminosidade universal da humanidade (1:18-3:20).
  4. A Justiça de Deus para a justificação (3:21-5:21).
  5. A graça reina através da justiça de Deus (6-8).
  6. Deus demonstra sua justiça em relação a judeus e gentios (9-11).
  7. A justiça de Deus compreendida e expressada na vida de seu povo (12:1-15:13).
  8. Os planos de Paulo e as saudações finais (15:14-16:27).
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