A Mordomia dos Dízimos e Ofertas
Dízimos e ofertas são formas de contribuição que sempre estiveram relacionadas ao povo de Deus. Um estudo bíblico mostra que a boa mordomia dos dízimos e ofertas voluntárias tem mantido a obra do Senhor na terra e o cuidado aos necessitados desde os tempos mais remotos.
Mas muito gente tem dúvida acerca do que a Bíblia realmente fala sobre dízimos e ofertas. Por conta disso, muitas práticas estranhas ao ensino bíblico acerca deste assunto têm se espalhado. Os cristãos devem cuidar de saber como exercer corretamente a mordomia dos dízimos e ofertas.
- Veja também: Quer melhorar o aproveitamento de suas aulas da EBD? Conheça um curso completo de formação para professores e líderes da Escola Bíblica Dominical.Conheça aqui! (Vagas Limitadas)
Os dízimos e ofertas no Antigo Testamento
No Antigo Testamento, o conceito de oferta se refere, principalmente, aos vários tipos de ofertas que os israelitas traziam ao Templo em Jerusalém para oferecerem ao Senhor. A palavra “oferta” muitas vezes traduz termos hebraicos que significam “tributo”, no sentido de ser um presente de um inferior para um superior.
Naquele tempo, conforme a lei cerimonial em Israel, essas ofertas não envolviam dinheiro, mas consistiam da entrega de animais e certos alimentos. Dependendo de seu tipo e finalidade, a maioria das ofertas eram totalmente queimadas ao Senhor; enquanto algumas delas podiam ser consumidas pelos sacerdotes.
Mas a ideia da oferta como algo que contribuía com a manutenção da obra do Senhor, sobretudo com relação à provisão do sustento daquelas pessoas que se ocupavam oficialmente do serviço religioso em Israel, pode ser notada no que a Bíblia chama de ofertas das primícias.
Os israelitas deviam levar à casa do Senhor os primeiros frutos de suas colheitas. Isso incluía grãos, vinho e azeite. Essas ofertas realmente eram fundamentais para o sustento dos sacerdotes (Êxodo 23:19; 34:26; Números 18:12; Deuteronômio 18:4).
Diretamente ligado às ofertas das primícias, estava o dízimo. O dízimo era a décima parte de toda a produção de alimentos e do crescimento dos rebanhos. Como a Bíblia não indica qual era a quantidade requerida das ofertas das primícias, muitos estudiosos têm sugerido que é possível que os dízimos fossem um complemento dessas ofertas.
As leis acerca dos dízimos para o povo hebreu no tempo do Antigo Testamento são amplamente registradas no Pentateuco (Levítico 27:30-33; Deuteronômio 12:2-18; 14:22-29; 26:12-15; etc.). Os dízimos eram fundamentais para o sustento do sacerdócio levítico; bem como para o amparo aos necessitados, sobretudo os órfãos e às viúvas (Jeremias 22:3; Malaquias 3:5).
Contudo, os dízimos remontam à Lei Mosaica. O livro de Gênesis mostra os patriarcas entregando o dízimo cerca de quinhentos anos antes de essa prática ser regulamentada na vida religiosa de Israel (Gênesis 14:20; 28:22; cf. Hebreus 7:4-10).
No Novo Testamento os dízimos e ofertas não aparecem como uma obrigação legal para os cristãos; mas o princípio da contribuição para o custeio da obra do Senhor na terra e auxílio aos necessitados, continua válido (Mateus 10:10; Lucas 16:9; 1 Coríntios 9:7-14; 16:2; 2 Coríntios 9:6,7; 1 Timóteo 5:17,18).
A boa mordomia dos dízimos e ofertas
Não é o objetivo deste estudo bíblico discutir os fundamentos para a prática dos dízimos e ofertas na Igreja do Novo Testamento. Aqui partiremos do pressuposto de que os verdadeiros cristãos entendem que devem estar engajados na contribuição para a obra de Deus.
Como vimos, a mordomia dos dízimos e ofertas são sinais distintivos que acompanham os crentes mesmo antes de qualquer sanção legal em Israel; e a contribuição abundante e proporcional dos crentes seja para o custeio da causa do Evangelho, seja para o cuidado com os que precisam, continuou comum na Igreja neotestamentária.
Mas mesmo os crentes que reconhecem o chamado à mordomia dos dízimos e ofertas na Igreja Cristã, muitas vezes acabam falhando em alguns aspectos importantes. Então qual deve ser a visão bíblica correta acerca dos dízimos e ofertas na atualidade? Vejamos três pontos principais.
Dízimos e ofertas não são motivos de engrandecimento
Em primeiro lugar, devemos contribuir com nossos dízimos e ofertas entendendo que essa pratica não incorre em mérito próprio. Jamais deve haver espaço para a auto-glorificação ou justiça própria na contribuição para a obra do Senhor.
Se por um lado muitos estão completamente avessos aos dízimos e ofertas, por outro muitos fazem do ato de contribuir uma competição. Jesus repreendeu os fariseus que se orgulhavam de pagar o dízimo até daquilo que a Lei Mosaica não exigia, mas se esqueciam do juízo, da misericórdia e da fé (Mateus 23:23).
Dízimos e ofertas não são moedas de troca
Consequentemente, em segundo lugar, em hipótese alguma os dízimos e ofertas devem ser vistos como uma moeda de troca para barganhar com Deus. Contribuir com dízimos e ofertas não significa necessariamente que Deus lhe fará prosperar financeiramente nesta terra.
Há muitos crentes piedosos que são fieis ao Senhor com suas contribuições. Mesmo assim eles experimentam grandes privações nesta vida; e isso não quer dizer que falta fé a essas pessoas. Nós somos apenas mordomos das coisas que Deus entrega em nossas mãos; e por algum motivo que muitas vezes foge à compreensão humana, Deus concede mais a alguns mordomos do que a outros.
Se Deus achar por bem, claro que Ele pode abençoar financeiramente um de seus filhos; mas nesse sentido, Seu compromisso se refere apenas ao nosso sustento diário. O importante mesmo é dar graças ao Senhor em todas as coisas; é reconhecer que em tudo o que fazemos, Ele deve ser glorificado.
Portanto, até mesmo os nossos dízimos e ofertas são formas pelas quais podemos render ações de graças ao Senhor; são meios através dos quais Deus pode ser glorificado. Então se você procura retorno sobre investimento financeiro, você deve ir a um banco; não a uma igreja. Dízimos e ofertas são atos de gratidão ao Senhor; não promissórias que fazem de Deus seu devedor.
Quando entregamos nossos dízimos e ofertas, não estamos dizendo que queremos ter algo que não temos; mas estamos dizendo que somos gratos pelo que já temos. Isso também significa que você deve desconfiar de qualquer pessoa que garanta a retribuição financeira multiplicada da sua contribuição.
A aplicação dos dízimos e ofertas deve ser fiscalizada
Em terceiro lugar, devemos exercer nosso papel como bons mordomos de nossos dízimos e ofertas do começo ao fim. Isso quer dizer que da mesma forma com que precisamos contribuir, também devemos fiscalizar a nossa contribuição.
Nossos dízimos e ofertas devem servir à causa da obra do Senhor, e não financiar impérios milionários; devem prover auxílio aos necessitados e sustento justo aos obreiros que dedicam suas vidas ao Evangelho, e não serem destinados ao conforto de homens gananciosos.
É verdade que grande parte das críticas aos dízimos e ofertas na atualidade, resulta da má administração e da falta de transparência de muitas igrejas que se tornaram verdadeiros pontos de lavagem de dinheiro. Infelizmente desde os primeiros anos da Igreja Primitiva, falsos obreiros mercenários têm se aproximado das comunidades cristãs com o objetivo de enriquecimento fácil. Mas essas pessoas devem ser identificadas, confrontadas e separadas da igreja.
Então a boa mordomia dos dízimos e ofertas também inclui a preocupação com a forma com que essas contribuições serão aplicadas. Há pastores que dizem aos membros de suas comunidades que a preocupação deles deve ser contribuir; e não querer saber o que será feito com aquele dinheiro. Claro que isto está absolutamente errado!
Os dízimos e ofertas devem servir exclusivamente à igreja local, sendo úteis para: 1) cobrir os custos de utilização do local do culto público; 2) prover um salário justo e honesto aos obreiros que trabalham arduamente em tempo integral na liderança daquela comunidade; 3) fazer investimentos missionários; e 4) amparar os necessitados. Entenda também se salário pastoral é bíblico.
Então os crentes devem garantir que seus dízimos e ofertas sejam aplicados em sua comunidade local; e com o objetivo de cumprir o planejamento apresentado e aprovado pelos membros regulares dessa comunidade. Garantir que suas contribuições não sejam desviadas para outros fins, mas sejam aplicadas na obra do Senhor, também faz parte da boa mordomia dos dízimos e ofertas que os crentes são chamados a cumprir.