Estudo Bíblico de Gênesis 41
Gênesis 41 é o capítulo da Bíblia que fala sobre como José interpretou os sonhos de Faraó. O estudo bíblico de Gênesis 41 ainda registra a operação maravilhosa da providência divina ao tirar José de uma prisão para colocá-lo como governador do Egito.
Gênesis 41 mostra que Deus concedeu a José grande sabedoria. De forma sobrenatural ele interpretou os sonhos de Faraó. Depois ele demonstrou habilidades políticas e econômicas incríveis para administrar de forma criteriosa todo o Egito.
O esboço de Gênesis 41 pode ser organizado da seguinte forma:
- Os sonhos de Faraó (Gênesis 41:1-8).
- Faraó manda chamar José na prisão (Gênesis 41:9-24).
- José dá a interpretação dos sonhos de Faraó (Gênesis 41:25-36).
- José como governador do Egito (Gênesis 41:37-46).
- Os sete anos de fartura e os sete anos de fome (Gênesis 41:47-57).
Os sonhos de Faraó (Gênesis 41:1-8)
Os acontecimentos narrados em Gênesis 41 aconteceram dois anos após José ter interpretado os sonhos dos oficiais de Faraó (Gênesis 40). O texto bíblico diz que numa mesma noite Faraó teve dois sonhos.
Os sonhos sempre eram tidos em grande consideração pelos povos do antigo Oriente Próximo que acreditam receber por meio deles presságios sobre o futuro. Além disso, os reis geralmente eram vistos por esses povos como representantes dos deuses. Então quando um rei tinha um sonho, para os povos antigos isso tinha um significado muito importante.
No primeiro sonho, Faraó se viu de pé diante do rio Nilo. O rio Nilo era basicamente a fonte da fertilidade do Egito que se desenvolveu ao longo de suas margens. Do rio Nilo subiram sete vacas gordas vistosas. Mas logo em seguida subiram também outras sete vacas feias e magras. As vacas magras pararam junto das vacas gordas na margem do rio. Então as vacas magras começaram a comer as vacas gordas (Gênesis 41:1-4).
Faraó acordou desse sonho, mas logo voltou a dormir e a sonhar outra vez. No segundo sonho, Faraó viu crescer no mesmo pé sete espigas graúdas e boas. Depois também brotaram outras sete espigas mirradas e ressequidas pelo vento. Então as sete espigas mirradas engoliram as sete espigas graúdas (Gênesis 41:5-7).
Os dois sonhos deixaram Faraó perturbado e pela manhã ele mandou chamar todos os magos e sábios do Egito. Na antiguidade era comum haver nas cortes feiticeiros e interpretadores de sonhos que serviam como conselheiros reais. Mas ao contar-lhes os sonhos, ninguém foi capaz de interpretá-los (Gênesis 41:8).
Faraó manda chamar José na prisão (Gênesis 41:9-24)
Foi no contexto em que ninguém conseguia interpretar os sonhos de Faraó, que o chefe dos copeiros se lembrou de José que havia interpretado seu sonho na prisão. Ele contou a Faraó que durante o tempo em que ele esteve preso juntamente com o chefe dos padeiros, ambos sonharam e tiveram seus sonhos interpretados por um jovem hebreu (Gênesis 41:9-13).
Então Faraó mandou chamar José que ainda estava aprisionado. A Bíblia diz que rapidamente ele se barbeou e se arrumou para se apresentar a Faraó. Aqui é interessante saber que a maioria dos povos do antigo Oriente Próximo – incluindo os hebreus – viam a barba como um tipo de sinal de honra. Então era comum que todos os homens tivessem barba. Mas os costumes egípcios eram outros, e os homens normalmente andavam bem barbeados. Por esse motivo José teve de se barbear.
Já na corte egípcia, José escutou de Faraó que ninguém havia sido capaz de interpretar seus sonhos, mas que tinha ouvido falar que ele era capaz de interpretá-los (Gênesis 41:15).
Ou ouvir essas palavras, José respondeu a Faraó enfatizando a soberania divina. José disse a Faraó que a interpretação de um sonho não dependia dele, mas de Deus. Deus é quem haveria de dar uma resposta a Faraó (Gênesis 41:16). Isso significa que tanto o sonho quanto sua interpretação eram de Deus. Então Faraó contou a José seus dois sonhos (Gênesis 41:17-24).
A interpretação dos sonhos de Faraó (Gênesis 41:25-36)
José disse a Faraó que os dois sonhos na verdade eram um único sonho através do qual Deus revelou a Faraó o que Ele haveria de fazer (Gênesis 41:25). Aqui é importante enfatizar que José não agiu como um mago com o objetivo de interpretar o sonho por meio de adivinhação. Ele deu a Faraó interpretação que veio de Deus.
De acordo com a interpretação do sonho dada por Deus a José, as sete vacas gordas e as sete espigas boas significavam sete anos de muita fartura que haveria de vir sobre toda a terra do Egito. Já as sete vacas magras e as sete espigas mirradas significavam sete anos de fome que seguiriam os sete anos de fartura (Gênesis 41:26-29).
José disse a Faraó que os sete anos de fome seriam tão severos que arruinariam a terra e fariam com que o tempo de fartura fosse esquecido. Ele ainda disse a Faraó havia sonhado duas vezes porque toda aquela questão já havia sido decidida por Deus e que tudo seria realizado rapidamente (Gênesis 41:30-32).
José também instruiu Faraó acerca do que haveria de ser feito. Ele disse que Faraó tinha que procurar um homem sábio e criterioso para colocá-lo como administrador de toda a terra do Egito. Supervisores também tinham que ser estabelecidos para recolher um quinto da colheita de todo o Egito durante os anos de fartura. Todo esse mantimento tinha de ser estocado para servir como reserva para os sete anos de fome. Dessa forma, a terra não seria arrasada (Gênesis 41:33-36).
José como governador do Egito (Gênesis 41:37-46)
Gênesis 41 diz que Faraó gostou do plano informado por José. Faraó ainda julgou que ele e seus conselheiros não poderiam encontrar alguém tão qualificado quanto José, sobre quem estava o Espírito divino (Gênesis 41:38). Isso quer dizer que Faraó reconheceu que sobre José estava o poder de Deus.
Então Faraó decidiu que uma vez que Deus havia revelado a José todas aquelas coisas, de fato não haveria ninguém mais sábio e criterioso que ele para conduzir aquela situação. Obviamente isso foi uma derrota para os sábios egípcios. Faraó colocou José como o segundo homem mais poderoso do Egito. José teria o comando de tudo e todo o povo egípcio estaria sob suas ordens. Faraó também colocou em José o seu próprio anel de selar e deu a ele vestes e acessórios reais. Além disso, José foi colocado sob a segunda carruagem real e apresentado a todos os egípcios como o homem que tinha o comando de todo o reino (Gênesis 41:39-44).
Faraó também deu a José o nome de Zafenate-Panéia e ainda lhe entregou como esposa Azenate, cujo nome significa “pertencente à Nate” – uma deusa egípcia. Azenate era filha de Potífera, sacerdote de Om – a cidade que era o centro do culto a Ra, o deus do sol (Gênesis 41:45).
Os estudiosos dizem que o nome Zafenate-Panéia significa em termos egípcios possivelmente “Deus fala e Ele vive”. Os comentaristas ainda argumentam que provavelmente esse era um nome pagão. Mas isso não significa que José aceitou a religião pagã. A situação de José foi muito semelhante à situação do profeta Daniel na Babilônia (Daniel 1:7).
José tinha trinta anos de idade quando se tornou governador do Egito. Isso quer dizer que havia se passado cerca de treze anos desde que José havia chegado como escravo ao Egito (cf. Gênesis 37). No cumprimento de suas atribuições, José percorreu todo o Egito (Gênesis 41:46).
Os sete anos de fartura e os sete anos de fome (Gênesis 41:47-57)
A Bíblia diz que durante os sete anos de fartura, a terra teve grande produção de mantimento. José reuniu todo o excedente da produção durante os sete anos e o armazenou estrategicamente nas cidades egípcias. Como resultado, José estocou uma quantidade incontável de trigo (Gênesis 41:47-49).
Antes dos anos de fome, José foi pai de dois filhos com Azenate. José deu o nome de Manassés ao primeiro filho, dizendo: “Deus me fez esquecer todo o meu sofrimento e toda a casa de meu pai” (Gênesis 41:51). Manassés significa literalmente “tornar esquecido”. Já ao segundo filho José chamou Efraim, dizendo: “Deus me fez prosperar na terra onde tenho sofrido” (Gênesis 41:52). Efraim significa literalmente “fertilidade”.
Quando os sete anos de fartura chegaram ao fim, vieram os sete anos de fome – conforme havia sido anunciado em sonho. Todas as terras foram assoladas pela fome, mas havia alimento em todo o Egito. Quando o tempo de crise apertou, Faraó disse ao povo para fazer tudo conforme José lhes ordenasse (Gênesis 41:55).
Então José mandou abrir os locais de armazenamento e vendeu trigo aos egípcios (Gênesis 41:56). Gênesis 41 ainda termina informando que ia gente de toda a parte ao Egito comprar alimento (Gênesis 41:57).
Gênesis 41 mostra como José foi usado por Deus para mediar a salvação da crise para os povos daquelas terras. Nesse sentido, como mediador da bênção divina, muitos intérpretes enxergam José como alguém que prefigurou a obra de Cristo. Além disso, outro aspecto da vida de José que nos faz se lembrar do Senhor Jesus Cristo é a sua ascensão de escravo a governador. José foi levantado da prisão para governar o Egito; enquanto que Cristo foi levantado dos mortos para governar o mundo (Mateus 28:18).