Estudo Bíblico de Gênesis 49
Gênesis 49 registra as bênçãos proféticas de Jacó aos seus filhos. O estudo bíblico de Gênesis 49 também revela que esse é o capítulo da bíblia que relata a morte de Jacó. Isso aconteceu logo após ele ter abençoado sua descendência.
Uma sugestão de esboço de Gênesis 49 pode ser a seguinte:
- Introdução (Gênesis 49:1,2).
- As bênçãos sobre os filhos de Lia (Gênesis 49:3-15).
- As bênçãos sobre os filhos das servas (Gênesis 49:16-21).
- As bênçãos sobre os filhos de Raquel (Gênesis 49:22-27).
- As últimas instruções de Jacó (Gênesis 49:28-32).
Introdução (Gênesis 49:1,2)
Gênesis 49 começa informando que os eventos relatados nesse capítulo se deram após Jacó ter abençoado José e adotado Manassés e Efraim como seus filhos (Gênesis 48). Então o texto bíblico diz que depois dessas coisas, Jacó chamou a seus filhos para que todos se aproximassem para ouvi-lo (Gênesis 49:1,2).
Jacó também disse que iria fazê-los saber o que haveria de acontecer com eles nos dias vindouros (Gênesis 49:1). Isso significava que as bênçãos proféticas de Jacó compreendiam toda a história da nação de Israel, desde o tempo da conquista da Terra Prometida até a vinda do Messias prometido.
Portanto, as bênçãos registradas em Gênesis 49 diziam respeito ao futuro das doze tribos de Israel. Mais tarde essas bênçãos foram renovadas com Moisés diante da iminente conquista de Canaã (Deuteronômio 33).
As bênçãos sobre os filhos de Lia (Gênesis 49:3-15)
Os primeiros três filhos de Jacó com Lia citados profeticamente em Gênesis 49 foram: Rúben, Simeão e Levi. Os três filhos mais velhos de Jacó já tinham se envolvido em faltas graves que acabaram por trazer consequências para suas descendências.
Rúben, apesar de ser o primogênito, perdeu o direito à primogenitura por ter cometido imoralidades que ofenderam sua família (Gênesis 49:3,4). Aqui vale lembrar que Rúben profanou o leito de seu pai quando se deitou com Bila (Gênesis 35:22). Consequentemente, a tribo de Rúben não teve qualquer destaque na história subsequente de Israel. Não há nenhuma figura importante na história bíblica que descendeu de Rúben.
Já Simeão e Levi também foram penalizados por causa dos atos de crueldade que os dois irmãos promoveram em Siquém (Gênesis 49:5-7; cf. Gênesis 34). Assim, a tribo de Simeão acabou se tornando uma das menores tribos de Israel – a menor no segundo senso de Moisés (Números 26:14). A tribo de Simeão não foi citada na bênção posterior de Moisés (Deuteronômio 33:8) e também não recebeu uma herança separada na divisão da Terra Prometida. Foram dados aos descendentes de Simeão apenas algumas cidades dentro do território de Judá (Josué 19:1-9).
Assim como Simeão, Levi também não recebeu o direito a um território próprio na Terra Prometida. A tribo de Levi foi espalhada pela terra, recebendo cidades nos territórios de outras tribos. Mas pela graça soberana de Deus, a tribo de Levi foi escolhida pelo Senhor para se ocupar do culto em Israel. Os levitas se tornaram a tribo sacerdotal.
O próximo filho a ser citado por Jacó foi Judá (Gênesis 49:8). A tribo de Judá se tornou a tribo mais proeminente na sequência da história bíblica. Judá foi comparado por Jacó à figura do leão. Essa analogia significava força, coragem, ousadia e também realeza. A linhagem do rei Davi pertencia à tribo de Judá. Logo, o Messias, Jesus Cristo, também veio da tribo de Judá. Por isso Ele é chamado de “Leão da tribo de Judá”.
Inclusive, ao abençoar Judá o patriarca Jacó disse: “O cetro não se arredará de Judá, nem o bastão de entre seus pés, até que venha Siló; e a ele obedecerão os povos” (Gênesis 49:10). A primeira parte dessa profecia obviamente se refere ao fato de que Judá seria uma tribo real. Já a segunda parte da profecia que diz: “até que venha Siló; e a ele obedecerão os povos” embora seja de difícil interpretação, muitos intérpretes têm entendido que seja uma referência à vinda do Messias como o governante supremo que reina sobre todos os povos (cf. 1 Coríntios 15:24-28; Apocalipse 5:5).
Depois de Judá, Jacó abençoou a Zebulom (Gênesis 49:13). Tal como na profecia de Jacó, na sequência da história israelita a tribo de Zebulom se beneficiou muito dos comerciantes marítimos que percorriam seu território.
O último filho de Lia a ser abençoado por Jacó foi Issacar (Gênesis 49:14,15). A tribo de Issacar foi uma tribo vigorosa, mas tal como na profecia de Jacó, acabou se sujeitando ao trabalho servil. Isso aconteceu quando a tribo de Issacar falhou em expulsar os cananeus de seu território e ainda foi subjugada por eles. Essa situação mudou apenas no tempo dos juízes sob a liderança de Débora e Baraque (Juízes 5:15).
As bênçãos sobre os filhos das servas (Gênesis 49:16-21)
Na sequência da narrativa de Gênesis 49 temos a benção de Jacó sobre os filhos que ele gerou através das concubinas Bila e Zilpa. Dã foi comparado a uma serpente astuta que derruba inimigos maiores (Gênesis 49:17). E de fato foi assim com a tribo de Dã que, apesar de pequena, era muito agressiva. O juiz Sansão pertenceu a tribo de Dã.
Depois Jacó abençoou Gade e profetizou sobre os perigos que seus descentes seriam expostos. Mais tarde a tribo de Gade ocupou um território que tinha por vizinhos os amonitas e os moabitas, inimigos históricos do povo de Israel.
Na bênção sobre Aser Jacó profetizou sobre a fertilidade do território ocupado por sua descendência (Gênesis 49:20). Na sequência Jacó abençoou Naftali comparando sua descendência a uma gazela solta. A tribo de Naftali era ágil no aspecto militar. Baraque, por exemplo, era um descendente de Naftali.
As bênçãos sobre os filhos de Raquel (Gênesis 49:22-27)
Na parte final das bênçãos registradas em Gênesis 49 temos as bênçãos de Jacó endereçadas a José e a Benjamim, os dois filhos de Raquel. O primeiro a ser abençoado foi José, que recebeu em lugar de Rúben o direito de primogênito. Por isso José de José não se originou apenas uma tribo, mas duas tribos através de seus filhos Manassés e Efraim. A tribo de Efraim se tornou a mais importante dentre as tribos do norte de Israel. Na bênção sobre José houve grande referência ao Senhor (Gênesis 49:22-26).
Por fim, Jacó abençoou a Benjamim comparando sua descendência a um lobo feroz. Embora a tribo de Benjamim tenha sido uma tribo numericamente pequena, tornou-se importante e conhecida nos tempos bíblicos por sua bravura militar. Saul, o primeiro de Israel, pertencia à tribo de Benjamim. No Novo Testamento, o apóstolo Paulo também era descendente dessa mesma tribo.
As últimas instruções de Jacó (Gênesis 49:28-32)
A parte final de Gênesis 49 traz algumas informações complementares sobre as últimas instruções de Jacó. O texto bíblico informa que Jacó abençoou seus filhos segundo as bênçãos que lhes cabiam (Gênesis 49:28).
Depois Jacó externou sua vontade de ser sepultado junto com seus pais, na caverna comprada por Abraão no campo de Macpela. Ali estavam sepultados seus avós, Abraão e Sara, seus pais, Isaque e Rebeca, e Lia, sua primeira esposa (Gênesis 49:29-32). Gênesis 49 termina explicando que após Jacó ter dado as últimas instruções a seus filhos, morreu em sua cama (Gênesis 49:33).