O Que a Bíblia Diz Sobre a Identidade do Espírito Santo?

A identidade do Espírito Santo é amplamente revelada nas Escrituras, porém muitos cristãos desconhecem quase que totalmente quem é o Espírito Santo de Deus. Ao longo da história da Igreja muito já foi debatido acerca da pessoa do Espírito Santo, especialmente para combater perigosas heresias que surgiram com o tempo e que, ainda hoje, permanecem ativas em determinados círculos.

A pessoa do Espírito Santo

No estudo teológico, o Espírito Santo é identificado como a Terceira Pessoa da Santíssima Trindade Divina. Isso indica tanto sua pessoalidade quanto sua divindade; ou seja, assim como o Pai e o Filho, Ele também é pessoal e divino.

É muito importante entender que quando usamos a expressão “Terceira Pessoa da Trindade”, nunca devemos aplicá-la como um tipo de hierarquia na própria Trindade em si, como se o Espírito Santo fosse o terceiro em importância, poder, autoridade e divindade. Basílio de Cesaréia, combatendo algumas heresias, falou assertivamente sobre isso:

“Há um só Deus Pai, um só Filho Unigênito, um só Espírito Santo. Anunciamos cada uma dessas hipóstases singularmente. E se fosse conveniente ‘co-numerar’, não nos deixaríamos levar por rude enumeração a uma ideia politeísta”.

O que de fato existe, e isso apenas com relação à economia da salvação, é a verdade de que o Pai, o Filho e o Espírito Santo assumem diferentes papeis. Assim, bem resumidamente, podemos dizer que o Pai planeja, o Filho executa e o Espírito Santo aplica.

Diferentemente do que algumas pessoas pensam, a identidade do Espírito Santo e sua ação são reveladas nas Escrituras do começo ao fim, isto é, do Antigo ao Novo Testamento. A Igreja do período apostólico, apesar de também ter tido que combater diversas heresias, compreendeu essa verdade.

No entanto, nos anos seguintes, doutrinas equivocadas começaram a ganhar força quando o assunto era a revelação do Deus Triúno. Essas falsas doutrinas também incluíam a discussão acerca da identidade do Espírito Santo. Isso gerou a necessidade de a Igreja se posicionar de forma oficial sobre essa questão, o que acabou acontecendo especialmente em dois grandes concílios: o Concílio de Niceia, em 325 d.C.; e o de Concílio de Constantinopla, em 381 d.C.

A divindade do Espírito Santo à luz da Bíblia

É atribuído ao Espírito Santo nas Escrituras nomes divinos, como “Espírito de Deus”, “Espírito de Cristo” e “Espírito do Senhor”. O próprio nome “Espírito Santo”, que enfatiza o adjetivo da santidade deixa essa questão muito evidente.

Um bom exemplo disso se dá quando comparamos Êxodo 17:7 e Hebreus 3:7-9. Em Êxodo lemos sobre como os filhos de Israel tentaram ao Senhor no deserto. O termo “Senhor” traduz nessa passagem o original hebraico Yahweh, que refere-se ao nome próprio de Deus.

Ao se referir a esse episódio, o escritor do livro de Hebreus escreveu: “Portanto, como diz o Espírito Santo: Se ouvirdes hoje a sua voz, não endureçais os vossos corações, como na provocação, no dia da tentação no deserto, onde vossos pais me tentaram, me provaram, e viram por quarenta anos as minhas obras” (Hebreus 3:7-9).

Em Atos 5:3, quando o apóstolo Pedro repreendeu um homem chamado Ananias, ele afirmou que aquele homem havia mentido ao Espírito Santo, e logo em seguida concluiu: “Não mentistes aos homens, mas a Deus” (Atos 5:3,4). Alguns outros exemplos em que o Espírito Santo recebe nomes e títulos divinos são: 1 Coríntios 3.16; 2 Timóteo 3.16 e 2 Pedro 1.21.

O Espírito Santo também é referenciado em pé de igualdade com o Pai e o Filho, como por exemplo, na fórmula batismal ensinada pelo próprio Jesus (Mateus 28:19) e na conhecida bênção apostólica (2 Coríntios 13:13).

Além disso, o Espírito também realiza obras divinas, isto é, obras que apenas o próprio Deus é capaz de realizar, como: a criação (Gênesis 1:2; Jó 26:13; 33:4); a renovação da própria criação (Salmo 104:30); a regeneração (João 3:5,6; Tito 3:5); e também a ressurreição (Romanos 8:11).

A identidade do Espírito Santo e os atributos divinos

O Espírito Santo também aparece nas Escrituras como sendo o portador dos atributos divinos. Isso quer dizer que Ele possui os atributos que caracterizam o próprio Ser de Deus, como por exemplo:

  • Ele é onipotente (1 Coríntios 12:11; Romanos 15;19).
  • Ele é onipresente (Salmo 139:7-10).
  • Ele é onisciente (Isaías 40:13; cf. Romanos 11:34).
  • Ele é eterno (Hebreus 9:14).
  • Ele é a verdade (1 João 5:6).

A personalidade do Espírito Santo

A personalidade do Espírito Santo foi um dos pontos mais atacados por heresias na história da Igreja, mas a Bíblia afirma sua personalidade de forma bastante clara. Apesar de o termo “Espírito” traduzir o original pneuma que é neutro, ao Espírito Santo é atribuído pronome masculino (João 16:14; Efésios 1:14).

Ele também aparece como tendo características de pessoa, como por exemplo: inteligência (João 14:26; 15:26; Romanos 8:16), vontade (Atos 16:7; 1 Coríntios 12:11), sentimentos (Isaías 63:10; Efésios 4:30). Além disso, Ele fala, revela, intercede, luta, testifica etc.

Uma das passagens que revela de forma mais clara a identidade do Espírito Santo com pessoa é João 14:16, onde Jesus diz: “E eu rogarei ao Pai, e Ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre” (João 14:16).

É fácil perceber que o Espírito Santo é igualado ao próprio Jesus, ou seja, “outro Consolador”. Essa expressão aponta tanto para a divindade do Espírito Santo como para a divindade de Cristo. Assim como Jesus é Deus e possui personalidade, o Espírito Santo também é Deus e possui personalidade.

Além disso, a palavra “Consolador” traduz o grego parakletos, que de nenhuma forma pode ser traduzido como “consolação” ou “auxílio”, isto é, seu significado correto é “ajudador”, “auxiliador”, “consolador”. Portanto, esse termo também aponta de forma direta para a identidade do Espírito Santo como pessoa.

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Conclusão sobre a identidade do Espírito Santo

O único Deus verdadeiro subsiste em três Pessoas distintas: Pai, Filho e Espírito Santo. Portanto, assim como o Pai e o Filho, o Espírito deve ser honrado e a adorado.

Portanto, só nos resta concordar com Irineu de Lyon quando escreveu: “Onde está a Igreja, aí está o Espírito de Deus, e onde está o Espírito de Deus, aí está a Igreja e toda a graça”. Uma declaração de Basílio de Cesaréia também nos ajuda a atender esse ponto observado por Irineu. Ele diz que aquele que se recusa aceitar o Espírito, “sua fé no Pai e no Filho cairá num vazio; nem mesmo poderá possuir fé, se não tiver o Espírito”.

Em outras palavras, se é impossível dividir a Santíssima Trindade, pois o Deus verdadeiro é Triúno, também é impossível crer no Pai e rejeitar o Filho, crer no Filho e rejeitar o Pai, ou crer no Pai e no Filho e negar a identidade do Espírito Santo.

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