Inspiração Divina e Autoridade da Bíblia
A inspiração divina e a autoridade da Bíblia são dois pontos fundamentais para a Fé Cristã. Todo cristão verdadeiro deve crer na inspiração divina de toda Escritura, pois isso significa ela é a Palavra e Deus. Então por ser inspirada por Deus, naturalmente o cristão genuíno também reconhece a autoridade da Bíblia Sagrada.
A Bíblia é formada por 66 livros que a Igreja cristã reconheceu como inspirados por Deus, e, consequentemente, confiáveis, infalíveis e plenamente autoritativos. Esses livros são divididos em duas partes: Antigo e Novo Testamento.
O Antigo Testamento é formado pelos 39 livros sagrados dos judeus, isto é, a Bíblia hebraica. Já o Novo Testamento é formado por 27 livros reconhecidos como inspirados segundo critérios como a ortodoxia e apostolicidade.
A revelação divina da Bíblia
A Bíblia é a revelação final de Deus. Apesar de ter sido escrita por homens, o próprio Deus foi quem garantiu sua inspiração. Portanto, os escritores sagrados receberam do próprio Deus a revelação a qual registraram.
No processo de composição das Escrituras, o homem foi passivo e Deus ativo. O apóstolo Pedro, falando da origem e fonte das escrituras, deixa isso muito claro ao dizer que “as profecias jamais tiveram sua origem na vontade dos homens, mas os homens falaram o que veio de Deus ao serem conduzidos pelo Espírito” (2 Pedro 1:21).
Perceba que o apóstolo ressalta que as Escrituras jamais foram originadas na vontade humana. Além disso, só foi possível que homens falíveis escrevessem as Escrituras porque tais homens foram conduzidos pelo Espírito Santo.
Também no Antigo Testamento, encontramos várias passagens bíblicas que atestam que a profecia genuína não tem sua fonte no homem. Certa vez Deus disse ao profeta Jeremias para que não desse ouvido às palavras de falsos profetas, pois eles “falavam as visões do seu coração, não o que vem da boca do Senhor” (Jeremias 23:16).
De forma semelhante, Deus também usou o profeta Ezequiel para profetizar contra os falsos profetas de Israel que profetizavam de seu coração, seguindo o seu próprio espírito sem que nada tivessem visto (Ezequiel 13:3).
Tudo isso significa que o Espírito Santo é a fonte da verdadeira profecia. Ele capacitou os profetas a serem os representantes de Deus na transmissão de sua Palavra, tanto de forma oral quanto de forma escrita.
Assim, os escritores da Bíblia foram homens comuns, que possuíam cada um a sua característica, mas que foram guardados do erro e do pecado no registro das Escrituras pelo Espírito de Deus.
A inspiração divina da Bíblia
Ainda com base no texto de 2 Pedro 1:21, o apóstolo destaca que “homens falaram o que veio de Deus”. Por “falaram”, obviamente também se deve entender “escreveram”; ou seja, o verbo falar, neste caso, inclui também o ato de escrever o que lhes foi dado a falar.
Nesse aspecto, é possível notar um papel ativo do homem, isto é, “falar”. Mas esse papel ativo está condicionado a uma atividade primária muito maior. Isso porque os homens falaram “o que veio de Deus”. Com isso, fica claro que mesmo quando o homem é ativo na formação das Escrituras, tal atividade aponta para o próprio Deus como a fonte da profecia.
Esse padrão pode ser notado facilmente do Antigo ao Novo Testamento. Por exemplo, no Antigo Testamento, o salmista Davi declara que “o Espírito do Senhor fala por meu intermédio” (2 Samuel 23:2). No Novo Testamento, o escritor da Epístola aos Hebreus aponta para o homem apenas como porta-voz de Deus (Hebreus 3:7; 10:5), assim como o apóstolo Paulo também destaca o Espírito Santo como sendo o grande autor daquilo que foi profetizado pelo profeta Isaías (Atos 28:25).
Em outras palavras, os escritores das Escrituras sagradas apenas serviram de canal para a profecia. Eles foram autores secundários, enquanto que Deus é o autor primário. A Epístola aos Hebreus é muito útil para nos ajudar a compreender o conceito de inspiração divina na composição das Escrituras.
Seu autor, ao citar de forma maciça o Antigo Testamento, destaca, inclusive, a atuação da Trindade Divina nesse processo. Ele apresenta Deus o Pai (Hebreus 1:5-13; 5:5), Cristo (Hebreus 2:12,13; 10:5-7) e o Espírito Santo (Hebreus 3:7-11; 10:15-17) como Aquele que fala.
Inspiração plena e verbal da Bíblia
Toda a Bíblia é inspirada por Deus, ou seja, não há um texto que seja mais ou menos inspirado que outro. Logo, quando dizemos que toda a Bíblia é inspirada por Deus estamos dizendo que tudo o que os autores humanos, sob a supervisão do Espírito de Deus, escreveram, é verdadeiro e confiável.
Obviamente isso inclui, até mesmo, as escolhas das palavras. Sim, cada palavra foi inspirada. Todavia, isso não significa que o Espírito de Deus anulou a personalidade de cada autor humano. Na verdade Ele a moldou e a elevou ao seu mais alto nível; de modo que a inspiração divina não é algo mecânico, mas denota a preparação em que o Espírito capacitou, em cada detalhe, os homens que receberam a nobre tarefa de transmitir a Palavra de Deus; e isso inclui desde seu nascimento no espaço e no tempo, os dons específicos que recebeu, o tipo de educação que teve acesso e as experiências que lhes ocorreram.
É exatamente por isso que encontramos na Bíblia os mais variados estilos de linguagem. A individualidade de cada escritor bíblico pode ser facilmente percebida; mas ainda assim, cada uma das palavras utilizadas é a genuína Palavra de Deus.
Aqui também vale dizer que quando se fala na inerrância da Bíblia, não se está afirmando a inerrância das traduções bíblicas. A afirmação diz respeito a inerrância dos escritos originais. De qualquer forma, apesar da variedade de traduções, na maioria delas o sentido do texto original está preservado de maneira completamente confiável.
Uma regra infalível de fé e prática
Todo cristão verdadeiro necessariamente tem sua vida pautada nas Escrituras. Não há a mínima possibilidade de se ter uma igreja saudável sem que ela esteja fundamentada na Palavra de Deus como sendo sua única regra de fé e prática.
É nela que encontramos as respostas para nossos questionamentos; é através dela que temos acesso à revelação especial de Deus, de modo que possamos conhecer a sua vontade para nossas vidas, e a forma com que devemos nos portar a fim de agradá-lo. Conforme o apóstolo Paulo escreveu a Timóteo, ela é a ferramenta indispensável para ensinar, repreender, corrigir e educar na justiça (2 Timóteo 3:16).
Conclusão sobre a inspiração divina e a autoridade da Bíblia
A inspiração divina e autoridade da Bíblia já foram duramente atacadas ao longo dos tempos, especialmente durante a Idade Média. Quando houve a Reforma Protestante, os reformadores rejeitaram a infalibilidade e autoridade papal, e se empenharam em defender a autoridade das Escrituras e sua inerrância acima de qualquer coisa.
O tempo passou, mas o cristão genuíno continua sendo convidado a defender as Escrituras todos os dias. Essa necessidade continua urgente diante de tantas distorções que têm contaminado a muitos.
A Bíblia, e somente ela, é a Palavra de Deus. Tudo o que precisamos saber está revelado nela, ou seja, ela está completa e não precisa de complementos. Ela é a voz de Deus para nós, e isso já é o suficiente. Não temos o direito, nem a autoridade, de falar onde a Bíblia se cala, ou de se calar, onde a Bíblia fala. Voltemos às Escrituras!