Jesus Cristo Abriu Mão de Sua Glória?

A Bíblia diz que Cristo deixou seu ambiente de glória para descer à terra e ser achado em forma humana. Então em certo sentido, podemos falar que Cristo abriu mão de sua glória, desde que isso não signifique que Ele deixou de ser Deus. Mesmo tendo se tornado homem, o Filho de Deus jamais abandonou sua divindade. Após a encarnação, Ele passou a ser plenamente homem sem deixar de ser plenamente Deus.

Então quando falamos que Cristo deixou sua glória, isso deve significar que Ele se esvaziou de algumas de suas prerrogativas como Deus (Filipenses 2:5-8). O próprio Senhor Jesus falou sobre isso quando orou ao Pai dizendo: “E, agora, glorifica-me tu, ó Pai, junto de ti mesmo, com aquela glória que tinha contigo antes que o mundo existisse” (João 17:5). Nessa oração Jesus Cristo expressou o seu desejo de retornar à presença do Pai para estar face a face com Ele, desfrutando de toda a glória envolvida nisso em conexão com sua obra redentora.

Então podemos entender que Cristo deixou de lado certos privilégios de sua divindade para assumir a humanidade; Ele trocou a exaltação do céu pela humilhação da terra; Ele trocou a majestade celestial pela servidão humana; Ele trocou o seu trono de glória por uma cruz de madeira.

Mas também não é correto pensar que a glória divina ficou completamente ausente da vida de Cristo durante seu ministério terreno. Até porque, como foi dito, o Cristo humilhado não era menos divino que o Cristo exaltado. Por isso, embora o texto bíblico nos mostre sua verdadeira humilhação e uma progressão dessa humilhação à exaltação durante sua obra, também é correto afirmarmos que a glória divina esteve presente nos momentos decisivos de seu ministério terreno.

A glória divina durante o ministério terreno de Cristo

Podemos compreender isso através de alguns eventos que ocorreram durante a vida terrena do Senhor Jesus Cristo. Por exemplo: Jesus nasceu de uma virgem camponesa em condições precárias em Belém. Mas mesmo assim, enquanto recém-nascido Ele estava numa manjedoura, também estava ocorrendo um espetáculo celestial extraordinário com o coral do exército celestial louvando sua glória (Lucas 2:14).

Depois, ainda recém-nascido, Jesus recebeu honrarias de certos magos que vieram de longe. Os presentes que aqueles magos lhe deram não apenas apontavam para sua humanidade, mas também para sua divindade; aqueles presentes não apenas apontavam para sua humilhação, mas também para sua exaltação.

Durante sua infância, a Bíblia diz que Jesus cresceu e se desenvolveu como qualquer criança e adolescente (Lucas 2:52). Mas aos doze anos de idade Ele já foi capaz de deixar as pessoas maravilhadas com sua inteligência ao discutir as Escrituras com os mestres da Lei. Inclusive, naquela ocasião o adolescente Jesus declarou que estava tratando dos negócios de seu Pai (Lucas 2:49).

O seu batismo também foi um grande sinal de sua humilhação, pois ali ele estava se identificando com o pecador. Mas também foi durante o batismo de Jesus que os céus se abriram, o Pai testificou sobre sua filiação e o Espírito Santo desceu sobre Ele (Mateus 3:16). O mesmo também ocorreu durante sua tentação. Ele foi tentado intensamente por Satanás no deserto, mas depois foi servido por santos anjos de Deus (Mateus 4:11).

Claro que a transfiguração de Jesus foi outro evento que evidenciou de forma clara a manifestação de sua glória mesmo durante seu período de humilhação. Diante de Pedro, Tiago e João, a glória de Cristo foi revelada. Talvez o apóstolo João estivesse pensando exatamente nessa experiência quando escreveu: “Vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai” (João 1:14; cf. 2 Pedro 1:16-18).

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No auge de sua humilhação, a glória divina foi revelada em Cristo

A semana da crucificação é também outro exemplo da manifestação da glória divina durante seu estágio de grande humilhação. Naquela semana, Cristo foi recebido por uma multidão com cânticos numa entrada triunfal em Jerusalém. Mas depois, uma multidão da mesma cidade exigiu que Ele fosse crucificado.

No Getsêmani, Jesus se mostrou profundamente angustiado, a ponto de seu suor se tornar como gotas de sangue. Mas também foi ali no Getsêmani que todos caíram por terra quando Ele declarou ser Jesus de Nazaré. Além disso, embora naquela ocasião Ele estivesse sendo preso como um criminoso, Ele mesmo afirmou que tinha à sua disposição legiões de anjos.

Sem dúvida a traição, julgamento, condenação e crucificação de Jesus formaram uma progressão de acontecimentos que alcançaram seu clímax de humilhação com sua morte na cruz. Mas até mesmo durante a crucificação, a glória divina pôde ser vista não apenas nos sinais miraculosos que aconteceram na terra (trevas, terremoto), mas principalmente na maneira como Cristo realizou com perfeição sua tarefa e cumpriu a Escritura.

Mesmo experimentando a maior humilhação de todas, pregado na cruz Jesus Cristo abriu as portas do paraíso para um ladrão que estava crucificado ao seu lado. Por isso embora aquele fosse o ponto mais baixo de sua humilhação, ainda assim os guardas que acompanhavam a crucificação puderam reconhecer: “Verdadeiramente este era o Filho de Deus” (Mateus 27:54).

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