Judas Iscariotes Foi Salvo?

O ensino bíblico indica que Judas Iscariotes não foi salvo. Nas Escrituras ele é designado como “o filho da perdição”, “ladrão” e “diabo” (João 6:70,71; 12:6; 17:12). Mais ainda assim, algumas pessoas se esforçam para tentar atribuir uma chance final a Judas, mesmo que o ensino bíblico aponte claramente para outra direção. Devido a isso, não raramente alguém pergunta: Judas Iscariotes foi salvo e perdoado?

Judas Iscariotes não foi salvo

Na verdade, a Bíblia não apenas aponta para o fato de que Judas não foi salvo no final, como também indica que ele nunca foi salvo. Esta verdade está em harmonia com a gravidade de suas ações, isto é, ter traído Jesus.

É importante entender que em nenhum momento Judas Iscariotes ficou em desvantagem em relação aos demais apóstolos. Ele caminhou com o Senhor Jesus, escutou dele o convite ao arrependimento, presenciou grandes milagres, pregou o Evangelho e operou maravilhas com os demais discípulos, e teve seus pés lavados assim como os outros. Definitivamente Jesus não o excluiu de forma alguma!

Todavia, mesmo assim ele era diferente dos demais. Todos os outros estavam limpos, menos Judas Iscariotes (João 13:10). Ele estava entre os doze, mas era o diabo (João 6:67-70). Ele teve contato direto com a Videira Verdadeira, mas era um ramo infrutífero a ser queimado no fogo (João 15).

Mesmo com todas as advertências que ele escutou do próprio Jesus; mesmo com todas as grandes obras que ele presenciou e todas as demonstrações de pura compaixão do Mestre; nada disso foi capaz de fazer com ele abandonasse sua maldade.

William Hendriksen, em seu comentário do Novo Testamento no Evangelho de Lucas , faz uma observação muito interessante sobre esta questão. Ele diz que “a chocante tragédia da vida de Judas é prova, não da impotência de Cristo, mas da impenitência do traidor”. Por isso lhe cabem muito bem as palavras: “Ai daquele por intermédio de quem o Filho do Homem está sendo traído” (Mateus 26:24).

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Judas Iscariotes nunca creu em Jesus

Nunca houve um único momento em que Judas Iscariotes creu no Senhor. O apóstolo João escreve muito claramente que “Jesus sabia, desde o princípio, quem eram os que não criam, e quem era o que haveria de o entregar” (João 6:64). Logo em seguida, o apóstolo informa que muitos dos discípulos de Jesus voltaram para trás e não andavam mais com ele (João 6:66). Judas, porém, não se afastou como os demais incrédulos. Ao contrário disso, ele permaneceu próximo, muito próximo, a ponto de traí-lo com um beijo.

Assim, Judas Iscariotes nunca pertenceu realmente a Cristo e nunca teve com Ele uma relação genuína. Ele esteve tão próximo, mas ao mesmo tempo tão distante. Aparentemente ele esteve por vezes “quase” salvo, mas verdadeiramente ele esteve sempre condenado (João 3:18). Ele não perdeu a salvação porque na verdade ele nunca a teve. Ele caiu do apostolado, mas não graça, pois ele nunca esteve nela.

A diferença entre Judas e os demais apóstolos fica muito clara em dois episódios. O apóstolo Pedro negou Jesus, mas diferentemente de Judas, ele, de forma sublime, por revelação do Pai, declarou: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo” (Mateus 16:16). O apóstolo Tomé agiu com incredulidade, mas ao contrário de Judas, sua confissão de fé pode ser lida até os dias de hoje: “Senhor meu, e Deus meu” (João 20:28).

Judas Iscariotes, por sua vez, com relação a Jesus, o título mais elevado que ele lhe atribui foi o de Rabi, isto é, “Mestre” (Mateus 26:25). Ele via Jesus apenas como um professor, talvez um bom exemplo a ser seguido, mas nunca o viu como seu Senhor e Salvador. Ele realmente é merecedor do que foi profetizado pelo salmista Davi, a saber, a maldição mais severa colocada sobre um ímpio nas Escrituras (Salmos 109:6-20).

Judas Iscariotes nunca se arrependeu

Por fim, defender a salvação de Judas é entrar em conflito com a própria mensagem do Evangelho. Ele teve remorso, mas não um arrependimento sincero. O arrependimento genuíno para a salvação reflete de forma indivisível a fé em Cristo Jesus, e isto ele nunca demonstrou ter.

Na verdade, existe uma grande diferença entre um simples remorso e o verdadeiro arrependimento. O primeiro está ligado à consequência dos atos, enquanto o segundo está ligado à consciência do próprio ato em si. Judas não se arrependeu de ter traído Jesus, mas apenas sentiu remorso quando viu que Ele foi condenado (Mateus 27:3). O apóstolo Paulo, escrevendo aos Coríntios, define muito bem a diferença entre o remorso humano e o verdadeiro arrependimento (2 Coríntios 2:10).

Mesmo se sua morte for entendida como uma consequência desse suposto “arrependimento”, isso implica em mais uma prova de que ele entendeu tudo errado e de sua evidente perdição, pois nesse caso seria uma tentativa de auto-justificação, ou seja, tentar alcançar a salvação pela justiça própria, o que definitivamente não é possível. Isso significa que o derramamento de seu próprio sangue jamais poderia servir para lhe conferir um lugar na bem-aventurança eterna ao lado do Senhor que ele havia traído.

Portanto, mesmo quando Judas tirou a própria vida por remorso, ele demonstrou que verdadeiramente não havia crido que Jesus é o Unigênito Filho de Deus, e que todo aquele que nele crer não perecerá (João 3:16).

Judas Iscariotes foi responsável por seus atos

Ele teve medo do que poderia lhe acontecer, não teve coragem de enfrentar o futuro e não teve a sensibilidade de implorar pelo perdão do Salvador. Não foi Deus quem lhe privou dessa sensibilidade, mas a sua própria natureza humana decaía em pecado. Deus é soberano, seus decretos são eternos e imutáveis, mas a responsabilidade pelo pecado repousa sobre os ombros dos homens, justamente onde ela deve estar.

Judas Iscariotes é um exemplo claro acerca de como o pecado corrompeu completamente a natureza humana. Ele presenciou com seus próprios olhos o Verbo encarnado. Ele viu jorrar em sua frente a Fonte de Água Viva. Ele sentou-se a mesa com o Pão da Vida. Ele esteve ao lado do Emanuel, o Deus conosco. Mesmo assim, Judas Iscariotes não creu nele.

Tudo isso significa que se Deus não exercer sua graça soberana na salvação do homem, este, por sua própria escolha, mesmo contemplando o maior dos milagres, jamais poderá finalmente ser salvo. Judas Iscariotes foi salvo? Definitivamente não! Assim como qualquer outro que não crê verdadeiramente no Filho de Deus.

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