O Que Significa “Não Vos Embriagueis Com Vinho”?

A declaração: “não vos embriagueis com vinho, onde há contenda” é uma ordem bíblica que não apenas mostra o perigo e o malefício da embriaguez, mas também contrasta o modo de vida terreno com o modo de vida segundo à vontade de Deus. Por isso logo após essa ordem o versículo bíblico também traz a ordem contrastante: “enchei-vos do Espírito” (Efésios 5:18).

Sem dúvida a ordem: “não vos embriagueis com vinho” está de acordo com os conhecidos efeitos do álcool. Inclusive a Bíblia reprova a embriaguez (Provérbios 31:4-7; 23:35-39; Isaías 5:11; Lucas 21:34; 1 Pedro 4:2,3; etc.).

Muitas pessoas procuram as bebidas alcoólicas para fugirem de seus problemas e se sentirem alegres, desinibidos e confiantes. No começo, tudo parece promissor. Mas no final a alegria dá lugar ao pesar, a desinibição dá lugar à vergonha, e a confiança dá lugar à dissolução. Por fim, os problemas permanecem. Mas os verdadeiros cristãos, por outro lado, jamais devem procurar no vinho sua fonte de contentamento. Para eles, o segredo para a verdadeira alegria é encher-se do Espírito.

Então a ordem: “enchei-vos do Espírito” implica na verdade de que a alegria do Espírito não é superficial e momentânea como alegria da embriaguez. A desinibição promovida pelo Espírito na vida do crente não o conduz à vergonha. A confiança resultante do enchimento do Espírito jamais resulta em contenda. Diferentemente dos efeitos do álcool com sua alegria passageira, a presença do Espírito Santo faz com que os crentes sejam exultantes mesmo em meio à dor e o sofrimento.

Por que Paulo escreveu: “não vos embriagueis com vinho”?

O apóstolo Paulo escreveu a frase: “não vos embriagueis com vinho” em sua Carta aos Efésios numa seção em que ele fala sobre a necessidade de os crentes viverem de forma compatível à sua nova posição em Cristo. Os crentes formam a gloriosa Igreja de Cristo; eles foram eleitos desde a fundação do mundo; foram ressuscitados de seu estado de morte espiritual e feitos herdeiros da bênçãos espirituais em Cristo para a glória de Deus. Então eles devem andar de forma adequada a essa realidade.

Mas parece que o abuso do álcool era um perigo na Igreja Primitiva. Inclusive, a igreja de Corinto chegou a levar esse perigo para dentro das reuniões cristãs (1 Coríntios 11). Não por acaso há várias restrições claras quanto ao abuso de bebidas alcoólicas no Novo Testamento (1 Timóteo 3:3-8; Tito 1:7; 2:3; etc.).

Além disso, naquele tempo a embriaguez estava muito associada à vida religiosa. Na cultura pagã do mundo greco-romano, frequentemente as pessoas usavam o vinho para entrar num estado de êxtase no qual supostamente podiam ter comunhão com os deuses e receber um tipo de conhecimento estático que era inalcançável num estado de sobriedade.

Também é interessante notar que imediatamente após dizer: “não vos embriagueis com vinho”, o apóstolo completa: “onde há contenda”. A palavra “contenda” traduz um termo grego que indica um comportamento dissoluto, incluindo as ideias de “falta de controle” e “desperdício”.

O contentamento trazido pelo álcool é apenas momentâneo e não vale o descontrole e o desperdício que o acompanham. Não há nada de proveitoso naquilo que uma pessoa embriagada faz. Essa pessoa perde o controle de sua razão e desperdiça sua dignidade. O consolo do álcool não é real! Por tudo isso a embriaguez jamais deve estar presente na vida cristã.

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Um caminho mais excelente em lugar da embriaguez

O mundo oferece muitas formas de alegria, mas todas elas são superficiais e passageiras. O álcool é só mais um instrumento para alcançar esse tipo de alegria sem valor. Mas a Palavra de Deus oferece uma alternativa apropriada que conduz à verdadeira alegria: a plenitude do Espírito Santo.

A alegria provida pelo Espírito Santo que habita na vida do crente é indizível e gloriosa (1 Pedro 1:8). A fonte da verdadeira alegria não está no vinho, mas no Espírito de Deus que enche a vida dos redimidos. Essa alegria é tão imbatível que ela não significa ausência de problemas, mas significa contentamento mesmo em meio ao sofrimento.

O teólogo Warren Wiersbe faz uma aplicação interessante ao dizer que a pessoa embriagada está sob o controle de outra força — o álcool. Ele experimenta uma sensação de alívio e não tem vergonha de se expressar. Mas o cristão, pleno do Espírito, tem sua vida controlada por Deus. Ele experimenta uma alegria profunda e não tem medo de se expressar para a glória de Deus. Diferentemente do embriagado que faz papel de tolo e causa embaraço para si mesmo, o cristão experimenta um maravilhoso domínio próprio.

Wiersbe ainda observa que a pessoa embriagada chama a atenção para si mesma, enquanto o cristão pleno do Espírito Santo dá testemunho de Cristo. Os bêbados costumam cantar, mas suas canções revelam o estado corrompido de seus corações. Já o cântico do cristão vem de Deus e não pode ser entoado sem o poder do Espírito (Comentário Expositivo do Novo Testamento).

Portanto, a exortação: “não vos embriagueis com vinho” indica que esse tipo de prática não pode nos levar a nada de positivo. Como diz William Hendriksen, a embriaguez não pode colocar o crente de posse dos prazeres concretos e duráveis, nem do conhecimento aproveitável e nem da alegria perfeita (Comentário do Novo Testamento — Efésios e Filipenses). E de fato os crentes não precisam da embriaguez ou de qualquer artifício do mundo para encontrar conforto e contentamento, pois o Espírito de Deus é tudo o que eles precisam.

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