O Que é a Batalha do Armagedom

Armagedom é o nome usado no livro do Apocalipse para se referir ao local de ajuntamento para a batalha que ocorrerá no “Grande dia do Deus Todo-Poderoso” (Ap 16:14). Esse evento ficou popularmente conhecido como “a batalha do Armagedom“.

Não faltam teorias fantasiosas sobre essa famosa batalha, de modo que o termo “Armagedom” se tornou um tipo de designação geral sobre o fim do mundo, sem necessariamente se referir ao texto do Novo Testamento. Neste estudo bíblico, conheceremos um pouco mais sobre o que é Armagedom, e como interpretar corretamente essa batalha na Bíblia.

O que significa Armagedom?

O significado da palavra “Armagedom” tem sido discutido ao longo do tempo pelos estudiosos. A interpretação mais antiga sobre esse termo, existente somente em árabe, refere-se ao sentido de “lugar pisado” ou “lugar nivelado”.

As interpretações mais modernas sugerem: “montanha do Megido”, “vale do Megido”, “cidade de Megido” e “monte da assembléia”. A interpretação mais aceita pelos eruditos é a de que Armagedom significa “monte (heb. har) Megido (gr. Magedôn)”. O hebraico har aparece nos livros do Antigo Testamento para se referir a “colina” e “região montanhosa”.

As diferentes interpretações sobre a Batalha do Armagedom

Como se sabe, existem diferentes correntes escatológicas. Isso faz com que haja várias interpretações diferentes sobre esse assunto, de modo que seria muito difícil apresentarmos todas elas. Portanto, neste texto consideraremos apenas as principais.

De modo geral, os pré-milenistas defendem que a batalha do Armagedom será o evento que precederá imediatamente a volta de Cristo para instituir na terra Seu reino messiânico e literal. Nessa batalha, o Anticristo será derrotado, os ímpios serão destruídos e resultará também na prisão de Satanás por mil anos.

Alguns poucos pré-milenistas entendem que o nome “Armagedom” é apenas uma referência simbólica acerca desse evento final, ou seja, não necessariamente exigindo uma localização literal na terra de Israel. Outros, por sua vez, defendem exatamente o contrário, isto é, o cenário será Israel, embora a proporção da batalha seja mundial. Para estes, na ocasião Israel estará cercado literalmente pelas forças comandadas pelo Anticristo.

Vale lembrar que dentro do Pré-Milenismo existem várias ramificações, sendo o Pré-Milenismo Dispensacionalista o mais conhecido entre os cristãos. Tais ramificações fazem com que haja diferentes interpretações entre os próprios pré-milenistas.

Os pré-milenistas históricos defendem que esse aparecimento de Cristo na batalha do Armagedom será a Sua segunda vinda, ou seja, o momento em que Jesus buscará a Sua Igreja. Os pré-milenistas históricos defendem uma visão pós-tribulacionista, ou seja, defendem que a Igreja passará pela grande tribulação.

Já os pré-milenistas dispensacionalistas, defendem a visão pré-tribulacionista, isto é, entendem que a segunda vinda de Cristo será dividida em duas etapas. A primeira será para arrebatar secretamente a Igreja, e a segunda etapa ocorrerá no final de um período de sete anos literais de grande tribulação para livrar o povo de Israel e os crentes que serão convertidos durante esse período.

Se a primeira etapa da volta de Cristo será secreta, a segunda etapa será completamente visível. Então, nessa segunda etapa é que ocorrerá a batalha do Armagedom. Nesse caso, tal batalha será um confronto literal do exercito reunido pelo Anticristo contra o próprio Cristo.

Já os amilenistas e pós-milenistas, apesar de possuírem muitas diferenças, em geral concordam que o Armagedom é uma referência simbólica aos momentos que culminam na segunda vinda de Cristo para buscar Sua Igreja, destruir os agentes de Satanás, julgar todas as pessoas e dar inicio ao estado eterno, com novos céus e nova terra.

Para saber mais sobre esse assunto, indicamos a leitura dos seguintes textos:

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Como interpretar corretamente a batalha do Armagedom?

Primeiro, precisamos sempre ter em mente que a escatologia é de fato uma área difícil da teologia, e em as diferentes correntes escatológicas são defendidas por cristãos genuínos. Portanto, é preciso que haja respeito com quem adota uma posição diferente da que defendemos.

A maneira mais coerente de se interpretar o livro do Apocalipse é perceber que ele está organizado em sete seções paralelas e progressivas, ou seja, a mesma história é contada repetidas vezes, porém por ângulos diferentes. As sete seções compreendem o mesmo período da história, mas conforme as seções avançam, novos elementos e detalhes da narrativa vão sendo adicionados, de modo que a interpretação das visões vai ficando cada vez mais clara.

Para saber mais sobre isso, leia os textos: “Como estudar o livro do Apocalipse?” e “Leitura de recapitulação ou de sucessão em Apocalipse?“. A passagem que menciona o Armagedom está registrada dentro da quinta seção do livro do Apocalipse que compreende os capítulos 15 e 16 do livro. Essa seção trata das sete taças da ira de Deus (ou sete flagelos).

No capítulo 15 temos a preparação para as sete taças. Já no capítulo 16 temos o derramamento das taças da ira de Deus. É nesse contexto que o Armagedom é citado no sexto flagelo (ou sexta taça).

As taças representam o cálice da ira de Deus que vai sendo esvaziado sobre o mundo incrédulo, resultando nas últimas pragas que levam à segunda vinda de Cristo. Diferente das trombetas que possuem o objetivo de advertir os homens, as taças consumam “a cólera de Deus” (Ap 15:1). Para saber mais sobre as trombetas leia o texto “As Sete Trombetas do Apocalipse“.

Vimos que a palavra Armagedom faz referência à região de Megido. No antigo Israel aquela região era muito importante, pois situava-se próximo a uma importante rota de viagem e comércio. O caminho de Megido foi o cenário de grandes batalhas (Jz 5:19; 2Cr 35:22).

Dando principal importância a referência do livro de Juízes (caps. 4 e 5), foi na região de Megido que ocorreu aquela famosa batalha com a participação de Débora, onde o povo de Deus era muito frágil perante o exército inimigo.

Porém, quando tudo parecia perdido, sem solução, sem saída, Deus agiu de forma direta e sobrenatural dando a vitória ao seu povo. É exatamente sobre isso que o Armagedom se refere.

O Armagedom é mais do que um lugar, mais do que uma localização geográfica, é na verdade um símbolo que se refere à batalha final, a triunfante vitória de Cristo com todo esplendor e glória sobre todos os seus inimigos.

Quando tudo parecer perdido com a Igreja sendo violentamente perseguida, com as forças satânicas dominando todo este mundo de maneira tenebrosa, com a apostasia operando de maneira generalizada levando os homens ao limite da idolatria e da blasfêmia, então Cristo aparecerá como um ladrão, pegando o mundo perverso de surpresa e destruindo todos os seus inimigos. Perceba que no versículo 15 do mesmo capítulo 16 do Apocalipse está registrado um aviso do próprio Senhor acerca desse momento.

Satanás, diante da derrota iminente, incita os homens contra o próprio Deus. O Armagedom é o momento da segunda vinda de Cristo. É o momento em que Ele vem livrar a Sua Igreja das terríveis perseguições promovidas pelo dragão e seus agentes.

Pouco detalhe é dado sobre a batalha do Armagedom no capítulo 16 do Apocalipse. Entretanto, nas próximas seções paralelas encontramos mais detalhes sobre essa batalha (caps. 19:19-21; 20:7-9).

É importante perceber que não se tratam de três batalhas diferentes, mas de uma única batalha, a batalha do Armagedom, o ataque final das forças satânicas à Igreja de Cristo. No Armagedom ocorre a derrota final dos inimigos de Deus.

Embora a derrota de Satanás e seus agentes (a grande Babilônia, o Anticristo, o falso profeta e os ímpios) seja descrita em relatos diferentes, todos caem ao mesmo tempo, ou seja, na segunda vinda de Cristo. Lembre-se que o Apocalipse conta a mesma história várias vezes de perspectivas diferentes.

Não entenda a batalha do Armagedom como sendo um conflito em que exércitos humanos medirão forças com o próprio Cristo e Seu exército celestial de forma literal. Infelizmente, já escutei uma pregação em que o pregador de forma “emocionada” criou uma fantasia acerca desse momento.

Segundo ele, todas as armas do mundo estarão apontadas para Jesus, os tanques de guerra estarão disparando contra ele, os aviões caças estarão soltando mísseis sobre sua cabeça, enquanto as mídias do mundo inteiro estarão transmitindo ao vivo essa batalha. Por favor, não entenda assim. Isso chega a ser um desrespeito com a seriedade da Palavra de Deus.

Entenda o Armagedom como o símbolo do limite em que chega a rebelião do homem incrédulo contra Deus. Entenda o ajuntamento do Armagedom como uma descrição do tamanho da blasfêmia do homem para com Deus, que mesmo diante do juízo divino, insiste, com toda sua loucura, em afrontá-lo.

Isso nos faz lembrar a história da construção da Torre de Babel. Além de representar toda a loucura, soberba e desobediência do homem, um dos motivos para a construção daquela torre segundo o historiador judeu Flávio Josefo, era a intenção de se vingar do próprio Deus caso Ele resolvesse castigar a humanidade novamente.

Entenda o Armagedom como uma referência a derrota definitiva dos inimigos de Deus e de Sua Igreja, o momento em que as forças do mal serão terminantemente esmagadas. Entenda o Armagedom como sendo o momento em que os salvos são glorificados com Ele, e os ímpios são eternamente condenados.

O Armagedom é o momento de lamento para a prostituta, e de imensa alegria para a noiva. No Armagedom a grande Babilônia cai, e a Nova Jerusalém se levanta esplendorosamente preparada e ataviada para o Noivo.

Note que no versículo 17 do capítulo 16 é derramado o sétimo flagelo. Se o sexto flagelo onde é citado o Armagedom refere-se à segunda vinda de Cristo, o sétimo flagelo descreve o grande dia do juízo de Deus. Após o Armagedom, após sexto flagelo da ira de Deus, a sétima taça é derramada. É nesse momento que termina a presente era e começa a eternidade.

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