O Que é Pecado? Qual o Significado de Pecado na Bíblia?
Pecado é tudo aquilo que transgride a Lei de Deus sendo contrário ao Seu caráter. Desse modo, o homem peca tanto ao não fazer o que agrada a Deus quanto ao fazer aquilo que o desagrada. A doutrina acerca do pecado é bastante exaustiva na Bíblia, tanto no Antigo quando no Novo Testamento. A seguir, veremos o que as Escrituras dizem sobre o que é o pecado, qual o seu significado e tudo que o envolve.
O que significa pecado na Bíblia?
Na Bíblia existem vários termos que são empregados para se referir ao pecado e que possuem diferentes significados. Antes, também é importante entender que tais termos algumas vezes são utilizados para se referir ao mal no seu sentido mais amplo e genérico, e não necessariamente ao pecado, como por exemplo, ao mal físico (doenças, etc.), mesmo que esse mal genérico seja, em última análise, resultado, consequência ou punição pelo pecado.
Em outras palavras, é correto afirmar que o pecado é o mal numa categoria específica, que de forma bastante resumida pode ser definido como sendo o “mal moral”. Dentre os termos mais utilizados para se referir ao mal que implica no conceito de pecado, podemos destacar:
- Palavras hebraicas: 1) Chatta’th, significa algo como “desviar do caminho”, “errar o alvo”, no sentido de um erro ou desvio deliberado; 2) ‘Avel e ‘Avon, designa um tipo de “falta de integridade”, “desonestidade”, “iniquidade” ao afastar-se intencionalmente do caminho da justiça; 3) Pesha’, transmite a ideia de revolta e rebelião contra uma autoridade legitima, algo como uma “quebra da aliança”; 4) Rasha’, significa “maldade”, implicando sempre no sentido de “culpa moral” ao fugir impiamente das regras estabelecidas; 5) Asham, “culpa”; 6) Ta’a, “andar errado”; etc.
- Palavras gregas: 1) Harmatia, essa é a palavra mais abrangente para pecado no Novo Testamento e na Septuaginta, e significa um desvio do caminho da justiça; 2) Adikia, “injustiça”; 3) Anomos, usada para se referir aquele que transgride a Lei; 4) Paraptoma, algo como “uma ofensa ou transgressão deliberada”; 5) Poneros, geralmente refere-se a “iniquidade moral”; etc.
Todos esses termos, quando aplicados à ideia de “mal moral”, geralmente são traduzidos por palavras que revelam o pecado em seus mais diversos aspectos, como: pecado, culpa, maldade, depravação, perversidade, iniquidade, injustiça, desobediência, rebelião, impiedade, prostituição, imoralidade e outras.
O que a Bíblia diz sobre o pecado?
A Bíblia diz que o pecado é uma grave e deliberada revolva contra o próprio Deus, que naturalmente resulta na transgressão de sua Lei. Ao mesmo tempo em que as Escrituras revelam explicitamente essa verdade, elas também expõem de forma clara qual é o padrão correto contra o qual os homens deliberadamente transgridem, bem como não deixa qualquer dúvida com relação à responsabilidade do próprio homem nessa transgressão.
A Bíblia também diz que o pecado entrou na humanidade na Queda do homem, quando Adão e Eva livremente resolveram pecar contra o Senhor (Gênesis 3). A partir dali, o pecado contaminou a natureza humana de tal forma que fez com que o homem se encontrasse num pleno estado de depravação, incapaz de se livrar do pecado e fazer o bem em relação a Deus.
Em outras palavras, após o pecado ter entrado no mundo, por sua própria natureza, todas as faculdades do homem, incluindo suas decisões, desejos e vontades, estão inclinadas ao mal (Romanos 3:10-12). Assim, não há um ser humano se quer que não possua uma natureza decaída, pois todos já nascem nesse estado de pecado.
Esse estado, condição e qualidade de pecador é chamado de “pecado original”, pois ele não ocorre por imitação ou influência externa, mas é derivado da raiz da raça humana, ou seja, o pecado de Adão foi o pecado de toda a humanidade, e assim todos os homens já nascem com uma natureza deprava e corrupta (Romanos 5:12).
Esse pecado original também é a raiz de todos os pecados cometidos pelos homens durante suas vidas, que geralmente são chamados de “pecados factuais”. Tais pecados possuem sua fonte no pecado original, e são todos aqueles que os homens comentem no decorrer de suas vidas.
Como o homem peca?
A Bíblia diz que o homem peca de diversas maneiras e sentidos. Assim, esses pecados factuais podem ser tanto interiores (pensamentos perversos, cobiça etc.) como exteriores (furto, roubo, mentira, fraude etc.).
Logo, é correto afirmar que o homem peca tanto por seus pensamentos como por suas obras, palavras e mesmo por omissão, ao se fazer indiferente à injustiça e a maldade. De qualquer forma, a justiça de Deus exige a punição de todos esses tipos de pecado (Mateus 12:36; 1 Coríntios 4:5; Apocalipse 20:12).
As punições e consequências do pecado
O caráter santo de Deus exige que também sejamos santos em nossa maneira de viver (1 Pedro 1:16). Naturalmente, por conta desse padrão de santidade, a justiça de Deus requer que todos os pecados sejam punidos. Essa punição ocorre tanto nessa vida quando na vida por vir.
A Bíblia afirma que a grande consequência e castigo do pecado é a morte. Com relação ao conceito de “morte” nesse sentido, deve-se entender que ela significa não apenas a morte física, mas a morte espiritual e a morte eterna.
A morte física, e não apenas ela, mas também os sofrimentos da vida, são resultantes do pecado que entrou no mundo. Tais sofrimentos e aflições são comuns na vida do homem tanto no aspecto físico quanto mental e emocional.
Assim, no decorrer de sua vida, o homem experimenta as mais variadas consequências pelos seus atos pecaminosos. Ele é punido tanto nas consequências naturais de seu pecado (Provérbios 5:22) como também sofre a penalidade imposta por um ato direto do próprio Deus (1 Crônicas 10:13; Salmos 11:6).
No final da vida do homem ocorre também a separação do corpo e da alma, ou seja, a morte física propriamente dita, e a Bíblia afirma claramente que esse fim é tanto consequência como penalidade pelo pecado (Gênesis 3:19; cf. Romanos 5:12-21; 1 Coríntios 15:12-23).
Já a morte espiritual basicamente significa a separação de Deus (Ezequiel 18:4,20; Romanos 5:12; 6:16-23; Tiago 1:15), pois o Deus santo e justo não pode ter comunhão com o homem impuro, injusto e totalmente depravado.
Se o homem, por natureza morto em pecados e delitos, não for vivificado pela ação soberana de Deus (Efésios 2:1-11), sua morte espiritual o conduzirá à morte eterna, que implica na triste realidade de que o ímpio sofrerá, por toda a eternidade, o castigo da santa ira de Deus, isto é, o pecador impenitente será atormentado pelos séculos dos séculos (Apocalipse 14:11).
É possível ficar livre do pecado?
O homem, por si mesmo, não possui qualquer capacidade de se libertar do pecado. Porém, através da obra redentora de Cristo, Deus providenciou a salvação do homem do pecado. Essa salvação, no entanto, basicamente ocorre em três estágios.
Primeiramente o homem é liberto da culpa do pecado, recebendo o perdão de Deus através da justificação, um ato pontual do próprio Deus. Depois, o redimido é liberto do poder do pecado, num processo que dura toda sua vida, o qual a Bíblia chama de santificação. Por fim, o homem é liberto definitivamente da presença do pecado, e isso ocorrerá na glorificação, isto é, na ressurreição por ocasião da volta de Cristo. Assim, o redimido receberá um corpo glorioso não mais sujeito ao pecado (1 Coríntios 15:54).
Portanto, enquanto está vivendo neste mundo, mesmo justificado, o redimido ainda está sujeito ao pecado (1 João 1:8-10), porém o Espírito Santo, o Auxiliador enviado pelo Pai e pelo Filho, capacita aquele que foi feito nova criatura em Cristo a não deixar que o pecado, por meio de sua velha natureza, domine sua vida (Romanos 6:1-13; 8:1-4).
Assim, estes não andam mais segundo a carne e suas obras perversas, mas andam segundo o Espírito, num modo de vida completamente oposto ao pecado, que demonstra o caráter de Cristo através do fruto do Espírito Santo em suas vidas.