O Que Fazer Com as Sobras da Santa Ceia?

Muitas pessoas têm duvida sobre o que fazer com as sobras da Santa Ceia. Alguns acreditam que o pão e o vinho/suco de uva que sobram podem ser consumidos. Outros acreditam que por terem servido como elementos da Ceia do Senhor, eles precisam ser descartados de forma especial.

Essa pode até ser uma dúvida inocente, mas em alguns casos por trás dela pode haver uma interpretação contrária às Escrituras. Vejamos melhor a seguir.

A Bíblia fala sobre o que fazer com as sobras da Ceia do Senhor?

Não há na Bíblia nenhum texto que trata especificamente sobre esse assunto. Encontramos nas Escrituras apenas as instruções acerca da instituição da Ceia do Senhor. Nessas passagens lemos sobre os elementos que devem ser utilizados de forma simbólica para celebrar o sacrifício de Cristo. Esses elementos são o pão e o suco do fruto da vide (Mateus 26:26; Lucas 22:17-23; 1 Coríntios 11:24-25).

O problema é que quando algumas pessoas vão cuidar das sobras da Santa Ceia, elas acabam adotando um entendimento equivocado com relação ao propósito da Ceia. Muitas delas nem mesmo sabem, mas esse entendimento errado está relacionado à forma com que Cristo se faz presente durante a Ceia do Senhor.

Desde o início da Idade Média os cristãos começaram a discutir como Cristo se faz presente no momento da Santa Ceia. Então surgiu a doutrina católica da transubstanciação. Essa interpretação diz que quando o pão e o vinho são abençoados no momento da Ceia do Senhor, eles literalmente se transubstanciam na carne e no sangue de Cristo. Dessa forma, o próprio Cristo se faz presente na Ceia fisicamente.

Obviamente essa doutrina também implica numa sacralização dos elementos utilizados. Por se tornarem literalmente a carne e o sangue de Cristo, também se entende que esses elementos tornam-se sagrados. É justamente daí que surge a dúvida: o que poderia ser feito com as sobras da Santa Ceia, visto que essas sobras são sagradas?

Apesar de a Igreja Reformada ter rejeitado essa interpretação, é comum encontrar entre os cristãos protestantes aqueles que ainda pensam que o pão e vinho que sobram da Ceia são elementos sagrados. No entanto, definitivamente essa não é uma interpretação bíblica.

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As sobras da Santa Ceia são elementos comuns

Em primeiro lugar, é preciso saber que o pão e o cálice utilizados na Ceia são apenas símbolos que apontam para o sacrifício de Cristo. Por esse motivo, ao falar sobre o pão e o cálice, Jesus Cristo dá a seguinte ordem: “fazei isto em memória de mim” (1 Coríntios 11:24).

Em segundo lugar, isso indica que não há uma presença física de Cristo nos elementos da Ceia. Portanto, na celebração da Santa Ceia Jesus se faz presente com seu povo espiritualmente através do Espírito Santo. Os cristãos não se alimentam literalmente do corpo físico de Jesus ao comerem do pão e tomarem do vinho. O correto é entender que os cristãos se alimentam espiritualmente de Cristo.

Em terceiro lugar, tudo isso indica que os elementos da Ceia apenas possuem um valor especial no momento em que a própria Ceia é realizada. Terminada sua celebração, o pão e o cálice são elementos comuns. O pão que sobra da Ceia é um pão como qualquer outro, assim como o vinho/suco de uva.

Como foi dito, infelizmente algumas pessoas não entendem isso e acabam adotando uma postura que não se justifica biblicamente. Há casos em que existe até uma pessoa “consagrada” especialmente para lidar com essas sobras.

Parece até brincadeira, mas tem gente que enterra as sobras da Ceia, enquanto outros as queimam. Há até aqueles que fazem uma oração para “reverter” a consagração daqueles alimentos. Então só depois que esses elementos deixaram de ser sagrados por meio dessa oração, é que alguém recebe a permissão de dar um destino final para eles.

Obviamente tudo isso é misticismo e deve ser reprovado. Como foi explicado, ao terminar a Ceia, termina-se também qualquer aplicação de significado espiritual aos elementos utilizados. Portanto, as sobras da Santa Ceia podem ser utilizadas sem qualquer problema. O pão e o cálice que sobram podem ser consumidos sem medo de que isso implique num pecado de profanação.

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