A Pia de Bronze: Lugar de Purificação
A pia de bronze era um dos mobiliários do Tabernáculo e do Templo. A pia de bronze, ou bacia de bronze, ficava no átrio, entre o altar do holocausto e a entrada do Santuário propriamente dito.
Foi o próprio Deus quem deu as instruções sobre como a pia de bronze deveria ser fabricada. Ele ordenou a Moisés que fosse feita uma bacia de bronze que deveria ser colocada sobre um suporte ou base também de bronze.
Diferentemente de outras peças da mobília do Tabernáculo, nenhuma informação sobre o tamanho da bacia de bronze é fornecida no texto bíblico. Inclusive, nem mesmo o formato da pia é informado. Mas sabe-se que posteriormente a pia de bronze do Templo de Salomão tão grandiosa que chegou a ser chamada de “mar de bronze” ou “mar de fundição” (cf. 1 Reis 7:23-38).
A pia de bronze foi fabricada sob os cuidados de Bezalel, o artesão chefe durante a construção do Tabernáculo. O texto bíblico informa que o material utilizado em sua fabricação foi retirado “dos espelhos das mulheres que se reuniam para ministrar à porta da tenda da congregação” (Êxodo 38:8). Aqui vale lembrar que na antiguidade os espelhos eram sempre feitos de metal polido.
Algumas traduções dizem que a pia era de bronze, enquanto outras traduções dizem que a pia era de cobre. Claro que não há nenhum desencontro de informações. O que acontece é que o material utilizado provavelmente consistia de uma liga de cobre e estanho, portanto bronze, mas não havia um termo hebraico específico para designar esse material.
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Para que servia a pia de bronze?
A pia de bronze tinha uma função muito importante no serviço religioso dos sacerdotes no Tabernáculo. A pia era abastecida com água para as abluções dos sacerdotes. Isso significa que os sacerdotes deveriam participar de lavagens rituais antes da consagração e de sua entrada na presença de Deus (cf. Êxodo 29:4).
Então a pia de bronze ficava cuidadosamente colocada no átrio diante da entrada que dava acesso ao Santo Lugar. Assim, antes que o sacerdote entrasse no santuário, ele deveria se lavar e purificar para só então poder adorar apropriadamente mediante a oferta do incenso.
Na verdade o texto bíblico que registra a ordenança de Deus com relação a pia de bronze é bem específico quanto a sua função. O texto diz: “Nela, Arão e seus filhos lavarão as mãos e os pés. Quando entrarem na tenda da congregação, lavar-se-ão com água, para que não morram; ou quando se chegarem ao altar para ministrar para acender a oferta queimada ao SENHOR. Lavarão, pois, as mãos e os pés, para que não morram; e isto lhes será por estatuto perpétuo, a ele e à sua posteridade, através de suas gerações” (Êxodo 30:19-21).
Portanto, os sacerdotes obrigatoriamente se lavavam na pia de bronze quando se aproximavam do altar; ou antes de entrarem no Tabernáculo para ministrar. A negligência da ordem divina a respeito da necessidade da purificação antes dos serviços sacerdotais poderia resultar em morte. Tudo isso significa muito claramente que nada durante a adoração no Tabernáculo era feito casualmente; ninguém podia se apresentar diante da presença de Deus de forma descuidada.
O significado da pia de bronze
Toda a lavagem sacerdotal na pia de bronze apontava para uma realidade superior; ou seja, apontava para Cristo e sua obra redentora. O apóstolo Paulo escreve que Cristo “amou a Igreja e a si mesmo se entregou por ela, para que a santificasse, tendo-a purificado por meio da lavagem de água, pela palavra; para apresentá-la a si mesmo Igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante; porém santa e sem defeito” (Efésios 5:25-27).
Portanto, podemos perceber como a lavagem na pia de bronze prefigurava a santificação que os remidos experimentam mediante a obra de Jesus Cristo. Assim como o sumo sacerdote se lavava para poder entrar no Santo dos Santos, os crentes também foram lavados a fim de que pudessem entrar com sinceridade e plena certeza de fé na presença de Deus (Hebreus 10:22; cf. Êxodo 24:4; Levítico 16:4).
A lavagem dos sacerdotes na pia de bronze era de caráter provisório e repetitivo. Eles tinham que se lavar continuamente na pia de bronze, pois eram incapazes de se manterem puros; enquanto que agora os crentes são eficazmente purificados mediante o lavar regenerador e renovador do Espírito Santo que aplica às pessoas a graça de Deus oferecida em Cristo Jesus, nosso eterno e perfeito Sumo Sacerdote (Tito 3:5; Hebreus 7:26).
Sim, os crentes são definitivamente lavados e remidos pelo sangue do Cordeiro (cf. 1 Coríntios 6:11; Apocalipse 7:14). Inclusive, essa lavagem, que ocorre de uma vez por todas, é simbolizada exteriormente pelo batismo.
Mas isso não significa que os crentes não sejam submetidos a um processo longo e contínuo de consagração a Deus. Por isso a teologia fala da santificação tanto no aspecto posicional quanto experimental. Isso quer dizer que se por um lado os crentes já foram totalmente santificados em Cristo, por outro lado eles ainda são convidados a exercitar a santificação como algo a ser desenvolvido progressivamente durante sua vida cristã, e que só encontrará seu cumprimento pleno na glorificação.