Por Que Jesus Morreu na Cruz?
Basicamente podemos dizer que Jesus morreu para redimir os pecadores de seus pecados. Logo, a morte de Jesus foi expiatória. O significado da expiação provida por Cristo inclui as ideias de sacrifício, propiciação, substituição e reconciliação.
Podemos entender melhor por que Jesus morreu quando olhamos para o significado original da palavra “expiação”. Em seu sentido mais básico, essa palavra traz a ideia de “pagamento”, indicando um tipo de transação comercial em que uma pessoa compra algo de outra pessoa.
Então quando falamos que Cristo expiou o nosso pecado ou que Ele nos redimiu, no sentido mais básico estamos dizendo que Cristo pagou o nosso pecado diante de Deus e nos comprou. Isto está em harmonia com o testemunho bíblico que mostra que nossa redenção custou um alto preço, isto é, o próprio sangue de Jesus Cristo.
Inclusive, o próprio Senhor Jesus indica que foi isso mesmo que aconteceu quando Ele esteve na cruz. Já no final de seu período de sofrimento durante a crucificação, Jesus exclamou: “Está consumado” (João 19:30). Essa expressão traduz justamente um termo comercial que naquele tempo indicava a quitação total de uma dívida.
Mas à luz dessa verdade bíblica que mostra que de fato a redenção foi um pagamento, uma compra, surgiram várias teorias ao longo da história da Igreja na tentativa de explicar o significado da morte de Jesus e responder de forma mais profunda por que Jesus morreu na cruz.
Explicações erradas sobre por que Jesus morreu na cruz
Algumas pessoas tentam explicar por que Jesus morreu na cruz defendendo que a morte expiatória de Cristo foi apenas um exemplo para a humanidade; e que a ideia de expiação é simplesmente um conceito metafórico. De acordo com essas pessoas, a obra de Jesus simplesmente inspira o homem e lhe serve como um bom exemplo de fé, amor e obediência a Deus. Em outras palavras, o homem pode ter seu relacionamento com Deus restaurado ao adotar a mesma conduta de Jesus.
De forma semelhante, outras pessoas ignoram completamente o testemunho bíblico a respeito da santidade, retidão e justiça de Deus, e adotam uma visão de que a morte de Jesus foi unicamente para mostrar o amor de Deus e nos influenciar moralmente. A ideia é a de que quando tomamos consciência do amor de Deus, somos curados da ignorância e deixamos de sentir medo de Deus. Nesse caso, podemos ser reconciliados com Deus não exatamente pela obra de Cristo, mas por entendermos o seu amor e mudarmos a nossa atitude.
Há também quem defenda que Jesus morreu unicamente com a finalidade de exibir aos homens a justiça de Deus. Essas pessoas acreditam que Jesus não morreu para pagar efetivamente o preço real pelo pecado dos homens, mas que sua morte serviu apenas como uma substituição penal, fornecendo então um fundamento para o perdão divino e ao mesmo tempo mostrando que Deus não aprova o pecado, preservando assim o governo moral de Deus. Então nessa teoria a morte de qualquer pessoa teria cumprido o mesmo propósito da morte de Jesus Cristo, desde que os pecadores fossem convencidos das implicações penais de seus pecados.
Por fim, há também muitas pessoas que acreditam que Jesus morreu para pagar um resgate a Satanás com a finalidade de libertar o homem do poder das forças das trevas. Essas pessoas pensam que Satanás tinha controle total sobre a humanidade, mantendo os homens como reféns. Então a morte de Jesus foi como o pagamento de um resgate pago a um sequestrador.
O motivo correto do porquê Jesus morreu na cruz
Sem dúvida a morte expiatória de Jesus Cristo envolveu muitos aspectos que tornam o seu significado muito profundo. A obra da expiação definitivamente foi uma obra complexa.
Isso quer dizer que não podemos cair no erro de enfatizar um único aspecto da expiação em detrimento de outros. As pessoas que explicam de forma equivocada por que Jesus morreu, caem exatamente nesse tipo de erro. É por isso que das teorias que apresentamos aqui, todas elas possuem alguma dimensão de verdade; mas, por outro lado, elas erram ao desprezar o ensino bíblico completo sobre o assunto.
Então podemos dizer que de fato a morte de Jesus na cruz mostrou a imensidão do amor de Deus ao entregar seu Filho por nós; bem como não deixou qualquer dúvida sobre a gravidade do pecado, assim como revelou a inescapável justiça de Deus que requer a punição desse pecado. Em sua morte Jesus também nos deu um exemplo insuperável de obediência e dedicação a Deus. Além disso, em sua morte expiatória Jesus também triunfou sobre o império do mal e libertou aqueles que estavam cativos sob as forças da impiedade.
Mas isso não significa que a obra da expiação pode ser reduzida a um mero exemplo, a uma simples influência moral ou a uma lógica governamental. Além disso, de fato a expiação fala sobre o pagamento de um resgate, mas obviamente esse pagamento não foi pago a Satanás.
A verdade é que Jesus morreu para quitar a dívida do pecador; uma divida devida a Deus, porque o pecado é a transgressão da Lei de Deus. Em outras palavras, a verdade que fundamenta todos os outros aspectos da expiação é a de que Jesus morreu para satisfazer a justiça divina ao substituir efetivamente o lugar do pecador e quitar sua dívida que, de outra forma, jamais seria paga.
Dessa forma, Cristo cumpriu o plano de redenção que foi concebido ainda na eternidade. Antes de o mundo existir, Deus, o Pai, já havia decidido enviar seu Filho para pagar o preço por nossa culpa moral (Efésios 1). A morte de Jesus mostra que o Pai aceitou o pagamento do Filho em favor de pessoas culpadas que jamais poderiam pagar sua dívida (Somos Todos Teólogos, Sproul, R. C., 2014).
Essa teoria que considera corretamente o efeito principal da morte de Jesus Cristo tem sido chamada na teologia de “teoria da satisfação”. Isso porque ela enxerga que Jesus morreu para satisfazer um princípio na própria natureza de Deus (Teologia Sistemática, Erickson, M., 1992).
Então a morte de Jesus mostra que Deus é tão amoroso que enviou seu próprio Filho para tomar o lugar de pecadores; mas também mostra que Deus é tão justo que não poupou nem mesmo seu próprio Filho que tomou o lugar de pecadores (Romanos 8:32). Por isso a Bíblia deixa claro que Deus é tanto justo quanto justificador (Romanos 3:26).
Como resultado, agora os redimidos são propriedade do próprio Deus (1 Pedro 2:9). Isso está de acordo com o que escreveu o apóstolo Paulo ao explicar que os crentes não pertencem a si mesmos, pois “foram comprados por alto preço” (1 Coríntios 6:20). Então Jesus morreu na cruz para que tudo isso fosse possível, e o centro de sua obra expiatória substitutiva enfatiza o seu sacrifício propiciatório, a substituição efetiva dos pecadores diante da justiça de Deus, e, com base em seus méritos, a reconciliação com Deus dos pecadores redimidos.