Qual o significado de Apostasia? Estudo sobre Apostasia
O significado de apostasia na Bíblia se fere ao abandono deliberado da fé. A Igreja Cristã tem enfrentando casos de apostasia desde a época dos apóstolos. Isso indica que todo cristão verdadeiro, comprometido com o Evangelho de Cristo, deve entender o que é a apostasia e quais são as suas implicações.
Qual o significado de apostasia?
Apostasia vem do grego apostasia. Originalmente esse termo grego tem um significado técnico relacionado à “revolta política”. Mas nas Escrituras apostasia significa “abandono ou deserção da fé de forma consciente”. O comportamento apóstata caracteriza uma rejeição definitiva à verdade da Palavra de Deus.
Por ser uma palavra grega, originalmente apostasia não é encontrada no Antigo Testamento hebraico. Mas na Septuaginta essa palavra é utilizada várias vezes para traduzir diversas expressões do hebraico que denotam um estado de rebelião contra Deus, abandono de seus mandamentos e profanação do sagrado (ex.: Josué 22:22; Deuteronômio 13:13; Sofonias 1:4-6; 2 Crônicas 29:19).
No Novo Testamento a palavra apostasia é utilizada originalmente apenas duas vezes: Atos 21:21 e 2 Tessalonicenses 2:3. Na referência do livro de Atos, curiosamente a palavra apostasia é aplicada se referindo ao apóstolo Paulo. Ele foi acusado maliciosamente de incitar os judeus a se desviar da Lei de Moisés.
Todavia, existem várias referências que tratam da apostasia e trazem advertências sobre seus perigos para a Igreja (1 Timóteo 4:1-3; 2 Timóteo 4:4; 2 Tessalonicenses 2:3; 2 Pedro 3:17). O próprio Jesus adverte acerca da apostasia, destacando que ela cresce em momentos de crise e é motivada por falsos mestres (Mateus 24:9-12).
O apóstolo Paulo lutou bastante contra a apostasia dentro das comunidades cristã de sua época. Ele mesmo relata dois exemplos de pessoas que apostataram da fé e lhe causaram muitos danos:
Conservando a fé, e a boa consciência, a qual alguns, rejeitando, fizeram naufrágio na fé.
E entre esses foram Himeneu e Alexandre, os quais entreguei a Satanás, para que aprendam a não blasfemar.
(1 Timóteo 1:19,20)
A apostasia e os últimos dias
A Bíblia exorta que nos últimos dias a apostasia cresceria no meio do povo. Paulo, escrevendo aos Tessalonicenses, avisa os cristãos que a apostasia é um sinal dos últimos dias. Ele ressalta que uma grande apostasia precederá a segunda vinda de Cristo.
Ora, irmãos, rogamo-vos, pela vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, e pela nossa reunião com ele,
Que não vos movais facilmente do vosso entendimento, nem vos perturbeis, quer por espírito, quer por palavra, quer por epístola, como de nós, como se o dia de Cristo estivesse já perto.
Ninguém de maneira alguma vos engane; porque não será assim sem que antes venha a apostasia, e se manifeste o homem do pecado, o filho da perdição.
(2 Tessalonicenses 2:1-3)
A apostasia e os falsos mestres
A apostasia é liderada pelos falsos mestres. Essas pessoas pregam fábulas e alegorias antibíblicas. Na verdade elas proclamam um falso evangelho. É nesse cenário que cristãos nominais, falsos ministros e falsos profetas, aparecem para tentar corromper o entendimento das pessoas. Eles anunciam uma mensagem sem Jesus, e realizam falsos milagres.
Infelizmente essas pessoas estão nos púlpitos de muitas igrejas. Elas estão nas pregações que muitos escutam, estão nos livros que muitos leem e também nos hinos que muitos cantam. Esse é o resultado da apostasia! O surgimento de novas “verdades”, novas igrejas e novas doutrinas, nada mais é do que o abandono da verdadeira fé.
A apostasia e a heresia
Existe uma diferença grande entre apostasia e heresia. A heresia é um conhecimento errado da verdade. Paulo explica a heresia da seguinte forma:
E rejeita as questões loucas, e sem instrução, sabendo que produzem contendas.
E ao servo do Senhor não convém contender, mas sim, ser manso para com todos, apto para ensinar, sofredor;
Instruindo com mansidão os que resistem, a ver se porventura Deus lhes dará arrependimento para conhecerem a verdade,
E tornarem a despertar, desprendendo-se dos laços do diabo, em que à vontade dele estão presos.
(2 Timóteo 2:23-26)
Podemos afirmar que a heresia está intimamente ligada à apostasia, e quase sempre se torna sua consequência. Isso acontece porque quando há a apostasia, o apóstata se afasta da verdade Bíblica, rejeitando-a definitivamente. Assim, ele se manifesta em um estado de rebelião contra o próprio Deus e sua Palavra. Consequentemente, ele começa disseminar falsos ensinos e opiniões contrárias ao Evangelho.
Podemos afirmar que todo aquele que ensina conscientemente a heresia é um apóstata, pois ele conhece a verdade da Palavra de Deus, mas prefere ensina-la de forma distorcida e mentirosa. Desta maneira existe uma diferença entre aquele que ouve a heresia e na sua ignorância aprende da forma errada, e aquele que ensina essa heresia.
Como notamos, Paulo, escrevendo a Timóteo, diz que para aquele que está na ignorância ou na falta de conhecimento, ainda há chance de ser despertado e salvo dessa ignorância. Por outro lado, o verdadeiro apostata não pode ser liberto.
A apostasia e o pecado para morte
Em sua primeira epístola, o apóstolo João fala de um pecado que é para morte, e que para tal pecado a oração não tem efeito (1 João 5:16). A natureza desse pecado mortal já foi muito discutida entre os estudiosos. Embora alguns intérpretes defendam que João esta falando de uma morte física, a interpretação mais amplamente aceita é a morte espiritual.
Sob essa interpretação, muitos estudiosos entendem que esse pecado de morte é a própria apostasia. Isso também indica que a apostasia é o pecado da blasfêmia contra o Espírito Santo da qual Jesus fala. Muitos fariseus blasfemaram contra o Espírito Santo, e Jesus deixou claro que para aquela conduta não haveria perdão (Mateus 12:31).
A apostasia se encaixa perfeitamente nesse quadro, já que a rejeição voluntária da verdade não pode ser revertida. Isso acontece porque aquele que apostatou jamais reconhecerá o seu erro, o que caracteriza que tais pessoas não possuem o Espírito Santo que é o único que nos convence do pecado. O escritor de Hebreus falou sobre casos de apostasia, e ensinou que é impossível que os apóstatas se arrependam novamente, pois não resta mais sacrifício pelos seus pecados (Hebreus 6:1-6; 10:26-31).
A apostasia e o verdadeiro cristão
Basicamente existem duas interpretações sobre a possibilidade da apostasia e o verdadeiro cristão. A primeira interpretação diz que um verdadeiro cristão nunca irá apostatar. Essa é a interpretação mais tradicional dentro da teologia reformada. Já a segunda interpretação diz que mesmo um verdadeiro cristão pode abraçar a apostasia.
Embora essa discussão normalmente toma forma no embate entre Calvinismo e Arminianismo, vale saber que o próprio Armínio nunca afirmou oficialmente que um verdadeiro salvo poderia apostatar. É por isso que muitos arminianos clássicos rejeitam a ideia de apostasia entre os cristãos verdadeiros. Na verdade esse ensino de que um cristão verdadeiro pode apostatar, se tornou mais popular apenas depois de Wesley.
De fato parece claro nas Escrituras que a apostasia é cometida por crentes nominais, ou seja, falsos crentes que nunca foram verdadeiramente nascidos de Deus. Judas, em sua epístola, descreve bem o perfil dessas pessoas. Ele diz que são pessoas ímpias que se introduzem entre os fiéis, e convertem em dissolução a graça de Deus. Ele ainda diz que essas pessoas “já antes estavam escritas para este mesmo juízo” (Judas 1:4).
O apóstolo João também fala dos apóstatas como pessoas que “saíram de nós, mas não eram de nós; porque, se fossem de nós, ficariam conosco; mas isto é para que se manifestasse que não são todos de nós” (1 João 2:18,19).
Um apóstata do começo ao fim
Hebreus 6:4-6 geralmente é um dos textos mais utilizados para defender a apostasia entre os cristãos verdadeiros. Realmente esse texto fala claramente sobre o perigo da apostasia. Mas o próprio autor de Hebreus, no mesmo capítulo, indica estar falando de diferentes grupos de pessoas. Nos versículos imediatamente seguintes, ele fala sobre a chuva que cai sobre dois tipos de terra: (1) a terra que produz erva proveitosa; (2) a terra que produz espinhos e abrolhos. É interessante que ambas as terras recebem a mesma chuva, mas apresentam resultados diferentes (Hebreus 6:7,8).
Esse mesmo princípio está presente na Parábola do Semeador. Nessa parábola Jesus fala sobre como a semente da palavra cai em diferentes solos (Lucas 8:5-8). O Mestre diz que a palavra é pregada e muitos a escutam, porém por diversos motivos não a recebem verdadeiramente. Alguns até creem durante um tempo, mas não permanecem. Mas finalmente há aqueles que ouvem e permanecem firmados na verdade.
Em todos esses casos não uma mudança de estado. O escritor de Hebreus não fala de uma terra que produz bom fruto e que, de repente, passa a produzir espinhos e abrolhos. Em sua parábola, Jesus também não falou sobre uma terra boa que recebe a Palavra, mas que se torna ruim e imprópria. Em outras passagens, a mesma característica é mantida. Por exemplo: a Bíblia não fala sobre trigo virando joio, ovelha virando bode etc.
O perfil de quem comete apostasia
Por outro lado, a Bíblia fala pessoas que se envolvem com a Igreja e até desfrutam de bênçãos nessa vida por causa desse envolvimento. Essas pessoas até ficam convencidas intelectualmente da verdade de Cristo e de seu Evangelho. Elas permanecem na igreja durante muito tempo, ocupam cargos de destaque, falam em nome de Deus, cantam bonito, expulsam demônios, realizam milagres ostentando dons espirituais (Mateus 7:23).
Mas a mera convicção intelectual e o envolvimento com os redimidos não se caracteriza fé genuína. O apóstata pode ganhar a confiança da Igreja, mas ele nunca poderá ganhar a confiança de Deus, porque Deus nunca o conheceu. Perceba que em Mateus 7:23 Jesus diz a esse tipo de pessoa: “Nunca vos conheci”. Ele não diz: “Eu já conheci você um dia, mas me esqueci”.
O apóstata cresceu no meio do trigo, ocupou o mesmo solo do trigo, foi regado como trigo, mas foi colhido como joio. O apóstata não deixou de acreditar em Cristo, pois no fundo do seu coração, naquele lugar onde só Deus pode sondar, ele nunca realmente acreditou. Deus não pode perdoa-lo, simplesmente porque ele não tem do que se arrepender. Esse terrível estado expressa o verdadeiro significado da apostasia. Por isso João escreve que aquele que está no pecado nunca conheceu o Senhor (1 João 3:6).
A diferença entre o apóstata e o regenerado
Mas aquele que é nascido de Deus, jamais poderá viver novamente na conformidade do pecado. Isso é incompatível com sua nova natureza, com a semente de Deus que permanece nele (1 João 3:6; 3:9).
O verdadeiro cristão que é nascido de Deus, certamente passa por crises e momentos difíceis. Ele é confrontado pelo pecado por conta de sua natureza humana decaída. Porém, ele não consegue se conformar com o pecado e viver na prática das obras da carne (1 João 3:9; cf. Gálatas 5). Quando o verdadeiro cristão erra, ele busca desesperadamente o perdão que só Deus pode dar (1 João 1:19).
A apostasia é um mal que deve ser identificado e combatido pela Igreja. Porém, ela também deve ser interpretada como cumprimento das Escrituras. Isso significa que a apostasia serve como um sinal que aponta para a verdade de que o dia do glorioso retorno de Jesus se aproxima.
Gostei e gostaria mais e mais de aprender sobre o senhor e seu verdadeiro evangelho mesmo cada um de nós temos nossos próprios modo de interpretação mais e sempre bom buscar mais e mais e só assim poderemos aprender e a buscar não só em nós mesmos e sim aprender com outras pessoas
Bom e genuíno estudo da palavra
Muito bom! Deus continue vos abençoando em nome de Jesus Cristo.
Gostei ! Este ensino é excelente. Deus seja louvado, e abençoe seus servos rica e poderosamente!