Quem Era o Quarto Homem da Fornalha?

O quarto homem da fornalha foi o ser celestial visto pelo rei Nabucodonosor quando ele lançou três jovens hebreus numa fornalha ardente. No texto bíblico o rei babilônico descreve o quarto homem da fornalha como sendo de aspecto semelhante “a um filho dos deuses” (Daniel 3:25)

Na sequência do texto, o mesmo rei testemunha que Deus enviou o seu anjo e livrou os seus servos (Daniel 3:28). Essa passagem bíblica desperta a curiosidade de muitas pessoas em saber quem era o quarto homem da fornalha. Há diferentes interpretações que tentam responder esta pergunta, conforme veremos neste estudo bíblico.

Três homens na fornalha

O quarto homem da fornalha apareceu porque três homens tementes a Deus foram jogados nela. Daniel 3 narra a história de Sadraque, Mesaque e Abednego, cujos nomes verdadeiros eram Hananias, Misael e Azarias. Esses três jovens hebreus eram amigos do profeta Daniel e foram levados para a Babilônia quando Nabucodonosor tomou Judá.

Eles acompanharam o profeta na recusa em comer do banquete da corte babilônica. Depois de Daniel ter interpretado um sonho de Nabucodonosor, eles foram levados a uma posição de destaque na Babilônia.

Mas depois de um tempo o imperador resolveu fazer uma grande estátua de ouro e ordenou que todos se prostrassem perante a imagem. Qualquer um que desobedece a ordem do rei seria jogado numa fornalha de fogo ardente.

Na Babilônia havia muitas fornalhas que serviam principalmente para a fundição de minério e preparação de cerâmica. Descobertas arqueológicas indicam que essas fornalhas tinham uma abertura na parte de cima e uma porta na parte de baixo.

Um sistema de ventilação permitia com que os operários controlassem a intensidade do fogo. Essas fornalhas tinham um tamanho suficientemente grande para comportar quatro pessoas andando dentro dela. Parece que por vezes essas fornalhas eram usadas como instrumentos de execução (cf. Jeremias 29:22).

Os três homens hebreus não concordaram com o decreto do rei. Eles se recusaram a se prostrar diante da estátua que o monarca tinha erigido. É inútil especular o propósito e a natureza exata dessa estátua. Mas o que fica claro é que participar de sua consagração significava ser infiel ao Deus de Israel.

Diante da postura dos jovens hebreus, o rei babilônico deu ordens para que a fornalha fosse superaquecida, e que os três homens fossem amarrados e jogados nela com todas as suas roupas. A fornalha estava tão quente que até mesmo os homens que jogaram os jovens hebreus na fornalha foram mortos pelo fogo.

O quarto homem na fornalha

Antes de lançar os três homens na fornalha, o rei Nabucodonosor falou em tom desafiador: “E quem é o Deus que vos poderá livrar das minhas mãos?” (Daniel 3:15). É interessante notar que os três jovens não se preocuparam em responder esta pergunta: “Quem é o Deus?” (Daniel 3:16). Eles entendiam que o Deus Todo-Poderoso poderia se defender a si mesmo. Eles apenas testemunharam que, o Deus a quem eles serviam, se quisesse, poderia livrá-los da fornalha.

Três homens foram lançados na fornalha ardente amarrados. Mas o rei babilônico tão logo enxergou quatro homens soltos andando pela fornalha. Naquele momento, Deus achou por bem conceder o livramento da morte ao seu povo. Ele não os livrou da fornalha, mas os livrou na fornalha.

Quem era o quarto homem na fornalha?

Muitos estudiosos e bons expositores da Palavra de Deus tem respondido essa pergunta de formas diferentes. Alguns dizem que o quarto homem da fornalha era realmente um anjo enviado por Deus. Outros defendem que ali se tratava de uma teofania.

A Bíblia constantemente mostra o ministério dos anjos em favor do povo escolhido do Senhor (2 Reis 6:15-18; Salmo 34:7; 91:11). O texto também diz que o Deus de Sadraque, Mesaque e Abednego “enviou o seu anjo” (Daniel 3:28). A designação que o rei babilônico faz, “filho dos deuses”, é uma designação que significa alguém da raça dos deuses, isto é, um ser de aparência divina.

Algumas traduções, no entanto, traduz essa expressão aramaica como “Filho de Deus”. Então o texto fica: “o aspecto do quarto é semelhante ao Filho de Deus”. Mas no contexto dessa passagem, sem dúvida a melhor tradução é: “o aspecto do quarto é semelhante a um filho dos deuses”. Aqui precisamos nos lembrar de que quem fez esta declaração foi um rei pagão dentro de seu contexto religioso e cultural.

Naquela época, a expressão “filho dos deuses” era utilizada para se referir a vários tipos de seres celestiais. Além disso, o politeísmo era adotado na Babilônia, e os caldeus tinha uma grande variedade de divindades pagãs em seu panteão. Ao dizer que o quarto homem da fornalha era semelhante ao filho dos deuses, o monarca estava simplesmente reconhecendo aquele quarto homem como um ser celestial.

O quarto homem da fornalha pode ter sido Jesus?

Muitos estudiosos afirmam que esse anjo citado em Daniel 3, era, na verdade, o Anjo do Senhor. Muitas vezes em que o Anjo do Senhor aparece no Antigo Testamento, fica claro que se trata de uma aparição do Filho de Deus anterior à sua encarnação (ex.: Juízes 3:18-22). Então aquele quarto homem da fornalha pode muito bem ter sido o próprio Cristo numa de suas aparições pré-encarnadas no Antigo Testamento.

Se for este o caso, então a presença do quarto homem na fornalha naquela ocasião se fez cumprir em seu sentido mais literal possível a promessa do Senhor ao seu povo. No livro de Isaías lemos: “Quando passares pelas águas, estarei contigo, e quando pelos rios, eles não te submergirão; quando passares pelo fogo, não te queimarás, nem a chama arderá em ti” (Isaías 43:2).

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O rei entendeu que o quarto homem da fornalha era Cristo?

Mesmo o quarto homem da fornalha tendo sido o próprio Filho de Deus, isto não significa que Nabucodonosor sabia disto. Quando ele diz que “o aspecto do quarto homem é semelhante a um filho dos deuses”, ele não quis dizer que entendia estar diante do próprio Cristo.

Nada no texto sugere que aquele rei pagão foi capaz de reconhecer genuinamente o unigênito Filho de Deus. Ele realmente ficou impressionado pela manifestação sobrenatural que presenciou. Porém, ao se referir ao quarto homem da fornalha como “um filho dos deuses” e um “anjo”, o rei babilônico simplesmente usou a linguagem popular de sua época e cultura.

Também é interessante notar a forma com que o rei pagão falou do Deus de Sadraque, Mesaque e Abednego. Ele se dirigiu aos três homens na fornalha chamando-os de “servos do Deus Altíssimo”. Essa foi mais uma declaração que não rompe as barreiras de seu paganismo. Ele não estava reconhecendo o Deus de Israel como o único e verdadeiro Deus, rejeitando toda sua crença politeísta. Ele estava apenas declarando que, segundo o seu conceito, o Deus responsável pelo quarto homem da fornalha era o principal entre os deuses.

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