Quem foi Esaú na Bíblia?
Esaú foi o filho primogênito de Isaque e Rebeca, e irmão gêmeo de Jacó. É importante entender quem foi Esaú para que possamos compreender uma parte fundamental da origem do povo de Israel.
Não é possível afirmar com exatidão o significado do nome Esaú. A Bíblia diz que na ocasião de seu nascimento foi lhe dado esse nome por conta de seu corpo peludo: “E saiu o primeiro ruivo e todo como um vestido de pelo; por isso chamaram o seu nome Esaú” (Gn25:25).
Assim, é possível que esse nome esteja relacionado a essa sua característica, porém a conexão entre as palavras se’ar, “peludo”, e ‘esaw, “Esaú”, não é clara. Alguns eruditos estendem esse significado no sentido de expressar uma implicação relacionada à “natureza animalesca”. Ele aparece na Bíblia pela primeira vez no capítulo 25 do livro de Gênesis, onde é descrita a genealogia de Isaque.
O nascimento de Esaú
Rebeca era estéril, mas num determinado momento Deus lhe abriu a madre e ela engravidou de gêmeos. Os gêmeos Esaú e Jacó lutavam dentro de seu ventre. A expressão original no hebraico em Gênesis diz literalmente que eles esmagavam um ao outro.
Devido a isso, Rebeca orou a Deus perguntando o porquê de estar ocorrendo aquilo em seu ventre. Deus então lhe respondeu que ela estava carregando duas nações, e lhe falou, inclusive, sobre as implicações históricas do nascimento de seus filhos, deixando claro que o mais velho serviria o mais jovem (Gn 25:23-26).
Quando se deu a ocasião do nascimento dos meninos, o primeiro a nascer foi Esaú, porém Jacó estava agarrado em seu calcanhar (Gn 25:24-26).
Esaú era o preferido de Isaque
Esaú era o filho preferido de Isaque. Ele era um habilidoso caçador, que vivia percorrendo os campos. Sua personalidade contrasta drasticamente com seu irmão Jacó, já que esse é descrito como alguém calmo e que vivia entre as tendas.
A Bíblia diz que Isaque gostava muito de comer das caças que seu filho lhe trazia. Talvez pelo favoritismo do pai por um dos filhos, e a brecha que tal comportamento causava no convívio familiar, Rebeca, a mãe, amava mais a Jacó (Gn 25:28-30).
Esaú vende o direito de primogenitura
A Bíblia descreve que Esaú havia chegado do campo exausto e com muita fome, e Jacó tinha preparado um guisado, um ensopado vermelho. A expressão hebraica para descrever esse ensopado, ha’adom, é literalmente “matéria vermelha”. Nesse contexto, o nome Edom, que caracterizaria os descendentes de Esaú, derivou do hebraico ‘adom, “ser vermelho”.
Quando Esaú pediu para comer do guisado, seu irmão explorou sua miséria e lhe propôs a venda de sua primogenitura. O primogênito detinha a posição de honra dentro da unidade familiar, desfrutando de um status privilegiado e assumindo a responsabilidade de ser o protetor e líder da família. O primogênito tinha direito a receber uma porção dobrada da herança paterna.
Além de todos esses aspectos, por se tratar da família de Abraão, devemos nos lembrar de que ali também havia a questão da herança do pacto abraâmico. Ao desprezar sua primogenitura, Esaú também mostrou desprezo pelas bênçãos da Aliança e pelas promessas de Deus.
Esaú e a benção de Isaque
Na ocasião em que Isaque iria dar sua benção, Rebeca agiu com muita astucia e arquitetou um plano para que Jacó recebesse tal benção no lugar de irmão (Gn 27:1-10). Quando Esaú voltou do campo e trouxe a seu pai um prato feito com sua caça que tanto lhe agradava, Isaque percebeu que havia sido enganado, e lhe contou que ele acabara de perder sua benção.
Esaú ficou profundamente entristecido com o que houve, implorou ao pai que lhe desse uma benção e culpou Jacó por toda aquela situação (Gn 27:34,36). Todavia, a benção que foi dada a Jacó não poderia ser revertida. O escritor do livro de Hebreus depois enfatizou que Esaú foi incapaz de se arrepender verdadeiramente (Hb 12:16,17). Esaú também prometeu matar seu irmão Jacó (Gn 27:41).
Esaú se casou com duas esposas hetéias, e isso desagradou seus pais. Então ele tentou amenizar essa situação casando-se com uma descendente de Ismael na terra de Seir (Gn 28:6,9). Nessa mesma região Esaú fixou residência (Gn 36:8).
Esaú reencontra Jacó
Anos mais tarde, quando Jacó retornou da Mesopotâmia, os irmãos se reencontraram numa cena comovente. Jacó temia pelo momento do reencontro, e por isso pediu a Deus que aplacasse a ira de Esaú.
No momento do encontro, Esaú estava liderando 400 homens armados, mas demonstrou afeto e misericórdia abraçando e perdoando seu irmão (Gn 33:3-21). Apesar de Esaú ter sido cordial, Jacó ainda desconfiava da genuinidade de seu perdão, mas, de fato, Esaú não desejava mais se vingar. Os irmãos se encontraram mais uma vez por ocasião do sepultamento de Isaque (Gn 35:29).
Os descendentes de Esaú
Os descendentes de Esaú foram os edomitas. Se os ânimos tinham se acalmado entre Esaú e Jacó, o mesmo não pode ser dito de seus descendentes. O povo de Israel e o povo de Edom sempre estiveram travando intensas disputas e batalhas (Nm 20:18-21; 1Rs 11:14s; Sl 137:7).
Ambos os povos se odiaram e se desprezaram mutuamente, numa continua luta fratricida. O auge dessa tensão ocorreu entre o reinado de Davi e estendeu-se até o período posterior ao cativeiro babilônico.
Nada se sabe sobre o restante da vida de Esaú. Posteriormente seu nome é mencionado em Deuteronômio (2:3-29), no livro de Josué (Js 24:4), em uma lista genealógica (1Cr 1:34,35) e nas profecias dos profetas Jeremias, Obadias e Malaquias (Jr 49:7-10; Ob 1:6-21; Ml 1:2,3).
No Novo Testamento, Esaú aparece na exposição sobre o profundo significado teológico de sua rejeição e da eleição de Jacó pela soberana escolha de Deus (Rm 9; Hb 12:16s).
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