Quem Foi Marcos na Bíblia?

Marcos foi um cristão do primeiro século, primo de Barnabé, cooperador dos apóstolos e autor do segundo Evangelho do Novo Testamento que leva seu nome. Apesar de não ser citado nominalmente no Evangelho que escreveu, Marcos é mencionado no livro de Atos dos Apóstolos e nas cartas apostólicas.

Seu nome hebraico era João, Yohanan, que significa “Javé mostrou graça”, mas, assim como muitos judeus de sua época, ele assumiu o sobrenome latino Marcus, “um grande martelo”, que em sua forma grega é Markos. Por isso, ele frequentemente é designado como João Marcos (Atos 12:12,25; 15:37).

Embora fosse comum que judeus adotassem nomes romanos ou gregos no primeiro século, especialmente em situações em que foram libertados de uma condição de escravidão, o que não era o seu caso, é difícil saber por que ele adotou esse nome, visto que Marcos não é exatamente um sobrenome, mas um prenome.

A história de Marcos

João Marcos era um judeu provavelmente nativo de Jerusalém (Colossenses 4:10,11). Sua mãe se chamava Maria, e era parente de Barnabé, companheiro de viagem do apóstolo Paulo. Pelo fato de seu pai não ser citado nenhuma vez, é possível que Maria, sua mãe, já fosse viúva na época em que ocorrem os relatos narrados no livro de Atos dos Apóstolos.

Aparentemente João Marcos pertencia a uma família abastada, visto que a casa de sua mãe parecia ser grande o suficiente a ponto de servir de local de reunião da Igreja Primitiva, e possuía pelo menos uma criada por nome de Rode (Atos 12:12).

A imaturidade de Marcos

Marcos foi levado por Barnabé e Paulo a Antioquia (Atos 12:25), e logo depois os acompanhou na primeira viagem missionária, servindo como auxiliar deles (Atos 13:5,13). Todavia, quando eles chegaram em Perge, na Ásia Menor, João Marcos revolveu abandoná-los e retornar a Jerusalém.

Paulo e Barnabé continuaram a viagem sozinhos, porém o apóstolo Paulo nitidamente reprovou a atitude de Marcos, e mais tarde, considerando-o um desertor, Paulo se recusou a levá-lo em sua segunda viagem missionária (Atos 15:38).

Por outro lado, Barnabé não estava disposto a abrir mão de sua companhia, e diante desse impasse, Paulo e Barnabé resolveram seguir rumos diferentes. Barnabé continuou com Marcos e partiu para Chipre, enquanto Paulo levou consigo Silas e deu procedimento a sua segunda viagem missionária.

O valor de Marcos

Apesar de não termos nenhuma informação sobre o período em que Marcos acompanhou Barnabé, certamente podemos afirmar que ele foi muito bem discipulado por ele, a ponto de mais tarde o próprio Paulo reconhecer o seu valor.

Cerca de dez ou doze anos depois do incidente com Marcos, quando o apóstolo escreveu a Epístola aos Colossenses enquanto estava preso em Roma, Marcos é citado por ele, inclusive sendo recomendado por à comunidade cristã de Colossos. Se Marcos não estava com o apóstolo em Roma nessa ocasião, pelo menos estava muito próximo a ele (Colossenes 4:10).

Na mesma ocasião, ao escrever a Filemom, o apóstolo também o menciona ao lado Lucas, Aristarco e Demas, os quais ele designa como sendo seus cooperadores (Filemom 24). Por fim, na ocasião da segunda prisão de Paulo em Roma em aproximadamente 66 e 67 d.C., o apóstolo pediu que Marcos fosse a Roma, pois lhe era “muito útil no ministério” (1 Timóteo 4:11), provando que a essa altura Marcos já havia demonstrado grande utilidade, em contraste com seu comportamento inconsequente enquanto mais novo.

O evangelista Marcos

Marcos aparece novamente sendo citado pelo apóstolo Pedro em sua primeira epístola, onde o apóstolo o chamou de “filho”, indicando que com o tempo Marcos exerceu um papel muito significativo ao lado dos apóstolos (1 Pedro 5:13).

Nessa epístola, o apóstolo Pedro diz estar em “Babilônia”, o que provavelmente seria uma referência à cidade de Roma de sua época. Isso significa que Marcos estava nessa cidade com ele, uma informação que contribui para confirmar a tradição de que Marcos escreveu o segundo Evangelho ali, tendo como sua principal fonte histórica o próprio apóstolo Pedro.

Todavia, há uma grande dificuldade em se determinar uma data exata para a composição do segundo Evangelho, o que pode indicar que Marcos talvez o tenha escrito num período mais próximo do ano 40 d.C., antes mesmo de sua deserção na viagem missionária.

De qualquer forma, diante do modo com que Pedro o designa, “meu filho”, independentemente da data, parece claro que sua ligação com o apóstolo era muito grande e duradoura, o que faz com que mesmo numa data bastante recuada, é bem possível que Pedro teve uma contribuição fundamental na composição dos registros de Marcos.

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Especulações sobre quem foi Marcos

Existem muitas especulações sobre quem foi Marcos nas antigas tradições cristãs. Algumas delas o colocam como tendo sido o fundador da igreja de Alexandria, mas não há qualquer evidencia nesse sentido.

Muitos estudiosos também identificam Marcos como sendo o jovem que aparece coberto apenas por um lençol na noite em que Jesus foi preso, e que ao fugir da polícia do Templo, acabou deixando o lençol para trás (Marcos 14:51,52). Essa sugestão tem sido reconhecida como bem provável, visto que esse episódio é narrado especialmente no Evangelho que leva seu nome.

Aproveitando-se dessa interpretação apontada acima, alguns também sugerem que Marcos era o homem que carregava um cântaro de água na ocasião dos preparativos para a celebração da Páscoa. Outros propõem que talvez não tenha sido ele, mas seu pai, que na ocasião ainda estava vivo. Se essa hipótese estiver correta, então a casa em que Jesus celebrou a Ceia foi a mesma casa de Maria mencionada no livro de Atos dos Apóstolos que mais tarde acolhia os crentes de Jerusalém.

Há também quem defenda que Marcos teria sido um dos setenta missionários enviados pelo Senhor Jesus (Lucas 10:1), porém essa hipótese não possui muito apoio. Também é verdade que algumas tradições apontam para um possível martírio de Marcos, mas não há nada que comprove essa suposição.

Deixando as especulações de lado, William Hendriksen, em seu comentário do Novo Testamento, nos fornece uma excelente resposta sobre quem foi Marcos, ao dizer que ele não foi um grande líder ou um notável construtor, mas sim um seguidor e um ajudador. Ele não era alguém sem defeitos, ao contrário, era uma pessoa que lutou contra suas fraquezas e as venceu.

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