Baasa foi o terceiro rei do Reino do Norte de Israel que se destacou na narrativa bíblica por sua ascensão violenta ao trono. A história de Baasa está registrada principalmente no livro de 1 Reis. Ele viveu num contexto de instabilidade política e religiosa em Israel. Baasa tornou-se rei após conspirar contra a dinastia de Jeroboão, estabelecendo uma nova linhagem real sobre as tribos do norte. Apesar de sua posição, seu reinado foi marcado por idolatria, conflitos constantes e advertências proféticas severas.
A origem do nome Baasa não é tão clara quanto outros nomes bíblicos cujos significados podem ser facilmente determinados a partir do hebraico. Os estudiosos discutem a etimologia do nome Baasa, mas alguns sugerem que a raiz do nome possa estar relacionada a algo “mau” ou “ofensivo”, enquanto outros acreditam que o nome esteja relacionado a “audácia” ou “coragem”. Independentemente disso, o nome Baasa ficou associado àquele que pôs fim à linhagem de Jeroboão, o rei que iniciara a idolatria institucionalizada em Israel. Ao longo do texto bíblico, o próprio reinado de Baasa se tornaria um símbolo da infidelidade do povo de Israel e da disciplina divina.
A ascensão de Baasa ao trono de Israel
A história de Baasa na Bíblia se inicia a partir de sua conspiração contra Nadabe, filho de Jeroboão. Durante o cerco a Gibetom, Baasa matou Nadabe e, em seguida, exterminou completamente a família de Jeroboão, eliminando qualquer descendência que pudesse reivindicar o trono, cumprindo, assim, a profecia pronunciada contra a linhagem de Jeroboão por causa de seu pecado de idolatria (1 Reis 14:6-16; 15:27-30). Ao fazer isso, Baasa tornou-se o primeiro conspirador de uma longa sucessão de mudanças dinásticas em Israel, algo que o profeta Oséias mais tarde denunciaria ao afirmar que o povo coroava reis sem buscar a direção de Deus (Oséias 8:4).
Com a morte de Nadabe, Baasa se autoproclamou rei de Israel e estabeleceu seu governo em Tirza, uma cidade localizada em uma região central do reino, que serviu como capital durante alguns reinados do norte. Seu objetivo era consolidar a monarquia e manter o controle sobre as tribos que compunham o reino de Israel, enquanto a casa de Davi reinava sobre Judá no sul. Contudo, seus esforços para firmar seu domínio não obtiveram sucesso duradouro. Mesmo após aniquilar a linhagem anterior, anos mais tarde a mesma sorte o alcançaria, pois sua própria dinastia seria destruída por outro conspirador, Zimri (1 Reis 16:9-12).
O reinado de Baasa sobre Israel
O rei Baasa reinou aproximadamente vinte e quatro anos em Israel (1 Reis 15:33), provavelmente entre 908-886 a.C. Durante o seu reinado, Baasa manteve um clima de hostilidade constante com Asa, rei de Judá.
Uma de suas ações mais notórias foi a tentativa de erguer uma fortificação em Ramá, cerca de oito quilômetros ao norte de Jerusalém, possivelmente com o objetivo de controlar rotas comerciais e isolar economicamente o reino do Sul (1 Reis 15:16-22; 2 Crônicas 16:1-6). Entretanto, estratégia fracassou quando Asa, apelando para o apoio de Ben-Hadade, rei da Síria, obrigou Baasa a recuar. O material abandonado por Baasa em Ramá foi aproveitado por Asa para fortificar Geba e Mispa, assegurando assim suas fronteiras contra investidas futuras.
A tensão constante entre Baasa e Asa era uma prova da fragilidade política daquele período e a ausência de uma orientação teocrática adequada. Embora Baasa tenha sido um instrumento de juízo divino contra a casa de Jeroboão, isso não o isentou de prestar contas a Deus. Pelo contrário, ele seguiu o padrão idólatra de seus predecessores, afastando o povo do Senhor e incorrendo na ira divina (1 Reis 16:7).
Advertências proféticas e o fim da dinastia de Baasa
A Bíblia registra que o reinado de Baasa não foi aprovado pelo Senhor. Assim como aconteceu com Jeroboão, o profeta Jeú, filho de Hanani, denunciou o erro do rei de Israel e pronunciou julgamento contra a casa de Baasa por causa dos seus caminhos pecaminosos (1 Reis 16:1-4). O padrão se repetiu: aqueles que conduziriam o povo à idolatria e à desobediência seriam removidos do trono. O destino de Baasa e de sua linhagem foi equiparado ao de Jeroboão e, mais tarde, ao de Acabe, colocando os três reis na mesma categoria de líderes ímpios que sofreram um julgamento exemplar do Senhor (1 Reis 14:11; 16:3,4; 21:9; 2 Reis 9:9).
Ao longo de seu reinado, Baasa não se arrependeu nem abandonou seus maus caminhos. Ele morreu e foi sucedido por seu filho Elá, mas o julgamento anunciado pelo profeta Jeú não tardou a acontecer. No segundo ano do reinado de Elá, Zimri, um de seus oficiais, conspirou contra ele, matando-o e aniquilando toda a casa de Baasa (1 Reis 16:8-12).
Desta forma, repetiu-se a maldição que ele mesmo, Baasa, havia infligido à casa de Jeroboão: a extinção completa de sua descendência. Assim, sua dinastia, que começou pela violência, terminou da mesma forma, tornando-se um símbolo da disciplina divina e da impermanência dos reinos erigidos sobre a idolatria.
A história do reinado do rei Baasa mostra, mais uma vez, que Deus não deixa impunes aqueles que lideram Seu povo em caminhos de idolatria e rebeldia. Suas tentativas de fortalecer o reino pela força humana e pelo controle geopolítico fracassaram diante do julgamento divino.
Além disso, a disciplina sobre a casa de Baasa contribui para a compreensão da soberania de Deus na história. Deus, em Sua providência, não se deixa escarnecer, e usou até mesmo a sucessão de reis infiéis no reino do Norte para dirigir os acontecimentos da história do Seu povo, apontando, ao final, para a necessidade de um rei justo e fiel – o Rei perfeito, que o Antigo Testamento continuamente antecipa e o Novo Testamento revela plenamente em Jesus Cristo, no qual se cumpre de forma plena a aliança do Senhor com o Seu povo.