Joás foi um rei de Judá que governou em Jerusalém por quarenta anos. A história do rei Joás na Bíblia está registrada no Antigo Testamento, especialmente nos livros de 2 Reis e 2 Crônicas. Ele ficou conhecido por ter iniciado importantes reformas religiosas em Judá, mas teve um fim melancólico. O nome Joás provavelmente significa “dado por Jeová”, e no texto bíblico frequentemente esse nome é usado de forma intercambiável com o nome Jeoás.
Joás era filho do rei Acazias e neto da perversa rainha Atalia, filha de Acabe e Jezabel de Israel. Ele nasceu num dos períodos mais conturbados da história bíblica. O nome de sua mãe era Zíbia, uma mulher natural de Berseba. Após a morte do rei Acazias, Atalia usurpou o trono de Judá e ordenou a execução de todos os descendentes da realeza para assegurar seu poder. Atalia queria erradicar a linhagem de Davi e, para isso, não poupou seus próprios netos.
Naquele tempo, Joás ainda era um recém-nascido e foi salvo providencialmente por Jeoseba do massacre promovido por Atalia. Jeoseba era tia de Joás e esposa do sumo sacerdote Joiada. Ela escondeu o menino no Templo do Senhor durante seis anos para que a fúria de Atalia não o alcançasse (2 Reis 11:1-3; 2 Crônicas 22:10-12). Portanto, desde a infância, a vida de Joás foi marcada por acontecimentos dramáticos.
O reinado do rei Joás de Judá
A Bíblia diz que, no sétimo ano desde que Joás foi levado escondido para viver no Templo, o sumo sacerdote Joiada organizou uma conspiração para derrubar a rainha Atalia e coroar Joás como o legítimo rei de Judá. Joiada conseguiu reunir o apoio dos guardas do Templo, dos levitas e do povo da terra. Assim, Atalia foi executada, e Joás foi finalmente coroado rei de Judá.
O rei Joás foi coroado aos sete anos de idade, possivelmente junto a um pilar no pátio do Templo. Então, o sumo sacerdote Joiada fez uma aliança entre o Senhor, o rei e o povo, e, em seguida, o templo de Baal em Jerusalém foi destruído (2 Reis 11:4-21; 2 Crônicas 23:16-17).
Durante os primeiros anos de seu reinado, o jovem rei Joás mostrou grande zelo pelo culto ao Senhor. Nesse sentido, ele foi fortemente orientado pelo sumo sacerdote Joiada. Além disso, o rei Joás percebeu que o Templo estava em mau estado de conservação devido à negligência e aos saques promovidos pelos adoradores de Baal. No vigésimo terceiro ano de seu reinado, ele iniciou um projeto de restauração do Templo.
Inicialmente, os reparos no Templo deveriam ser financiados pelos impostos que os sacerdotes coletavam, além das ofertas voluntárias do povo. Contudo, após perceber que o progresso era lento, Joás reformulou o sistema de arrecadação, de modo a estabelecer um fundo especial. Esse fundo passou a ser controlado conjuntamente por ele e pelo sumo sacerdote, para garantir que os recursos fossem adequadamente direcionados à obra (2 Reis 12:4-16; 2 Crônicas 24:4-14).
O povo de Judá respondeu com entusiasmo, e as obras de restauração do Templo progrediram significativamente. Ao final desse processo, o Templo de Jerusalém foi renovado, e ainda sobraram recursos para a confecção de utensílios usados no culto ao Senhor.
A apostasia do rei Joás de Judá
Enquanto o sumo sacerdote Joiada esteve vivo, Joás fez o que era reto aos olhos do Senhor. Porém, o período de renovação espiritual que marcou os primeiros anos do reinado de Joás infelizmente terminou. Após a morte de Joiada, o rei de Judá passou a ouvir conselheiros que o desviaram para a idolatria. Consequentemente, o povo voltou a praticar a adoração a deuses estrangeiros, e a ira do Senhor se acendeu contra Judá (2 Crônicas 24:15-18).
Em Sua misericórdia, Deus enviou profetas para advertir Joás e o povo de Judá sobre seus pecados, mas eles não deram ouvidos. Entre esses profetas estava Zacarias, filho de Joiada, que corajosamente confrontou o rei Joás e os líderes do povo. No entanto, em um ato de grande ingratidão, o desviado Joás ordenou que Zacarias fosse apedrejado no pátio do Templo. Ironicamente, aquele era o mesmo lugar em que, ainda durante sua infância, Joás havia sido coroado rei de Judá. Além disso, Zacarias deveria ser como um irmão para Joás, pois ele era filho de Joiada, o homem que basicamente havia criado o rei de Judá. Esse comportamento do rei Joás revelou toda a dureza de seu coração, deixando claro o seu nível de apostasia.
A morte do rei Joás de Judá
Como resultado da infidelidade do rei Joás e do povo, o Senhor permitiu que Judá fosse invadida por um exército sírio liderado por Hazael. Embora o exército sírio fosse pequeno, conseguiu causar grande destruição no país. Para fazer cessar a invasão síria, o rei Joás saqueou o seu próprio palácio e o Templo, entregando seus tesouros a Hazael para que ele se retirasse de Judá. Durante a invasão dos sírios, todos os líderes do povo foram mortos, e o rei Joás acabou gravemente ferido (2 Reis 12:17-18; 2 Crônicas 24:23-24).
Então, ferido, debilitado e sem o apoio do povo, Joás foi assassinado por dois de seus servos, Jozacar e Jozabade, que conspiraram contra ele para vingar o sangue de Zacarias (2 Reis 12:20-21; 2 Crônicas 24:25-26). Curiosamente, esses dois homens eram filhos de mulheres estrangeiras, uma amonita e outra moabita, povos historicamente inimigos de Israel. Além disso, Joás foi o primeiro rei de Judá a ser morto numa conspiração.
Embora o rei Joás tenha sido enterrado na Cidade de Davi, ele não foi colocado nos túmulos dos reis, provavelmente como um sinal da desaprovação geral sobre a forma como conduziu os últimos anos de seu reinado (2 Crônicas 24:27). Joás foi sucedido por seu filho Amazias, que reinou em seu lugar no trono de Judá.