O Sacerdócio de Cristo e o Levítico
O sacerdócio de Cristo e o Levítico são apresentados na Bíblia de forma bem clara quanto ao seu alcance, propósito e significado. Inclusive, as Escrituras não deixam dúvidas de que o significado principal do sacerdócio Levítico era apontar para o sacerdócio de Cristo.
Isso quer dizer que para entendermos melhor o sacerdócio de Cristo conforme exposto no Novo Testamento, é muito útil conhecermos o que era o sacerdócio Levítico registrado no Antigo Testamento.
O sacerdócio Levítico
A designação do sacerdócio Levítico se deu a partir da ordenança do próprio Deus a Moisés. O livro de Êxodo registra exatamente como tudo aconteceu. Deus ordenou que Moisés separasse Arão e seus filhos para “administrarem o ofício sacerdotal” em Israel (Êxodo 28:1).
Arão pertencia à tribo de Levi. A tribo de Levi foi a tribo israelita que Deus escolheu para estar envolvida com o serviço religioso israelita. O sacerdócio Levítico foi designado à casa de Arão; enquanto os demais levitas foram designados como auxiliares dos sacerdotes no culto em Israel.
Os sacerdotes se ocupavam inteiramente do serviço ao Senhor. Eles ministravam no Tabernáculo e desempenhavam todas as funções relacionadas ao culto do Antigo Testamento. A principal função dos sacerdotes era servir de intermediários entre Deus e o povo de Israel.
Então era de responsabilidade deles todas as tarefas relacionas aos cerimoniais da adoração veterotestamentária, especialmente no que diz respeito às ofertas e sacrifícios. Mas em certas situações eles também desempenhavam funções jurídicas, proclamavam bênçãos sobre o povo, apresentavam a vontade de Deus e instruíam os israelitas na Lei divina.
Os sacerdotes Levíticos possuíam vestes especiais que os identificavam como pessoas que estavam ao serviço do Senhor (Êxodo 28:40-42). Mas o sumo sacerdote tinha uma roupa diferenciada dos demais. Essa roupa expressava todo o significado e importância de seu ofício perante Deus e a congregação de Israel (Êxodo 28:3-39).
Vale lembrar que o sumo sacerdote era a única pessoa em Israel que tinha permissão de entrar no Santo dos Santos diante da Arca da Aliança. No entanto, isso acontecia apenas uma vez por ano no Dia da Expiação. Nessa data especial ele apresentava diante do Senhor os sacrifícios para mediação dos pecados do povo e de seus próprios pecados. Tudo isso tinha uma finalidade prática naquele contexto, mas seu objetivo último era apontar para o sacerdócio de Cristo.
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O sacerdócio de Cristo
O Novo Testamento interpreta o sacerdócio Levítico como um tipo do grandioso sacerdócio de Cristo. Na Carta aos Hebreus é onde encontramos a exposição mais profunda acerca do sacerdócio de Cristo no Novo Testamento (Hebreus 6-10).
Como já foi dito, o sacerdócio em Israel era Levítico. Em outras palavras, só poderia ser sacerdote em Israel quem pertencesse à tribo de Levi e fosse descendente da casa de Arão. Mas Jesus não pertencia à tribo de Levi, e, sim, à tribo de Judá. Portanto, pela lei mosaica Ele jamais poderia ser um sacerdote (Hebreus 7:13,14).
Contudo, o escritor de Hebreus trata dessa questão explicando que o sacerdócio de Cristo é muito superior ao sacerdócio Levítico. De fato ele não veio para ser apenas mais um sacerdote araônico; mas veio como o grande Rei e Sumo Sacerdote de uma ordem superior.
A legitimidade do sacerdócio de Cristo
Para fundamentar sua exposição sobre a legitimidade do sacerdócio de Cristo, o escritor da epístola neotestamentária recorre à figura de Melquisedeque. Esse misterioso personagem citado no livro de Gênesis era rei e sacerdote de Salém, a Jerusalém primitiva.
Melquisedeque foi contemporâneo de Abraão cerca de quinhentos anos antes da instituição do sacerdócio Levítico. Mesmo assim, o patriarca hebreu reconheceu sua legitimidade e autoridade sacerdotal (Gênesis 14:18-24).
Mesmo no Antigo Testamento, o salmista Davi já escreveu sobre o sacerdócio real de Cristo prefigurado no sacerdócio de Melquisedeque (Salmo 110:4). Por isso o escritor de Hebreus fala do sacerdócio de Cristo como sendo segundo a ordem de Melquisedeque (Hebreus 7:11,17,21).
O contraste entre o sacerdócio de Cristo e o Levítico
Por fim, o escritor bíblico resume o contraste entre o sacerdócio de Cristo e o Levítico dizendo que para que houvesse outro sacerdócio, a Lei precisaria ser mudada (Hebreus 7:12). Mas a Lei constituía um sacerdócio imperfeito e temporário; ela constituía sumo sacerdotes a homens fracos.
No entanto, o sacerdócio de Cristo foi constituído pela “palavra do juramento”; e o juramento divino constitui eternamente o imaculado Filho de Deus como Sumo Sacerdote, perfeito para sempre (Hebreus 7:28).
O sacerdócio de Cristo não apenas cumpriu plenamente todo o propósito do sacerdócio Levítico, como também é infinitamente superior a ele. Diferentemente dos sumo sacerdotes Levíticos que eram pecadores e tinham seu ofício interrompido pela morte, Cristo é o Sumo Sacerdote eterno que venceu a morte.
Ele não precisou oferecer sacrifício por si mesmo porque não tinha pecado. Mas Ele ofereceu-se a si mesmo como sacrifício pelo pecado daqueles a quem Ele representou perante a justiça divina. Além disso, enquanto o sacerdócio Levítico precisava oferecer sacrifícios expiatórios regulares, Cristo, como sacrifício perfeito e definitivo, foi eficaz de uma vez por todas (Hebreus 7:27). Hoje temos acesso a Deus por causa do sacerdócio de Cristo.