Estudo Bíblico do Salmo 14
O Salmo 14 fala principalmente da depravação total do homem caído. O estudo bíblico do Salmo 14 revela a corrupção do coração do homem que em sua insensatez nega a existência de Deus.
O Salmo 14 foi escrito pelo rei Davi, embora não saibamos em que ocasião de sua vida isso aconteceu. Mas o título do Salmo 14 indica que ele foi entregue ao cantor-mor, o que provavelmente implica em sua utilização na adoração pública de Israel. Curiosamente o Salmo 14 é quase idêntico ao Salmo 53.
O esboço do Salmo 14 pode ser organizado em três partes:
- A depravação é universal (Salmo 14:1-3).
- Ninguém escapa do Senhor (Salmo 14:4-6).
- O grande dia do livramento (Salmo 14:7).
A depravação é universal (Salmo 14:1-3)
Algumas pessoas se apoiam em sua própria lógica e deliberadamente afirmam que Deus não existe. Outras não questionam intelectualmente a existência de Deus, mas vivem como se Deus não existisse. Seja qual for o caso, a Bíblia coloca esses comportamentos como fruto do coração corrompido do homem. Davi inicia o Salmo 14 dizendo: “Diz o insensato em seu coração: Não há Deus” (Salmo 14:1).
A palavra “insensato” nesse verso traduz um termo hebraico que transmite a ideia de “perversidade”; uma perversidade agressiva e deliberada. Isso significa que o problema daqueles negam a existência de Deus não é intelectual, mas é moral. Aqueles que declaram: “Não há Deus”, não possuem suas mentes desprovidas de inteligência, mas possuem seus corações corrompidos pela iniquidade.
Essas pessoas pensam que não precisam de Deus; acreditam que podem viver suas vidas longe do alcance de Deus. Obviamente a corrupção de seus corações reflete na ignorância de suas mentes. Essas pessoas intencionalmente adotam como lema de suas vidas, no íntimo de seu ser, a ideia de que não há Deus.
Mas o Salmo 14 ainda expõe o fato de que essa imoralidade é padrão de toda a humanidade após a Queda. Davi explica que a depravação é total e universal. Não há na terra entre os homens quem entenda, não há quem busque a Deus (Salmo 14:2). E o salmista na sequência explica o motivo disso: “Todos se extraviaram e juntamente se corromperam; não há quem faça o bem, não há nem um sequer” (Salmo 14:3).
Definitivamente não há inocentes dentre a raça humana. O verbo “extraviar” aqui no Salmo 14 indica o ato de “desviar-se do rumo”; ou seja, o homem deu as costas para Deus, rejeitou a Deus, se afastou da vontade de Deus e conscientemente se separou de Deus ao pecar contra Ele.
Se não for pela ação soberana da graça de Deus, homem nenhum pode ser salvo. O apóstolo Paulo inclusive empregou esses versos em sua Carta aos Romanos para ensinar que o homem caído em seus pecados não busca a Deus de forma alguma (Romanos 3:10-18).
Ninguém escapa do Senhor (Salmo 14:4-6)
Como resultado de sua depravação, o homem caído não apenas nega a existência de Deus, mas também se dedica a explorar o seu próximo. Sua imoralidade é externada em seus atos corruptos.
Por isso o salmista designa essas pessoas como “obreiros da iniquidade” (Salmo 14:4). Essas pessoas, diz o salmista, “devoram o meu povo, como quem come pão” (Salmo 14:4). Em outras palavras, em vez de buscar a Deus o homem perverso sente prazer em explorar os necessitados e se opor àqueles que amam ao Senhor.
Mas embora os perversos vivam como se Deus não existisse, eles não poderão escapar de Deus. O Senhor é quem cuida dos justos. Ele haverá de julgar a terra com retidão, e nesse dia restará aos ímpios apenas o pavor (Salmo 14:5).
Davi também observa que apesar de os ímpios frustrarem os planos dos necessitados, Deus é o refúgio daqueles que aos olhos do mundo parecem desamparados. Inclusive, muitas vezes Deus torna o mal contra os justos em bem para eles (cf. Gênesis 50:20).
Mas se os justos se refugiam em Deus, então não como atacá-los sem atacar o próprio Deus. Contudo, no dia do juízo todos os inimigos de Deus e de seu povo não encontrarão lugar onde poderão se esconder. Nem mesmo a morte poderá livrá-los da ira do Cordeiro (Apocalipse 6:12-17).
O grande dia do livramento (Salmo 14:7)
O verso final do Salmo 14 diz: “Tomara de Sião viesse já a salvação de Israel! Quando o Senhor restaurar a sorte do seu povo; então, exultará Jacó, e Israel se alegrará” (Salmo 14:7).
Alguns intérpretes já consideraram esse verso como que fazendo referência à volta do povo judeu do cativeiro na Babilônia. Mas é amplamente aceito que esse verso deve ser interpretado à luz de uma esperança escatológica. Na verdade o salmista faz referência a uma mudança radical de circunstância; uma conversão total de uma realidade desfavorável para uma realidade favorável.
Então isso significa que em suas palavras finais no Salmo 14, Davi aponta para a expectativa da redenção final; para o grande livramento divino e para o seu cumprimento pleno no grande Dia do Senhor.