Estudo Bíblico do Salmo 17
O Salmo 17 é uma oração de Davi pela proteção divina. O estudo bíblico do Salmo 17 mostra que de fato os crentes podem recorrer a Deus em busca de socorro e proteção, pois Ele não desampara àqueles que lhe pertencem. Esse salmo mostra que o Senhor é o refúgio do seu povo.
Como o seu título deixa muito claro, o Salmo 17 é um salmo escrito pelo rei Davi. O mesmo título também classifica de forma específica esse salmo como uma “oração”. Além do Salmo 17, outros quatro salmos são identificados dessa mesma forma (Salmos 86; 90; 102; 142).
Embora saibamos que Davi foi quem escreveu esse salmo, não podemos determinar em que ocasião de sua vida isso ocorreu. Ao que parece, ele estava atravessando circunstâncias adversas, e por isso estava clamando pela proteção e pelo livramento do Senhor. Alguns comentaristas sugerem que talvez isso tenha ocorrido durante o período em que ele precisou fugir do rei Saul; ou talvez durante os dias de rebelião de Absalão.
O esboço do Salmo 17 pode ser organizado em 3 partes principais:
- Examina-me Senhor (Salmo 17:1-5).
- Guarda-me Senhor (Salmo 17:6-12).
- Livra-me Senhor (Salmo 17:13-15).
Examina-me Senhor (Salmo 17:1-5)
Davi começa sua oração no Salmo 17 pedindo que o Senhor ouça o seu clamor e o examine (Salmo 17:1-5). Primeiro, ele suplica que os ouvidos de Deus estejam inclinados à sua oração, pois suas palavras não procedem de lábios fraudulentos (Salmo 17:1).
A cena retratada por Davi no início do Salmo 17 é a de um tribunal. Nesse salmo Davi basicamente se aproxima em oração do tribunal divino e recorre Àquele que é o Juiz de toda terra, e que julga todas as coisas com retidão (Salmo 17:2). Em outras palavras, no Salmo 17 Davi leva sua causa a Deus, o único que realmente é capaz de justifica-lo.
Em seguida, Davi aprofunda a ideia de ser examinado pelo Senhor, pois isso pode fundamentar sua causa; pode mostrar sua inocência. Nesse sentido o salmista diz: “Sondas-me o coração, de noite me visitas, provas-me no fogo e iniquidade nenhuma encontras em mim; a minha boca não transgride” (Salmo 17:3). Nesse verso Davi não está alegando ser perfeito e sem pecados, mas está alegando ser inocente nas acusações específicas que foram levantadas por ele.
No verso seguinte Davi continua afirmando sua integridade, não por seu próprio padrão de justiça, mas pela obediência à vontade de Deus revelada em sua Lei (Salmo 17:4). Por isso Davi afirma não andar nos “caminhos dos violentos”, mas, sim, nas veredas do Senhor, onde seus pés não resvalam (Salmo 17:5).
Guarda-me Senhor (Salmo 17:6-12)
Na sequência do Salmo 17 Davi mostra sua dedicação em invocar o Senhor, e explica que sua invocação não é inútil, pois Deus é quem o responde. Por isso ele pode pedir com confiança que o Senhor mais uma vez ouça sua oração (Salmo 17:6).
No verso 7 o salmista diz algo muito interessante: “Mostra as maravilhas da tua bondade, ó Salvador dos que à tua destra buscam refúgio dos que se levantam contra eles” (Salmo 17:7). Nesse ponto fica mais do que claro que a integridade de Davi era dependente da própria graça de Deus. Inclusive, a palavra “bondade” traduz um termo hebraico que implica na ideia de fidelidade. Com isso o salmista aponta para o amor de Deus derramado sobre aqueles que têm aliança com Ele.
Então ancorado na fidelidade do amor de Deus revelado em sua aliança, Davi entende que a presença protetora de Deus é real para com o seu povo. Por isso ele diz: “Guarda-me como a menina dos olhos, esconde-me à sombra das tuas asas, dos perversos que me oprimem, inimigos que me assediam de morte” (Salmo 17:8,9).
Aqui Davi emprega as figuras dos olhos e das asas. A expressão “menina dos olhos” refere-se à pupila dos olhos, pois a expressão hebraica fala do “pequeno homem dos olhos”, fazendo referência ao reflexo que vemos de nós vemos quando olhamos a pupila dos olhos de alguém. Então o que o salmista está afirmando é que da mesma forma que uma pessoa protege os seus olhos – uma das partes de seu corpo com maior sensibilidade –, assim também o Senhor protege o seu povo. Do mesmo modo, Davi também pede para que Deus o esconda “à sombra das tuas asas”; isto é, ele pede para estar refugiado na presença de Deus.
Davi também explica que ele quer ser protegido de pessoas perversas que querem ver sua morte. Essas pessoas iníquas, segundo o salmista, são pessoas insensíveis cujo coração é cerrado, ou seja, calejado pela desobediência de uma vida egoísta e profana (Salmo 17:9-11). Consequentemente, são pessoas astutas e cruéis como o leão (Salmo 17:12).
Livra-me Senhor (Salmo 17:13-15)
Na parte final do Salmo 17 Davi pede pela intervenção direta do Senhor contra os seus adversários. O pedido de Davi não é por vingança, mas é por justiça. Davi não pede que o Senhor se levante contra essas pessoas porque elas são pessoalmente suas inimigas, mas, principalmente, porque elas são inimigas de Deus.
Isso fica claro no modo como ele diz que essas pessoas são ímpias e mundanas, ou seja, são pessoas que não reconhecem a graça comum do Senhor e buscam satisfação nas recompensas passageiras desta vida. São pessoas que se preocupam apenas com seu próprio prazer, e não com a glória de Deus (Salmo 17:13,14).
Mas o salmista contrasta essa realidade com a perspectiva do crente da verdadeira satisfação. Por isso ele escreve: “Eu, porém, na justiça contemplarei a tua face; quando acordar, eu me satisfarei com a tua semelhança” (Salmo 17:15).
A satisfação do povo de Deus não consiste nos tesouros desta terra, mas está ancorada nas promessas do Senhor a respeito do futuro maravilhoso que aguarda àqueles que são seus, quando eles receberão um corpo glorioso e poderão contemplar para sempre a face de Deus.