O Salmo 21 é uma composição poética tradicionalmente atribuída ao rei Davi, que celebra a vitória e o poder divino. O estudo bíblico do Salmo 21 frequentemente classifica este salmo como um cântico de louvor e ação de graças a Deus por suas bênçãos e proteção.
Um fato interessante é que o Salmo 21 parece ser uma continuação natural do Salmo 20. Enquanto o Salmo 20 é uma petição por vitória, o Salmo 21 é uma resposta jubilosa às orações atendidas, uma celebração de agradecimento e louvor.
O esboço do Salmo 21 pode ser dividido em três partes principais:
- Agradecimento e louvor a Deus (Salmo 21:1,2).
- Reconhecimento das bênçãos divinas (Salmo 21:3-6).
- A soberania e justiça de Deus (Salmo 21:7-13).
Agradecimento e louvor a Deus (Salmo 21:1,2)
O Salmo 21 começa com uma expressão de alegria e gratidão ao Senhor. O rei, aqui presumivelmente Davi, louva a Deus por ter atendido às suas orações e concedido os desejos do seu coração. Neste ponto, o salmista emprega uma linguagem semelhante àquela usada no Salmo 20 durante a petição para que Deus realizasse todos os desígnios do coração do rei. Então, o Salmo 21 mostra que Deus não rejeitou a oração do rei, e atendeu sua petição concedendo-lhe a salvação desejada (Salmo 21:1,2).
O termo “salvação” aqui é sinônimo de “livramento, vitória”. Este início estabelece o tom para todo o salmo, que é um de agradecimento e reconhecimento do poder de Deus. Nesse sentido, este salmo nos mostra que as orações respondidas devem ser reconhecidas com fervente louvor ao Senhor.
Reconhecimento das bênçãos divinas (Salmo 21:3-6)
Nesta seção, o salmista detalha as bênçãos que Deus concedeu. Ele fala sobre a vida, a honra e a majestade que Deus deu ao rei. Além disso, o salmista reconhece que a verdadeira alegria e felicidade vêm de Deus.
O salmista explica que Deus supriu o rei das bênçãos de bondade, e pois em sua cabeça uma coroa de ouro puro (Salmo 21:3). O termo “supres” no versículo 3 significa literalmente “vens ao seu encontro”, e transmite a ideia de que Deus providenciou tudo de antemão e supriu o rei vitorioso na batalha.
A “coroa de ouro puro” provavelmente comunica a ideia de que finalmente o rei estava assentado em seu trono, e talvez deva ser entendida como representando “glória e honra”. Seja como for, a ênfase do salmista não está no ouro da coroa, mas no Doador da coroa, ou seja, no fato de que foi Deus quem havia colocado a coroa na cabeça do rei.
Em seguida, o salmista diz que o rei havia pedido vida ao Senhor, e o seu pedido foi atendido com “longevidade para todo sempre” (Salmo 21:4). Este verso relembra o pedido do Salmo 20 quando o rei rogou ao Senhor que sua vida fosse poupada na guerra (Salmo 20:5).
Mais uma vez, então, fica claro que Deus concedeu ao rei um grande livramento. Pela presença divina, o rei foi revestido de majestade, bênçãos e alegria duradouras (Salmo 21:5,6). Isto nos lembra que todas as boas coisas vêm de Deus e que Ele é a fonte de nossa alegria e satisfação.
A longevidade e a bênção eternas mencionadas são expressões que remetem à aliança de Deus com Davi, que se cumpre definitivamente em Cristo. Isso significa que, embora Davi fosse um rei terreno, seu nome perduraria para sempre através da dinastia que Deus lhe prometeu. E, de fato, o cumprimento final dessa promessa ocorre na pessoa de Cristo, o maior representante da dinastia de Davi, e cujo governo jamais terá fim.
A soberania e justiça de Deus (Salmo 21:7-13)
A última parte do Salmo 21 foca na soberania de Deus e em Sua justiça. O rei confia em Deus e, por meio dessa confiança, ele será inabalável (Salmo 21:7). Neste ponto, o salmista deixa claro que sua ênfase está na força do Senhor, ou seja, a vitória do rei não tem origem em proezas humanas, mas nos atos redentores de Deus.
O salmista diz que nenhum dos inimigos do rei é inescapável da mão do Senhor (Salmo 21:8). A figura da “mão de Deus” empregada pelo salmista é mais do que um símbolo de poder. Na verdade, a mão de Deus opera ativamente em favor de seu povo e derrota seus inimigos. Nesta seção, o salmo também traz uma nota de julgamento contra os inimigos de Deus, afirmando que eles serão consumidos pelo fogo divino. Isto serve como um lembrete solene da justiça de Deus e do destino daqueles que se opõem a Ele. Inclusive, há um contraste neste ponto, pois enquanto o rei recebeu a promessa de longevidade para todo o sempre, os ímpios recebem a sentença de juízo de que sua posteridade será destruída (Salmo 21:9-12).
Por fim, o Salmo 21 termina com um compromisso de louvor e exaltação do poder de Deus (Salmo 21:13). Na verdade, o verso final, assim como todo o salmo, é uma declaração de fé, agradecimento e reconhecimento do poder e da bondade de Deus. Este salmo nos lembra que nossa força, alegria e vitória vêm de Deus. Além disso, o salmo destaca a justiça divina, lembrando-nos de que Deus é tanto um Deus de amor quanto de justiça. Contudo, o Salmo 21 não apenas celebra as vitórias temporais, mas também aponta para a vitória eterna em Cristo, o Rei Messias.