Estudo Bíblico do Salmo 20

O Salmo 20 é uma oração coletiva que serve como um prelúdio para uma batalha. O estudo bíblico do Salmo 20 mostra como o povo de Deus recorre ao Senhor e confia nele diante das adversidades. Atribuído ao rei Davi, este Salmo é uma invocação à confiança em Deus e um lembrete de que a verdadeira vitória vem d’Ele.

A maioria dos estudiosos entende que o Salmo 20 está conectado ao Salmo 21. Enquanto o primeiro registra a oração do povo ao Senhor em favor do rei na batalha, o segundo traz um louvor a Deus pós-vitória pela oração respondida. Um esboço do Salmo 20 pode ser organizado em três partes principais:

  • Confiando em Deus na batalha: uma oração pela vitória do rei (Salmo 20:1-5).
  • Reconhecendo a soberania de Deus: um encorajamento pela fé no Senhor (Salmo 20:6-8).
  • Clamando pela vitória divina: uma petição final ao Senhor por salvação e vitória (Salmo 20:9).

Confiando em Deus na batalha (Salmo 20:1-5)

Nesta primeira seção, o Salmo 20 mostra o povo de Deus orando fervorosamente por seu rei. A preocupação especial da comunidade da aliança com seu líder deve ser entendida no contexto de que o rei era o ungido de Deus diante do povo. Inclusive, frequentemente o rei era visto como a “vida e o fôlego de Israel como nação” (cf. Lamentações 4:20). Além disso, a dinastia de Davi havia sido escolhida por Deus para ser a linhagem, através da qual, o Messias haveria de vir ao mundo.

O Salmo começa com um pedido para que Deus responda o rei em tempos de angústia e envie ajuda desde o santuário (Salmo 20:1,2). O “tempo de angústia” referido neste salmo era o dia de uma batalha iminente. Então, o povo ora a Deus buscando proteção divina. É interessante notar que nesta parte o salmista emprega a expressão “Deus de Jacó” que aponta para o compromisso de Deus com a família da aliança, e que muitas vezes relembra o princípio de que Deus é o defensor dos fracos e necessitados.

O versículo 2 deste salmo faz referência ao santuário como um lugar de “santidade”. O santuário estava em Sião, o lugar onde a Arca de Deus estava localizada. Naquele contexto, Jerusalém, a fortaleza de Sião, era vista como um tipo de capital do Reino de Deus na terra. Este verso destaca a importância da manifestação da presença de Deus no meio de seu povo, e de como Ele é a fonte de todo socorro.

No verso 3 do Salmo 20, encontramos uma referência aos sacrifícios e ofertas a Deus, que são vistos como um ato de consagração ao Senhor. No contexto do Antigo Testamento, esses rituais não eram meras formalidades, mas sim um meio de buscar a vontade de Deus, render-lhe graças e ter comunhão com Ele.

Em seguida, o Salmo 20 traz uma oração para que Deus conceda ao rei os desejos de seu coração e faça prosperar seus planos. Mas é importante entender que esta não é uma petição para que Deus conceda qualquer coisa que o coração humano deseje. Este verso deve ser entendido em conexão direta com os versos anteriores que mostram um rei comprometido com a Palavra de Deus e com o culto divino.

Dessa forma, podemos dizer que os desejos do coração citados neste salmo são os desejos do coração de alguém completamente devotado ao Senhor que reconhece a importância da presença divina; alguém que tem como sua maior preocupação estar em plena comunhão com o Senhor. Considerando tudo isso, este versículo mostra também que a estratégia humana é limitada e que a verdadeira vitória só pode vir de Deus.

Finalmente, o versículo 5 serve como um grito de guerra e um sinal de vitória, onde o povo declara que erguerá estandartes em nome de Deus. Este ato simboliza a confiança do povo em Deus para a vitória. Em outras palavras, este verso mostra como o povo de Deus tem a certeza da vitória antes mesmo de a batalha começar.

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Reconhecendo a soberania de Deus (Salmo 20:6-8)

A identidade de quem fala nesta parte do Salmo 20 é discutida entre os estudiosos. Alguns acreditam que se trata do próprio rei, enquanto outros acreditam que se trata de uma fala unificada da congregação de Israel. Seja como for, o que se tem nesta seção é uma expressão da confiança inabalável na vitória que vem de Deus.

Na sequência, o versículo 6 traz uma confissão de fé no Senhor, afirmando que Deus, do seu santo céu, haveria de responder favoravelmente àquela oração com o poder salvador da sua mão direita. Este verso deixa claro que a vitória é assegurada não por méritos humanos, mas pela graça e poder de Deus.

O versículo 7 é o mais lembrado entre os versos do Salmo 20. Nele, o salmista escreve: “Uns confiam em carros, outros, em cavalos; nós, porém, confiamos no nome do Senhor, nosso Deus” (Salmo 20:7). Com essas palavras, a oração do Salmo 20 contrasta a confiança em recursos militares, como carros e cavalos, com a confiança no nome do Senhor. O povo de Deus reconhece que os recursos humanos, por mais que pareçam formidavelmente poderosos, são inúteis sem a bênção de Deus.

Este versículo também faz eco ao Êxodo dos filhos de Israel do Egito, onde Deus demonstrou seu poder ao derrotar os exércitos egípcios, que eram bem equipados com carros e cavalos (Êxodo 14). Enquanto os ímpios se vangloriam em seus recursos terrenos, o povo de Deus sabe que sua glória está no nome santo de Deus.

Também, neste verso, pela terceira vez a oração do Salmo 20 faz menção ao nome de Deus. O povo que clamava ao Senhor por auxílio não tinha dúvidas de que Deus estava entronizado em seu meio, e que aquela batalha não era motivada simplesmente por meros propósitos terrenos, mas principalmente pela defesa da glória do nome divino. Depois, o versículo 8 reitera a ideia de que enquanto os inimigos podem cair e falhar, o povo de Deus permanecerá de pé, pois sua confiança está no Senhor. Aqui cabe a argumentação do apóstolo Paulo: “Se Deus é por nós, quem será contra nós?” (Romanos 8:31).

Clamando pela vitória divina (Salmo 20:9)

O Salmo 20 se encerra com um clamor coletivo por salvação e vitória (Salmo 20:9). Os eruditos têm interpretado este versículo de duas maneiras. Alguns acreditam que o rei mencionado neste versículo é uma referência ao rei Davi. Já outros defendem que o rei neste versículo é uma referência ao próprio Deus, como o grande Rei que esculta e responde o clamor do seu povo na terra.

De qualquer forma, neste versículo a oração do Salmo 20 é encerrada de modo a reconhecer que a vitória final sempre pertence a Deus. Isso quer dizer que em sua conclusão, o Salmo 20 uma vez mais relembra a soberania de Deus, o Rei cujo governo jamais terá fim, e que, de acordo com a sua providência, intervêm no momento certo em favor do seu povo. Além disso, em última análise este salmo aponta para a pessoa de Cristo o verdadeiro “Rei dos reis” a quem Davi apenas prefigurava, e que trará a vitória final sobre todas as forças do mal.

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