O Que Significa Shekinah?

O significado de shekinah transmite a ideia de “habitação”. Esse é um termo hebraico geralmente aplicado para falar da manifestação da presença de Deus habitando entre o Seu povo, sobretudo de uma forma visível.

Curiosamente a palavra shekinah não aparece na Bíblia. Frequentemente os textos bíblicos registram episódios em que a presença gloriosa do Senhor se manifestou de forma visível aos israelitas. Mas em nenhum desses textos a palavra shekinah é usada. Nas Escrituras, a palavra mais comum para se referir à glória de Deus é o hebraico kavod. A Septuaginta normalmente traduz esse termo pelo grego doxa.

A origem da palavra shekinah

A origem da palavra shekinah é muito debatida. Inclusive, há muita controvérsia sobre isso normalmente fundamentada em especulações que jamais foram provadas. Tudo indica que essa palavra passou a ser utilizada pelos judeus apenas num período posterior ao tempo em que o texto hebraico do Antigo Testamento foi escrito.

A palavra shekinah é citada muitas vezes na literatura rabínica. Parece que a origem do uso dessa palavra se deu com os escritores dos Targuns que começaram a utilizá-la de modo a indicar a glória de Deus manifestada aos homens. Aqui vale saber que a palavra shekinah vem da raiz shkn, que em sua forma verbal significa “habitar”, “residir”.

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É errado usar a palavra shekinah?

Por não ser uma palavra bíblica, muita gente fica em duvida se é correto usar a palavra shekinah. Sobre isso, alguns pontos precisam ser considerados.

Em primeiro lugar, de fato há muita especulação envolvendo a palavra shekinah. Isso acontece, principalmente, porque escritos de ramos místicos do Judaísmo, como a Cabala, empregam com freqüência essa palavra.

Então no meio de uma série de conceitos esotéricos judaicos surgiram algumas ideias acerca do significado de shekinah. Uns dizem que shekinah refere-se a um aspecto feminino da presença de Deus. Outros defendem que Shekinah seria o nome de uma antiga deusa pagã. Há ainda alguns que tentam relacionar a palavra shekinah com figuras malignas que aparecem em antigas lendas judaicas.

Mas a verdade é que embora os judeus esotéricos tenham usado essa palavra de forma estranha às Escrituras, isso não significa que a palavra shekinah sempre foi usada assim no Judaísmo. Literaturas rabínicas anteriores aos escritos cabalísticos mostram que a princípio essa palavra foi usada por exegetas judeus com a intenção de se referir simplesmente à presença gloriosa de Deus, sem lançar mão do uso de expressões antropomórficas ou antropopáticas.

Para tanto, eles recorreram à raiz do verbo shakhan, que significa “habitar”. Esse verbo aparece em diversas passagens bíblicas que falam sobre a manifestação visível da presença de Deus habitando no meio do seu povo; sobretudo na nuvem de glória no Santuário (cf. Êxodo 40:35). Algumas vezes esses exegetas judeus usaram a palavra shekinah ao falar da presença divina como que “abraçando” o povo escolhido. Talvez daí tenha surgido a ideia de um cuidado “materno”, fazendo alusão a uma mãe que cuida de seus filhos.

Em segundo lugar, o fato de uma palavra especifica não ser usada no texto original das Escrituras não significa que ela deva ser totalmente rejeitada. A palavra Trindade também não está na Bíblia; mas ela se refere a um conceito claramente bíblico.

Se for usada apenas como uma referência pura sobre a presença gloriosa de Deus habitando com seus filhos, então nesse sentido a palavra shekinah expressa uma verdade bíblica. Por isso muitos teólogos reformados nunca tiveram qualquer problema em usar a palavra shekinah em suas obras.

Em terceiro lugar, também há alguns estudantes de hebraico que questionam a própria etimologia e construção da palavra shekinah. Geralmente eles alegam que gramaticalmente é um erro o uso do termo shekinah. Mas aqui é importante se lembrar que essa palavra foi cunhada por eruditos judeus. Então não faz muito sentido alguém que nem mesmo é nativo da língua hebraica pensar ser mais qualificado do que os próprios linguistas judeus.

Em quarto lugar, precisamos admitir que muita gente enxerga as palavras de origem hebraica de uma forma completamente equivocada. Essas pessoas usam as palavras hebraicas como um tipo de mantra; como se essas palavras estivessem envolvidas em uma atmosfera mística e fossem mais impactantes, espirituais, significativas e poderosas do que as palavras de outros idiomas.

Usar a palavra shekinah dessa maneira e com essa intenção está errado! O mesmo serve para outras palavras, como: shalom, kavod, qadosh, Yeshua etc. Se temos em nosso idioma nativo expressões com significados equivalentes a esses termos hebraicos, então não faz sentido usá-los.

Em quinto lugar, se a palavra shekinah fala da manifestação visível da presença gloriosa de Deus habitando com seu povo, então seu verdadeiro cumprimento final se dá em Cristo. O apóstolo Paulo diz que Cristo é a imagem do Deus invisível; e que nele “habita corporalmente toda a plenitude da divindade” (Colossenses 1:15; 2:9).

O apóstolo João escreve que Jesus é o Verbo que se fez carne e habitou entre nós, e vimos a sua glória (João 1:14). Hoje, em Cristo, a Igreja é o templo onde a presença de Deus habita através do Espírito Santo (1 Coríntios 3:16).

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