A Vigilância Conserva Pura a Igreja

A Bíblia destaca que a vigilância conserva pura a Igreja enquanto espera pela volta do Senhor Jesus. Vigiar é estar alerta, atento e despertado. É estar constantemente prestando atenção em algo para não ser surpreendido.

São muitas as advertências do Senhor Jesus no sentido de dizer que a vigilância conserva pura a Igreja. Na noite em que foi traído, Jesus deu a importante recomendação: “Vigiai e orai para que não entreis em tentação” (Mateus 26:41).

Mas foi principalmente através de suas parábolas que Jesus claramente enfatizou que seus seguidores devem estar sempre vigilantes e preparados para o dia de seu retorno. Nesse sentido ele contou a Parábola dos Servos Vigilantes que não sabem a que horas o seu patrão retornará das bodas; mas em vigilância eles se mantêm prontos para recebê-lo mesmo tarde da noite (Lucas 12:35-40).

Jesus também contou a Parábola do Ladrão de Noite com o objetivo de ensinar que assim como o pai de família não sabe quando o ladrão virá, assim também ninguém sabe o dia e a hora de seu retorno (Mateus 24:42-44). Então é preciso vigilância constante para não ser surpreendido pelo retorno de Cristo como um ladrão.

Outra parábola que também enfatiza que a vigilância conserva pura a Igreja é a Parábola das Dez Virgens. Na parábola, cinco virgens prudentes mantiveram suas lâmpadas abastecidas até a chegada do noivo; enquanto cinco virgens insensatas tentaram sair para comprar óleo para suas lâmpadas à meia-noite quando o noivo estava chegando.

Mas aqui pode surgir uma pergunta: Por quanto tempo os cristãos devem estar vigilantes? Para responder esta pergunta a Parábola das Dez Virgens é particularmente importante. Isso porque o noivo chegou “à meia-noite”. Mas para entendermos o que essa informação tem a ver com a vigilância, precisamos considerar o que esse horário, meia-noite, representa na Bíblia.

O horário da meia-noite na Bíblia

A expressão “meia-noite” muitas vezes mexe com o imaginário das pessoas. Mas a Bíblia não atribui qualquer significado místico ao horário da meia-noite ­– embora seja verdade que eventos bíblicos importantes ocorreram por volta da meia-noite.

Na Bíblia, a expressão “meia-noite” geralmente traduz o hebraico hasi hallayela no Antigo Testamento. Esse vocábulo hebraico significa literalmente “a metade da noite”. No Novo Testamento, o termo grego mesonuktion é o mais utilizado para se referir à vigília da meia-noite.

Mas os povos antigos não tinham uma contagem de horas tão apurada como temos atualmente. Para eles, a meia-noite era muito mais uma marcação de um período que indicava a metade da noite do que uma hora exata. Inclusive, é interessante saber que na antiguidade as pessoas dividiam a noite em turnos, ou seja, em vigílias. Os judeus, por exemplo, dividiam a noite em três vigílias: a vigília do princípio da noite; a vigília da meia-noite; e a vigília do amanhecer.

Acontecimentos bíblicos perto da meia-noite

Obviamente os escritores bíblicos fizeram várias referências à vigília da meia-noite nos textos da Escritura. Isso significa que muita coisa na história bíblica aconteceu perto da meia-noite. Por exemplo: começando pelo Antigo Testamento, o livro de Êxodo diz que o Senhor feriu todos os primogênitos do Egito por volta da meia-noite (Êxodo 11:4).

O escritor de Juízes registra que Gideão atacou os midianitas perto da meia-noite, num momento em que as defesas dos adversários estavam mais vulneráveis com a troca de sentinelas (Juízes 7:19).

O mesmo escritor também escreve que mais tarde, o forte Sansão se levantou à meia noite e arrancou os portões da cidade Gaza. Esse era o pior tipo de humilhação que uma cidade poderia receber, pois naquele tempo os portões simbolizavam o poder e a soberania de uma cidade (Juízes 16:1-3).

O salmista no Salmo 119 diz que ele se levantava à meia-noite para louvar a Deus por dos seus retos juízos. Com isso ele enfatiza que o homem deve louvar a Deus de todo o seu coração e a todo tempo (Salmo 119:62).

No famoso caso em que o rei Salomão teve de julgar a causa de duas mães que disputavam a mesma criança, uma das mulheres alegou que à meia-noite a outra mulher havia trocado sua criança viva por uma criança morta (1 Reis 3:20).

No Novo Testamento as referências à meia-noite continuam. Além das já citadas nas parábolas de Jesus, o livro de Atos dos Apóstolos diz que perto da meia-noite um terremoto abalou a prisão de Filipos enquanto Paulo e Silas cantavam (Atos 16:25,26). O mesmo apóstolo Paulo também estendeu sua pregação em Trôade até à meia noite (Atos 20:7).

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O significado da vigília da meia-noite

No geral, as passagens bíblicas que fazem referência à vigília da meia-noite indicam que esse é um período de “horas avançadas”, e que implica até em certa vulnerabilidade, pois as pessoas já estão cansadas ou adormecidas, e qualquer evento nesse período em certo sentido é inesperado.

Atualmente estamos muito acostumados com quase tudo funcionando 24 horas por dia. As grandes metrópoles são conhecidas como as cidades que nunca dormem. Mas nos tempos antigos isso era diferente. Por volta da meia-noite não era um momento apropriado para recorrer a alguém.

Na verdade buscar ajuda de um amigo à meia-noite era uma importunação. Na Parábola do Amigo Importuno, por exemplo, o Senhor Jesus expõe de forma clara essa ideia (Lucas 11:5-8). Mas é interessante que no significado dessa mesma parábola Jesus usou esse princípio da importunação à meia-noite para ensinar sobre o valor da persistência na oração. Os crentes podem recorrer a Deus a qualquer momento, e jamais serão vistos por Ele como importunos.

Por fim, com todo esse significado emprestado, o Senhor Jesus, na Parábola das Dez Virgens, diz que o noivo chegou perto da meia-noite. Daí vem o simbolismo popular entre os cristãos que relaciona o momento da volta do Senhor Jesus com o horário da meia-noite. Isso geralmente é feito com o propósito de enfatizar que embora o momento da volta de Cristo já esteja determinado e certo, ele é também desconhecido para os homens e inesperado para muitos. Cristo voltará quando as pessoas pensarem estar vivendo na mais perfeita paz e segurança, e então lhes sobrevirá repentina destruição (1 Tessalonicenses 5:3).

A vigilância conserva pura a Igreja

Ainda na Parábola das Dez Virgens o Senhor Jesus diz: “Mas à meia-noite ouviu-se um clamor: Aí vem o esposo; saí-lhe ao encontro” (Mateus 25:6). Na parábola, as dez virgens – que eram basicamente damas de honra – se levantaram e preparam suas lâmpadas para que pudessem encontrar o noivo. Mas metade das moças não conseguiu manter suas lâmpadas acessas porque não tinha azeite para usar como combustível.

A chegada do noivo somente à meia-noite mostra que os crentes devem estar vigilantes o tempo todo; eles devem estar preparados para uma longa espera. Essa preparação constante, com a vida sempre consagrada ao Senhor, separa os prudentes dos insensatos. Vigiar e se preparar por pouco tempo é tolice.

As virgens insensatas talvez esperassem que o noivo chegaria mais cedo. Quando ele finalmente chegou, elas estavam despreparadas. As virgens insensatas até tentaram comprar inutilmente azeite para suas lâmpadas. Onde elas poderiam encontrar uma venda aberta à meia-noite? Nesse ponto o que fica claro é que quando o Noivo chegar não haverá mais tempo para nada. Portanto, devemos estar vigilantes e preparados porque não sabemos quando será a “meia-noite” em que Cristo voltará.

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