Unges a Minha Cabeça com Óleo, o Meu Cálice Transborda

A declaração: “unges minha cabeça com óleo, o meu cálice transborda” fala sobre as abundantes bênçãos que o Senhor derramadas sobre seus filhos. Em sua soberana misericórdia, o Senhor abençoa aqueles que são seus com bênçãos imerecidas.

O Senhor é como o pastor provedor que cuida atentamente de suas ovelhas; Ele é também como o anfitrião cuidadoso que prepara para os seus convidados um banquete onde não há escassez. Então ao aplicar essas duas metáforas – o pastor e o anfitrião – o salmista Davi no Salmo 23 também declara: O Senhor é o meu Pastor; nada me faltará […] Preparas uma mesa perante mim na presença dos meus inimigos; unges a minha cabeça com óleo, o meu cálice transborda” (Salmo 23:1-5).

Unges a minha cabeça com óleo

Na Bíblia a unção frequentemente aparece associada à bênção (Salmos 45:7; 92:10; 133:2; Eclesiastes 9:8; Amós 6:6). Inclusive, os reis de Israel eram ungidos de modo a indicar sua habilitação divina para ocupar o posto de co-regente de Deus diante do povo da aliança. Nesse sentido, a unção dos reis da dinastia de Davi prefigurava a coroação de Cristo, o Ungido Deus, o grande Rei da Glória.

Mas aqui não podemos perder de vista o contexto em que Davi aplica a expressão: “unges a minha cabeça com óleo”. Nos versículos precedentes o salmista usou a figura do pastor e as ovelhas para falar do relacionamento do Senhor e seu povo (Salmos 23:1-4).

Alguns comentaristas defendem que essa mesma figura se estende no verso 5 de modo que quando o salmista diz no mesmo verso: “unges a minha cabeça com óleo” talvez ele tivesse em mente o fato de que no fim do dia o pastor cuidadoso examinava cada ovelha que era recolhida ao aprisco. O objetivo desse exame era identificar se alguma ovelha estava doente ou machucada. Então as ovelhas machucadas recebiam unguento em suas feridas. Além disso, o pastor também colocava óleo desde a cabeça até os lombos das ovelhas para repelir insetos que poderiam lhes causar danos.

Por outro lado, há também os estudiosos que defendem que a melhor interpretação parece ser aquela que identifica uma mudança de metáfora nesse verso. Isso quer dizer que o salmista troca a figura do pastor dos versos anteriores pela figura do anfitrião que prepara uma festa. Nesse contexto, a expressão “unges a minha cabeça com óleo” pode muito bem ser explicada pelo costume antigo de os convidados serem ungidos pelo anfitrião nos banquetes (Salmos 104:15; cf. Lucas 7:46).

Então se a primeira interpretação for adotada, a expressão “unges a minha cabeça com óleo” fala do óleo como um remédio que trata das enfermidades do rebanho. Já se a segunda interpretação for a preferida, então essa mesma expressão diz respeito ao óleo que simbolizava a alegria e a comunhão, quando um convidado era gentilmente ungido por seu anfitrião.

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O meu cálice transborda

Depois de dizer: “unges a minha cabeça com óleo”, o salmista completa dizendo: “o meu cálice transborda”. Se o salmista ainda estiver aplicando a metáfora do pastor, então essa expressão faz referência ao cálice de água que as ovelhas tinham à sua disposição no aprisco. Mas se o salmista estiver aplicando a metáfora do anfitrião – o que provavelmente parece ser o caso –, então essa expressão indica a provisão abundante que o anfitrião oferece em seu banquete. A ideia é a de uma mesa onde os suprimentos não são escassos. Muito pelo contrário! A ideia é a de uma mesa onde há fartura, onde o cálice transborda.

As bênçãos do Senhor sobre o seu povo são sem medida. Isso, no entanto, não quer dizer que os crentes necessariamente devem desfrutar de farturas terrenas. Reduzir as bênçãos do Senhor a coisas materiais é um pensamento que não se sustenta à luz da Bíblia. Inclusive, muitas vezes a própria privação é uma bênção do Senhor que protege seus filhos do perigo da soberba.

Além do mais, não podemos deixar de olhar para Cristo quando lemos a frase: “unges a minha cabeça com óleo; o meu cálice transborda”. Se hoje podemos falar que o Senhor unge nossa cabeça com óleo como símbolo das bênçãos que ele derrama sobre nós, isso ocorre pelos méritos do Ungido que foi enviado ao mundo para nos redimir de nossos pecados.

Se hoje podemos dizer que o nosso cálice transborda, também é porque Cristo tomou até a última gota do cálice da ira de Deus em nosso lugar. Através d’Ele Deus nos abençoou com incontáveis bênçãos espirituais nas regiões celestiais. Então que conforto maravilhoso encontramos nessas palavras: “unges a minha cabeça com óleo; o meu cálice transborda”.

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