A Unidade da Raça Humana

A Bíblia afirma a unidade da raça humana à medida que ensina que toda a humanidade descende de um único casal. Essa verdade bíblica é importante porque traz implicações em outras doutrinas fundamentais da Fé Cristã, tais como a doutrina do pecado e a doutrina da salvação.

Mas o conceito da unidade da raça humana não era algo comum entre os povos antigos. Cada cultura pagã geralmente contava de forma mitológica sua própria versão sobre o surgimento da humanidade. Os antigos gregos, por exemplo, defendiam a teoria do autoctonismo que dizia que através de uma espécie de geração espontânea, os humanos brotaram da terra.

Tão fantasiosas e problemáticas quanto essas mitologias antigas, são também algumas teorias defendidas por pessoas que se dizem cristãs, mas que atacam a ideia da unidade da raça humana.

Uma das teorias mais famosas nesse sentido é a hipótese da existência de uma raça pré-adâmica. O teólogo Isaac La Peyrère foi o principal expoente dessa teoria que colocava Adão apenas como o pai do povo israelita, de modo que teria havido duas criações – primeiro a criação dos gentios e depois a criação de Adão.

Esse tipo de pensamento poligênico chegou a ser popular em alguns círculos porque servia para justificar comportamentos absurdos, como por exemplo, o racismo. Valendo-se dessa visão de que não há unidade na raça humana, na Idade Média muita gente entendia que os negros, os chineses, os indígenas, os aborígenes e outros povos, pertenciam a uma raça inferior.

Mesmo na atualidade alguns cristãos ignorantes de boa teologia, abraçam teorias que rejeitam a unidade da raça humana. É verdade que o objetivo dessas pessoas não é defender ideias racistas ou algo do tipo, mas simplesmente conseguir explicar questões simples, como por exemplo, com quem Caim se casou. No entanto, ainda assim não há justificativa para esse tipo de abordagem, pois essas interpretações não apenas contradizem, mas afrontam a doutrina bíblica.

O testemunho bíblico sobre a unidade da raça humana

Os primeiros capítulos do livro de Gênesis não deixam qualquer dúvida acerca da unidade da raça humana. O texto bíblico diz que Deus criou o homem, e do homem formou a mulher. Então Adão e Eva foram os primeiros representantes da espécie humana. Depois, Deus ordenou que o primeiro casal se multiplicasse e povoasse a terra (Gênesis 1-2).

A sequência dos capítulos de Gênesis continua afirmando a unidade da raça humana. Conforme observa Louis Berkhof em sua Teologia Sistemática, as gerações seguintes a Adão e Eva, até o tempo do dilúvio, estiveram em ininterrupta relação genética com o primeiro casal, de modo que a humanidade constitui, não somente uma unidade específica – no sentido de que todos os homens compartem a mesma natureza humana –, mas também uma unidade genética ou genealógica.

Então Adão e Eva tiveram filhos e filhas. Desses, a raça humana cresceu e se desenvolveu como sociedade. Por causa da enorme escalada do pecado, quase toda a humanidade foi destruída pelas águas do dilúvio, com exceção de Noé e sua família. Essa família, que também descendia do único par inicial, foi responsável por repovoar a terra. Dos descendentes dos filhos de Noé a raça humana se estabeleceu em várias civilizações.

O Novo Testamento confirma o ensino do Antigo Testamento quanto a esse assunto. Provavelmente o texto neotestamentário mais claro a respeito da unidade da raça humana é aquele que registra o discurso do apóstolo Paulo em Atenas, em que ele diz: “De um só fez Ele todos os povos, para que povoassem toda a terra, tendo determinado os tempos anteriormente estabelecidos e os lugares exatos em que deveriam habitar” (Atos 17:26).

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A importância da unidade da raça humana

Falamos aqui sobre cristãos que abrem mão da unidade da raça humana na defesa de que Deus criou outros humanos além de Adão e Eva. O problema disso é que as Escrituras contam uma única história, a saber, a história da redenção. Então a menos que haja unidade na raça humana, essa história é quebrada e deixa de fazer sentido.

Como explica Berkhof, a Bíblia ensina a unidade orgânica da raça humana na primeira transgressão; bem como a mesma verdade é básica para a salvação da raça em Cristo (Romanos 5:12; 19; 1 Coríntios 15:21,22). A Escritura diz que todos morrem em Adão, mas revela Cristo como o segundo Adão que obedeceu e venceu onde o primeiro Adão desobedeceu e fracassou, trazendo redenção ao Seu povo. Obviamente essa doutrina só pode ser verdadeira se a doutrina da unidade da raça humana também o for.

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O que a ciência diz sobre a unidade da raça humana?

Como sabemos, a posição oficial da academia cientifica sobre a origem da raça humana não é a mesma daquela ensinada na Palavra de Deus. Mas embora haja uma rejeição ao Criacionismo, é amplamente aceito na academia cientifica que existe unidade na raça humana.

Na paleoantropologia moderna, a teoria da origem única do homo sapiens é a que possui mais força. O modelo propõe que todas as populações descendem substancialmente do mesmo tronco que surgiu na África, e que se espalhou para fora daquela região posteriormente.

Inclusive, acadêmicos anteriores que defenderam o poligenismo – a teoria de que as raças humanas possuem origens diferentes – estão tendo suas contribuições questionadas. Esse é o caso do zoólogo Louis Agassiz. Embora fosse um criacionista, Agassiz propôs a teoria de que houve diferentes centros de criação, e ficou marcado como um dos principais defensores do racismo científico.

Então apesar de a ciência não afirmar oficialmente que a raça humana descende de um único par, há realmente vários argumentos científicos que apontam para a unidade da raça humana. Em primeiro lugar, a história das culturas e tradições humanas indica que a humanidade migrou de um centro comum.

Em segundo lugar, o estudo das línguas humanas também revela que há uma origem comum entre todas elas. Isso significa que embora tenham suas particularidades, em suas raízes todos os idiomas partem de uma língua primitiva comum.

Em terceiro lugar, a ciência da psicologia também mostra que independentemente de sua etnia, os homens possuem os mesmos instintos, desejos, qualidades e características básicas que os tornam humanos. Além disso, em quarto lugar, a fisiologia confirma que a raça humana é una, e que as diferenças que há entre grupos diversos representam simplesmente variedades dessa única raça. Em quinto lugar, o estudo genético recente também aponta nessa mesma direção, ao fornecer provas de que geneticamente as populações humanas modernas descendem de uma única população primitiva.

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