A Ressurreição do Filho da Viúva de Naim
A história da viúva de Naim ficou conhecida na Bíblia porque Jesus ressuscitou seu único filho. O milagre envolvendo a ressurreição do filho da viúva de Naim é um dos mais emblemáticos de todo o ministério terreno de Jesus (Lucas 7:11-16).
Esse milagre aconteceu pouco depois de Jesus ter curado o servo de um centurião (Lucas 7:1:10). É interessante notar a progressão na intensidade dos fatos. O servo do centurião estava à beira da morte, enquanto que o filho da viúva de Naim já havia morrido. No primeiro caso Jesus revelou seu poder sobre uma grave doença, mas no segundo ele revelou seu poder sobre a morte. Neste estudo bíblico conheceremos melhor a história da ressurreição do filho da viúva de Naim.
Quem era a viúva de Naim?
Nada se sabe sobre a identidade daquela mulher. A Bíblia apenas revela que depois de chorar a morte de seu marido, ela agora estava sofrendo com a morte de seu filho. A vida de uma mulher viúva naquele tempo não era nada fácil. Por vezes as Escrituras advertem sobre a importância do amparo às viúvas. Mesmo assim não era raro que uma viúva tivesse suas aflições negligenciadas.
A viúva de Naim tinha um único filho, e esse filho havia morrido. Isso significa que ela tinha ficado completamente desamparada. Por mais que ela tivesse amigos e parentes, o que restava de sua família próxima havia se perdido. A morte de seu único filho significava sua plena desesperança. O filho era sua única fonte de sustento na velhice e proteção, e sua única chance de dar continuidade à linhagem de sua família. A condição daquela viúva era trágica!
A cidade Naim
A Bíblia diz que aquela viúva vivia em Naim. Naim estava mais para uma pequena aldeia do que para uma cidade. Em nenhuma outra parte da Bíblia Sagrada essa cidade é mencionada. Naim ficava localizada próxima à margem sul da Galileia, a certa distância de Samaria.
Acredita-se que a aldeia estivesse a cerca de dez quilômetros a sudeste de Nazaré e a quarenta quilômetros de Cafarnaum. Essa localização coloca Naim entre o Monte Tabor, ao norte, e o Monte Gilboa, a sudeste.
Quando Jesus seguiu para Naim ele não estava sozinho. O grupo de seus discípulos o acompanhava, e Ele ainda era seguido por uma multidão. O texto bíblico coloca Jesus próximo do portão da cidade quando se deparou com o cortejo fúnebre do filho da viúva de Naim. Aquele cortejo saía pelo portão da cidade porque os mortos não podiam ser sepultados dentro de uma cidade judaica.
O cortejo fúnebre do filho da viúva de Naim
A viúva de Naim não chorava a morte de seu filho sozinha. Uma grande multidão da cidade compartilhava de sua dor. Naquela época era costume dos judeus enterrar seus mortos no mesmo dia da morte, ou no máximo no dia seguinte. Como foi dito, não era permitido enterrar um morto dentro dos limites da cidade. Por isto um cortejo fúnebre partiu da casa da viúva em Naim em direção ao cemitério além dos portões da cidadezinha.
Normalmente a mãe caminhava na frente do cortejo, enquanto homens jovens carregavam o esquife com o corpo do morto. Logo atrás vinha uma multidão que incluía pranteadores e flautistas. Até mesmo carpideiras profissionais eram contratadas para prantear. Além disso, se um grupo de pessoas cruzasse com um funeral no caminho, por respeito essas pessoas deveriam acompanhar o cortejo até o lugar do sepultamento.
Jesus ressuscita o filho da viúva de Naim
Foi justamente quando o cortejo fúnebre estava saindo da cidade que Jesus se aproximou de Naim. Mas em vez de se posicionar entre as pessoas do cortejo para honrar o costume de acompanhar o sepultamento do morto, Jesus se dirigiu diretamente à viúva de Naim.
A Bíblia diz que o coração de Jesus se condoeu por aquela mulher. Isso significa que ele ficou profundamente comovido pela situação que a viúva estava enfrentando. Ele entendia sua dor e teve compaixão dela.
Então Jesus disse à viúva: “Não chores mais!” (Lucas 7:15). Aos olhos humanos essas palavras não faziam qualquer sentido. Era inconcebível que uma mãe viúva que acabara de perder seu único filho parasse de chorar. A única forma de isto acontecer é se a razão de suas lagrimas fosse eliminada. Nesse caso, a razão era a morte, então a morte teria que ser revertida em vida. Mas quem seria capaz disso?
É possível que todas aquelas pessoas tenham olhado para Jesus Cristo com a uma só pergunta: Quem é este que ousou interromper um funeral e ainda foi capaz dizer palavras tão absurdas? A resposta não demoraria nada a vir!
Tão logo Jesus tocou na maca onde o cadáver estava e disse ao filho da viúva de Naim: “Jovem, eu lhe digo: Levanta-te!” (Lucas 7:14). Imediatamente o filho da viúva se assentou e começou a falar, e foi recebido por sua mãe.
A reação das pessoas diante do milagre em Naim
A ressurreição do filho da viúva de Naim causou grande temor em todos que estavam ali. Antes disso as pessoas já tinham visto Jesus realizar milagres, como por exemplo, curar doentes e deficientes. Mas esse milagre foi o primeiro envolvendo a ressurreição de uma pessoa no ministério de Jesus. Só depois a filha de Jairo e Lázaro também foram ressuscitados.
Então as pessoas começaram a glorificar a Deus e a dizer que um grande Profeta havia sido enviado entre elas. Essas pessoas acertaram em glorificar a Deus diante de um milagre tão extraordinário, pois somente Ele é quem pode levantar alguém dos mortos. Também acertaram em identificar que Jesus havia sido enviado como o grande Profeta de Deus ao seu povo (cf. Deuteronômio 18:15; Lucas 24:12; Atos 3:22,23; 7:37).
Mas por outro lado, a maioria daquelas pessoas errou em reconhecer seu verdadeiro caráter (Mateus 16:13; Marcos 8:28; Lucas 9:18,19; 19:28-44). Ele era muito mais do que um grande profeta de Deus. Entre aquele povo estava o próprio Filho de Deus, o Verbo que se fez carne, o Emanuel. Aquelas pessoas não conseguiram enxergar que diante de seus olhos o único Filho de Deus havia ressuscitado o único filho da viúva de Naim.
Mesmo sem as pessoas prestarem a Jesus toda a honra que Ele merecia, a notícia do milagre da ressurreição do filho da viúva de Naim se espalhou por toda parte. É incrível saber que mesmo num tempo em que não havia qualquer recurso de comunicação essa notícia foi tão longe. Ela foi tão longe a ponto de ainda hoje estar circulando pelo mundo. Depois de mais de dois mil anos nós nos maravilhamos diante da notícia de que nosso Senhor demonstrou tamanho poder e compaixão e ressuscitou o filho da viúva de Naim.
O que aprendemos com a história da viúva de Naim?
O milagre da ressurreição do filho da viúva de Naim foi realmente muito significativo. Além de ter sido o primeiro milagre dessa natureza durante o ministério de Jesus, ele nos convida a admirar a extraordinária majestade de nosso Senhor e a forma com que Ele trabalha.
A história do filho da viúva de Naim nos ensina que nada não foge do controle do nosso Deus. Por mais que não entendamos algumas situações e circunstâncias, Deus tem um propósito para todas as coisas. Jesus estava entrando em Naim justamente no momento em que o cortejo fúnebre do filho da viúva estava saindo. Isto não foi mera coincidência! Tudo ocorre de acordo com o plano eterno, soberano e imutável de Deus.
Aquela situação, inicialmente desesperadora, serviu como a primeira grande amostra no ministério de Jesus de que Ele é o Senhor da vida e da morte (cf. Apocalipse 1:18). A Bíblia Sagrada fala sobre outras ressurreições anteriores a ressurreição do filho da viúva de Naim. Essas ressurreições ocorreram durante os ministérios dos profetas Elias e Eliseu (cf. 1 Reis 17:20-22; 2 Reis 4:32-35).
Mas a ressurreição do filho da viúva em certo aspecto foi muito diferente das ressurreições anteriores. Embora também tenha sido o poder de Deus quem ressuscitou aquelas pessoas no Antigo Testamento, os profetas do Senhor se viram envolvidos num processo longo, tenso e desgastante.
Mas na história do filho da viúva de Naim foi diferente. Jesus simplesmente deu uma única ordem e o jovem ressuscitou. Isso significa que Jesus não é apenas o maior de todos os profetas, mas é o próprio Filho de Deus. Sim, Jesus é Deus! Ele é o único Rei que triunfa sobre a morte! Mas mesmo com toda sua grandeza e majestade, Ele se compadece de nós.